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Projeto Impacto: Unicamp trabalhando para salvar vidas no trânsito

Há alguns anos, foi formada uma comissão na Unicamp, constituída por engenheiros mecânicos, fabricantes de veículos, empresas de carretas e carrocerias, além de um perito profissional. Seu objetivo é elaborar uma lei que exija segurança passiva na traseira dos caminhões. Em outras palavras, o grupo deseja fazer valer uma lei que obrigue a indústria a projetar pára-choques de caminhões resistentes à força de uma colisão, evitando que os passageiros de um carro sejam atingidos pela carroceria do caminhão. Mais do que isso, a comissão se empenha em salvar as mais de 15 mil vidas, desperdiçadas anualmente, devido à falta de segurança dos pára-choques de caminhões.

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Um automóvel, ao colidir contra a traseira de um caminhão ou de um ônibus que não possui um pára-choques confiável, tem grande possibilidade de penetrar sob a carroceria ou o chassis do veículo maior. Em batidas como essas, os ocupantes do carro são, normalmente, atingidos na altura da cabeça ou do peito, podendo ser decapitados. Isto é o que os estudiosos chamam de “Efeito Guilhotina”.

O TRAIÇOEIRO “EFEITO DE CUNHA”

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As forças geradas em uma colisão são muito maiores do que o próprio peso dos carros, e até menores do que o peso da parte traseira de um caminhão, e com certeza de um ônibus. Uma carreta sem carga terá seu peso traseiro bastante reduzido, o que significa um perigo adicional, ao contrário do que se poderia pensar vendo a tabela de forças.

Uma CUNHA é uma ferramenta que ajuda a mudar a direção de forças para auxiliar em algum trabalho, como por exemplo rachar um tronco de madeira ao meio. Aplica-se a força em uma direção, a cunha a transforma e a dirige para outra direção, normalmente perpendicular à força empregada.

Em uma colisão contra a traseira de um caminhão aparece inevitavelmente o efeito cunha, devido à forma tomada pela dianteira do carro após o inicio da deformação.

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Com o início da deformação do carro já começa a se formar uma superfície inclinada, a qual ajuda a transformar todo o carro em uma cunha, só que com pessoas dentro, que se introduzirá sob o caminhão. Não há nada mais óbvio do que isto.

FATORES QUE PROMOVEM O “EFEITO DE CUNHA”

Quando o pára-choque do caminhão não é forte o suficiente para realmente parar o carro.

Quando o pára-choque do caminhão estiver acima do pára-choque frontal do carro.

A deformação do carro o transformará em uma cunha.

Quando os dois fatores acontecerem simultaneamente.

Quanto menor (mais leve) for ou mais descarregado (mais leve) estiver o caminhão, mais fácil será iniciar o Efeito de Cunha.

AS FORÇAS LIBERADAS EM UMA COLISÃO A 40 km/h FORAM SUFICIENTES PARA LEVANTAR UM CAMINHÃO.

FATORES QUE AGRAVAM OU INCENTIVAM O “EFEITO DE CUNHA” NO LADO DOS AUTOMÓVEIS

O perfil “aerodinâmico” da maioria dos carros modernos.

O forte abaixamento da frente do carro quando em uma frenagem enérgica, de pânico, por exemplo.

A suspensão “macia” que causa maior abaixamento, pelas forças do “EFEITO DE CUNHA”.

CONCLUSÃO: O EFEITO DE CUNHA NÃO PODE SER IGNORADO, SOB PENA DE COMPROMETER TODO O OBJETIVO DE SE EVITAR A INTRUSÃO DO COMPARTIMENTO DOS PASSAGEIROS.

O Projeto Impacto, nome que recebeu a comissão, utilizou a lógica da engenharia, e consegui resolver a parte técnica do problema, projetando alternativas para o pára-choque atualmente utilizado: os pára-choques articulado e o não-rígido. Até agora, porém, não houve interesse em tornar a solução aceita e como implementação obrigatória nos caminhões do país.

Os participantes do projeto mostram-se indignados com o descaso das autoridades, da imprensa, das indústrias automotivas, das organizações de defesa do consumidor, das seguradoras e da classe jurídica, que há muitos anos já estão cientes da gravidade do problema e de sua solução.

Apesar de todo o descaso, foram aprovadas novas normas brasileiras de pára-choques traseiros de caminhões. Embora não tenham força de lei, as normas já são um grande passo na luta para a implementação de pára-choques seguros. As novas normas foram acrescentadas a uma proposta em preparação para uma nova resolução do Denatran. Elas também deverão ser adotadas pelos países do Mercosul, Argentina, Paraguai e Uruguai, o que demonstra a importância do trabalho do Projeto Impacto.

Conheça esse importante trabalho realizado pelos pesquisadores da Unicamp:
http://www.fem.unicamp.br/~impact/portugues.ht

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