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Vendas de aço no Brasil devem cair mais de 16% em 2015

A produção brasileira de aço bruto deve fechar o ano 2,0% menor do que em 2014, totalizando 33,2 milhões de toneladas, segundo previsão do Instituto Aço Brasil. É o menor volume de produção registrado desde 2010. Já as vendas internas de produtos siderúrgicos tem previsão de queda de 16,3%, chegando a 18,2 milhões de toneladas, mesmo patamar de 2006.

O consumo aparente de aço no País deve ser de 21,4 milhões de toneladas, o que representa redução de 16,5% na comparação com o ano passado e que houve regressão aos padrões de 2007.

Estes números retratam a pior crise da história da indústria brasileira do aço, fruto da convergência de fatores estruturais e conjunturais que já levaram o setor a demitir 21.786 trabalhadores no acumulado 2014-2015 e paralisar ou desativar mais de 40 unidades de produção. O mercado interno encolheu drasticamente e o setor vem sendo bombardeado por importações diretas e indiretas, numa configuração mundial em que os países se fecham contra o comércio desleal.

Dos 700 milhões de t de excedente de capacidade instalada de aço no mundo, mais de 400 milhões de t estão na China. A concorrência é injusta, pois se dá com empresas que recebem fortes subsídios do governo desse país. As exportações chinesas de aço que, em 2014, atingiram mais de 90 milhões de t, encontram-se, neste ano, num ritmo de 130 milhões de t.

Em 2000, a China participava com 1,3% das importações diretas de aço para o Brasil. Em 2014, atingiram 52%. É contra esta concorrência predatória que os governos de vários países estão lutando com diferentes medidas de defesa comercial. No Brasil não deveria ser diferente, sob pena do agravamento ainda maior da situação da indústria e exportação de empregos para a China.

Internamente, o cenário político-econômico nacional foi determinante para que os setores automotivo, de construção civil e de máquinas e equipamentos, responsáveis por quase 80% do consumo de aço no Brasil, registrassem quedas sucessivas em seus resultados. O mercado doméstico minguou, destacando ainda mais as dificuldades que a indústria nacional já tem, há muitos anos, de concorrer com os importados devido ao conhecido Custo Brasil.

Diferentemente de outros segmentos industriais, a indústria brasileira do aço investiu, de 2009 a 2014, US$ 19 bilhões e manteve seu parque produtor tecnologicamente atualizado. Está, portanto, preparada para atender o mercado interno e competir no cenário internacional, desde que haja correção das assimetrias competitivas.

Assim, embora internamente estruturado para ser competitivo, o setor depende de medidas emergenciais de defesa comercial e incentivo às exportações diante do atual cenário econômico do país e da guerra de mercado da siderurgia mundial.

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