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Carro novo – “coquetel tóxico”

Na indústria automobilística, utilizam-se múltiplos produtos nocivos ao organismo pelo contato direto, o que pode ocorrer via vapores, gases, poeiras, fumo, neblinas, névoas, etc..

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Nos ambientes onde são utilizados tais produtos, há necessidade de se proteger as pessoas para evitar doenças e é necessário controle e vigilância do setor da empresa especializado conhecido como serviço de engenharia de segurança e medicina do trabalho.

Lá, a higiene ambiental está comprometida devido a múltiplos produtos químicos capazes de gera doença ocupacional aos trabalhadores, daí a necessidade de uso de equipamentos de proteção coletiva e individual.

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Quando o veículo fica pronto, mantém o odor constituído de uma mistura de vapores que emanam dos equipamentos e que é mais percebido no interior do veículo.

Este vapor contém tolueno, acetona, estireno, xileno, benzeno e outras substâncias que compõem a atmosfera dentro do veículo. Essa é a principal composição do famoso “cheiro de carro novo”.

Para uns, o cheiro proporciona prazer, para outros sintomas desagradáveis, alguns manifestam doença. Na realidade, é um conjunto de substâncias irritantes da via respiratória, pele, mucosa, olho, mas que podem ter repercussão à distância, algumas até potencialmente cancerígenas.

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E quem não gosta de adentrar no seu veículo com cheiro de zero quilômetro?

Com o calor nas regiões de clima quente e com a exposição aos raios solar, as substâncias utilizadas na manufatura do interior do veículo, como plástico, cola, tinta, tecido, vinil, lubrificante, verniz, impermeabilizantes, etc., liberam vapores cuja mistura vai caracterizar o “Cheiro de Novo”.

Observe que a maioria dos itens utilizados nesse acabamento interno do veículo são oriundos do petróleo. Quando manipulados na empresa, necessitam de proteção para o trabalhador na bancada de trabalho, já que tais vapores constituem o ambiente insalubre como já citamos.

No entanto, quando o veículo é lançado no mercado, não são passadas informações sobre os riscos e perigos à saúde a que se expõem quem ocupa essa máquina. Cada organismo tem uma determinada sensibilidade.

Uns sentem mais, outros menos e alguns adoram, por incrível que possa parecer. Temos que considerar fatores inerentes ao indivíduo, como sexo, idade, raça, genéticos, nutricionais, psíquicos e doenças pré-existentes que podem interferir no aparecimento de sinais, sintomas ou doenças.

Essas substâncias presentes na atmosfera interna do veículo podem ser causa de náusea, vômito, cefaleia, tontura, mal-estar, alergia, edema e queixa respiratória.

Por isso, torna-se importante lembrar que algumas dessas substâncias são teratogênicas (altera o desenvolvimento fetal) e cancerígenas.

As montadoras vivem preocupadas com esse cheiro no espaço interno do veículo.

Muitos centros de pesquisa, no mundo todo, têm mostrado concentrações altíssimas de produtos orgânicos voláteis. Após três semanas de uso do veículo (pesquisa feita na Austrália), por exemplo, encontra-se cerca de 64.000 microgramas por metro cúbico em alguns veículos.

Tornam-se preocupantes valores acima de 500 microgramas por metro cúbico. Esse produto volátil mantém-se ativo durante longo período, caindo sua concentração em 60% após 30 dias de uso do veículo.

Não temos dados estatísticos com relação a pessoas que apresentam sinais ou sintomas quando em presença desses vapores dentro do veículo. Dificilmente uma pessoa com um desses sintomas que referimos acima iria relacionar os mesmos com o cheiro do carro.

Esse agente causal passa despercebido por qualquer um, inclusive pelo profissional de saúde.

Precisamos estar atentos ao hipotético “cheirinho gostoso” do carro novo.

Ação dos produtos:

Benzeno – Carcinogênico, atua sobre o sistema nervoso central, altera a produção de glóbulos brancos, altera a imunidade e hormônios e é teratogênico.

Acetona – Irrita as mucosas e produz efeitos sobre o sistema nervoso central, além de broncoespasmos. Reduz ainda a frequência cardíaca e a temperatura corporal.

Tolueno, Xileno e Estireno – Alteram o sistema nervoso central, ototóxico, teratogênico (altera o desenvolvimento fetal) deprime sistema nervoso central e periférico, altera a coordenação motora e memória, reduz concentração.

Bem, ninguém precisa entrar em pânico, nem tão pouco usar máscara ou qualquer outro equipamento de proteção.

É preciso somente ter conhecimento de que compostos orgânicos aromatizados estarão presentes em grande concentração quando você adquirir o veículo zero quilômetro.

A concentração desses vapores ficará bastante reduzida após aproximadamente seis meses de uso.

A preocupação deverá estar voltada para a ventilação do interior do veículo, bem como da sua sensibilidade e a dos usuários.

É importante ainda observar sinais e sintomas, principalmente com crianças, gestantes, idosos e portadores de doenças.

Recomendações:

  • Não estacionar o veículo ao sol;
  • Usar proteção no para-brisa, evitando sol no painel;
  • Abrir as portas e deixar sair vapores antes de adentrar;
  • Não usar ar quente ou frio com vidros fechados;
  • Ventilar sempre, mantendo janelas abertas;
  • Cuidado maior no transporte de crianças, idosos e gestantes;
  • Cuidado com alérgicos, portadores de doença respiratória e outras doenças.

As montadoras tentam aromatizar o ambiente, mas os vapores tóxicos continuarão presentes.

*Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior

Diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET – Associação Brasileira de Medicina de Tráfego

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