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Engenharia destaca a cooperação como caminho para inovar com multimateriais

Em vez de competição, a indústria automotiva precisa de cooperação entre parceiros para conseguir atender a alta complexidade dos projetos, cada vez mais dotados de multimateriais.

Essa foi a principal mensagem do 11º Simpósio SAE BRASIL de Novos Materiais e Aplicações na Mobilidade, realizado dias 5 e 6 de junho, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo.

Sob o comando do engenheiro Mauro de Souza Paraíso, gerente de Engenharia de Materiais da Mercedes-Benz do Brasil, o encontro contou com apresentações de representantes de montadoras, sistemistas, autopeças e fornecedores de matérias-primas, em sete painéis, que apontaram os avanços em materiais e processos que viabilizam aplicações na área.

O simpósio contou, ainda, com mostra de engenharia, em que o público conheceu as novidades em produtos e serviços.

AÇOS – André Sereno, gerente de Exportação e Assistência Técnica da Brasmetal, abriu com estudo que compara a soldabilidade de dois aços comuns no mercado, o microligado de alta resistência e o bifásico.
“Hoje trabalhamos muito com aços bifásicos, mas existem oportunidades para o uso de alternativos com boa soldabilidade”, sugeriu.
Em seguida, Marcelo Federici, especialista em Desenvolvimento da ArcelorMittal, falou sobre novos aços de estampagem à quente.
“São materiais que chegam até 2000 Mpa de resistência e apresentam vantagens, como a possibilidade de confeccionar peças com designs extremamente complexos”, destacou.
Thomas Müller, gerente da SSAB, encerrou o primeiro painel com palestra sobre aços avançados de alta resistência para aplicações em carrocerias e chassis.
Em painel sobre alumínio, Giuliano Michel Fernandes, gerente de Desenvolvimento de Mercado e Inovação da CBA, focou os avanços do alumínio extrudado em aplicações estruturais.
“Esse avanço se dá pela vantagem da liberdade de forma, além da ausência de investimento em ferramentais e do time to market mais curto”, apontou.
Edmundo Burgos Cruz, coordenador de Processos Metalúrgicos do Centro de Tecnologia da CBMM, destacou a aplicação do nióbio como refinador de grão em ligas de fundição de alumínio.
“O refino traz uma série de vantagens, como o aumento da integridade das peças e a homogeneidade das propriedades mecânicas, o que é fundamental para a redução de peso”, explicou.
Por último, Alexandre Sartori, ‎engenheiro de Desenvolvimento de Produto Especializado da Novelis, mostrou aplicações de laminados de alumínio nos segmentos automotivo e de transporte e destacou o grande potencial de redução de peso que o alumínio possui em relação ao aço.
Gustavo Meiwa, coordenador de Suporte Técnico da Evonic, abordou materiais não metálicos no terceiro painel, em que destacou a poliamida 12, polímero de alta performance, e as aplicações de soluções multicamadas em tubulações para sistemas de combustível.
Na sequência, Rodrigo Boscolo Costa, engenheiro de Aplicação e Vendas da Saint Gobain, apresentou novas soluções em mancais autolubrificantes, feitos de materiais compósitos, com estruturas metálicas e camadas de teflon.
“São capazes de amortecer vibrações e eliminar a geração de ruídos em mecanismos automotivos, como dobradiças, embreagens e tensionadores de correias”, explicou. Na sequência, Daniel Moliterno, engenheiro de Suporte Técnico e Desenvolvimento de Aplicaç& otilde;es da Eastman, e Rodrigo Andrade, supervisor técnico da Eastman, apresentaram duas linhas de películas de alta performance para aplicações em vidros automotivos, uma em poliéster e outra em filme de PVB. “São produtos que geram conforto com redução de ruído e calor”, disse Moliterno.
Em painel sobre manufatura aditiva, Fernando Mühlbauer, engenheiro de Processo da EOS/ AMS Brasil, apontou os benefícios dos sistemas de manufatura aditiva para a indústria automotiva, como confecção de componentes com novas geometrias, redução do tempo de produção e melhoria da qualidade das peças.
Carlos Eduardo Podestá, sócio-proprietário da Highbond, destacou a importância do pó metálico enquanto insumo para a impressão 3D.
“Só é possível manter as propriedades de uma peça se houver um pó adequado trabalhando na máquina”, disse.
Claudemir Papini, consultor de Produtos e Aplicações da Dafratec, encerrou o painel com palestra sobre técnicas para o controle de matérias-primas utilizadas na manufatura aditiva.
“O controle de desempenho do material particulado é essencial para a eficiência do processo e para a qualidade final dos produtos produzidos por manufatura aditiva”, afirmou.
Matthew Albright, gerente de Produtos – Equipamentos de Soldagem da Lincoln, iniciou as discussões do segundo dia.
Em painel sobre soldagem, Albright apresentou novas tecnologias para o controle de processos em indústrias de soldagem automotiva, como a plataforma CheckPoint®, que permite aumentar a produtividade, gerenciar a rastreabilidade de peças e reduzir os custos de soldagem.
Em seguida, Fernando Machado, ‎coordenador de Domínio A&F da Air Liquide, falou sobre novas misturas de gases de proteção para processos de soldagem MIG Brazing, com foco em aumento de produtividade.
Jader Ferreira de Souza, da ESAB Soldagem e Corte, mostrou o software WeldCloud, para o gerenciamento dos dados de soldagem.
“O sistema é capaz de ajudar virtualmente a todos de uma organização para que tomem decisões mais rápidas e inteligente s”, apontou Souza.
No painel dedicado a técnicas de junção, Alexandre Primolini, gerente da qualidade da Metalúrgica Fey, apresentou parâmetros de processos que auxiliam a estabelecer valores de torque para diferentes tratamentos superficiais em parafusos, porcas e peças a serem unidas. “Assim, nós conseguimos diminuir as falhas, como quebras de parafusos na linha de montagem ou desgaste de roscas de parafusos e porcas”, comentou.
Em seguida, Vanderlei Bastos, consultor técnico de Aplicação da TOX Pressotechnik, falou sobre novas soluções em união de chapas a frio, com ou sem adição de elementos, que permitem o monitoramento dos processos. Silvio Roberti Monteiro, gerente de Mercado da Saint-Gobain, mostrou adesivos acrílicos dupla-faces, que podem ser aplicados em frisos laterais, espelhos retrovisores, sensores de r&ea cute;, entre outros componentes.
PAINEL DE COMPÓSITOS – Na abertura do último painel, Luciano Burti, ex-piloto de Fórmula 1, relembrou passagens pelo automobilismo, como o grave acidente sofrido no GP da Bélgica de F-1, em 2001, e destacou a contribuição dos compósitos, como a fibra de carbono, para a segurança do carro de corrida e a sobrevivência do piloto.
“São materiais que apresentam elevada resistência, baixo peso e alta capacidade de absorção de impacto”, afirmou.
Na sequência, Marcia Cardoso, especialista da Área Técnica da Ashland, falou sobre o lançamento de resinas para compostos de SMC (Sheet Molding Compound), desenvolvidos para substituição do aço nas carrocerias.
Em seguida, Rodrigo Berardine, gerente de Desenvolvimento Negócios Estratégicos da Owens Corning, destacou a inovação em sistemas de reforços para o segmento de compósitos, com ênfase em fibras de vidro e carbono.
David Britto, gerente de Negócios da Ashland, também contribuiu com o tema ao ressaltar a aplicação de adesivos estruturais em componentes de materiais compósitos, partindo de conceitos gerais até chegar aos detalhes de aplicação prática.
O consultor Roberto Garabosky encerrou as discussões do simpósio com reflexão sobre os desafios da indústria automobilística no desenvolvimento de novos materiais e destacou o potencial de redução de custos dos compósitos para os volumes produzidos na indústria automotiva brasileira.

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