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Como escolher a peça de reposição no momento da manutenção

O mercado paralelo, com esse jeitão nosso de cada dia, que recebe até batismo no Brasil, opera com diversas procedências de itens de reposição. Em muitos casos são peças batizadas como genéricas.

São peças de reposição, desenvolvidas por fabricantes diferentes dos que produzem as peças originais. Elas funcionam — ou deveriam funcionar — com a mesma qualidade que as originais ou genuínas. É possível encontrar peças paralelas de reposição com excelente qualidade, por um preço mais acessível.

Seja o usuário final, seja uma empresa de transportes, um frotista, ou um órgão governamental, vivenciamos uma enorme preocupação de ordenamento financeiro, alvo de redução de custos e motivo de lançar mãos de pressupostos da Engenharia Econômica e Financeira.

Na maioria das empresas, é padrão procurar restringir o investimento em estoques de matérias-primas, suprimentos e produtos acabados. O controle rígido exercido sobre esses tipos de estoques é, entretanto, raramente estendido aos estoques de peças de reposição, embora a imobilização de capital para manutenção possa ser considerável quando peças sobressalentes, em particular as mais custosas, são mantidas nas prateleiras de almoxarifado na expectativa de serem aplicadas no enfrentamento de situações de emergência nas intervenções corretivas.

Neste novo encontro, não é alvo fazermos uma abordagem de estoques, mesmo sabendo de sua enorme importância no planejamento da manutenção e da área de compras e de materiais. Mas sim, em saber o que comprar.

Há uma enorme oferta de itens nas prateleiras físicas e virtuais, onde o critério técnico é subjugado pelo preço final de aquisição. E os resultados do serviço? A garantia? E a confiança? E por fim, qual o grau de confiabilidade alcançado em função do tipo de item de reposição escolhido.

O usuário final, o dono do veículo, na hora de fazer a troca de peça do seu carro, como será que ele se comporta…? Qual o caminho de escolha? Há preferência ou indicadores que apontem a melhor escolha? A opção será pela peça original ou pela similar? Como saber se há melhor ou pior em tal contexto?

Sendo assim, precisamos definir o que está disponível no mercado. Vamos aos termos.
O consumidor tem muitas opções para fazer a manutenção do seu carro, mas a maioria das pessoas não sabe escolher a peça e nem se faz diferença entre todas essas denominações, pois a busca é pela solução de um problema.

O órgão de normas, ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – definiu quatro tipos de peças de reposição. Porém, a ANFAPE – Associação de Fabricantes Independentes de Autopeças – fez um complemento onde explica, com uma linguagem mais simples, cada uma das denominações encontradas no mercado.

Componentes periféricos, itens de baixo valor agregado e que não venham a comprometer a dirigibilidade e a segurança operacional do veículo, geralmente não trarão grandes problemas. Contudo, para peças de motor, componentes da suspensão e direção, dos freios é melhor refletir e ponderar os riscos antes de tomar uma decisão de aquisição, meramente pela suposta crença na vantagem momentânea do preço.

As originais são todas as peças produzidas pelos mesmos fornecedores das montadoras, mas com marca própria, vendidas em todo o mercado (são as peças dos mesmos fabricantes que fornecem para as montadoras, mas vendidas diretamente ao mercado de reposição e com embalagem própria).

A peça genuína é produzida pelos mesmos fornecedores, porém, comercializada somente na rede de concessionárias daquela marca.

Similar e genérica são a mesma coisa – são peças produzidas por empresas independentes, que não são fornecedores dos fabricantes e/ou montadores de veículos. Por não fornecerem para as montadoras, não passam pelos crivos de qualidade impostos nos testes homologatórios.

A peça usada é a peça normalmente vinda do desmanche. Compreende as peças que foram retiradas de veículos sinistrados (veículos batidos ou recuperados de roubo). É importante lembrar que o fornecedor deve emitir nota fiscal de todos os itens por ele comercializados.

Em alguns casos, como na aquisição de câmbios e motores, o comprador terá que legalizar essas peças, após a instalação, levando o veículo para a vistoria da documentação e da instalação, junto ao Departamento Estadual de Trânsito (DETRAN). Em geral, são componentes sem a garantia de eficiência, fruto da falta de histórico e da imprevisibilidade do modo de uso anterior.

A peça recondicionada pode ser original, genuína ou similar que é submetida ao processo industrial, sendo reaproveitadas partes durante o processo de recondicionamento. São todas as peças que sofreram um retrabalho. Geralmente possuem uma estrutura preservada e recebem novos itens em substituição aos de maior desgaste.

Com isso, se garante um novo patamar de sobrevida. Geralmente são aplicadas em componentes ou conjuntos com alto valor agregado, tais como motores, câmbios, caixas de direção, alternadores, motores de partida, embreagens.

Há um ponto positivo nesta escolha, quando o preço e a falta de opção para realizar a manutenção em um veículo que está fora de linha, por exemplo.

A peça remanufaturada também é qualquer uma que passa por um processo industrial, que é refeita, pela mesma indústria que a produziu.

E por fim, temos peça pirata. Que nada mais é que a peça fabricada sem critérios de qualidade, sem homologação, sem testagem e que usa indevidamente a marca alheia.

Muitas vezes, é um produto de roubo, seja da marca ou da propriedade industrial de outrem. Por vezes é até comercializada sem o devido recolhimento de impostos e tributos, prejudicando toda a cadeia produtiva. Uma compra que você usuário, também poderá incorrer em um ato ilegal.

Infelizmente, é um mercado que se alimenta da miséria e da falta de educação, um mercado que opera em paralelo e afeta negativamente o bom funcionamento de fábricas, comércios varejistas e atacadistas, órgãos públicos e a vida dos consumidores finais, seduzindo os incautos com preços tentadores.

Um verdadeiro mercantilismo da hipocrisia, sem cerimônias e sem apreço pelo trabalho alheio, sempre carregando consequências mercadológicas nefastas.

Os distribuidores de autopeças se empenham muito solidariamente ao combate à pirataria. Inclusive merece destaque e muita atenção: não podemos confundir a peça pirata com a peça de segunda linha. Embora ambas possam comprometer a segurança do sistema – pessoas – vias de tráfego – pedestres, o produto pirata está associado à prática de delitos, como contrabando, receptação ou produção falsificada de marcas, além da sonegação de impostos.

Além da esfera investigativa e da atuação fiscalizatória, o que nós, os consumidores finais, podemos fazer é:
– Somente comprar peças com comprovação de origem;
– Exigir a certificação do produto e comprar de empresas comprovadamente idôneas;
– Evitar fazer negócios diretamente com pessoas físicas;
– Exigir, sempre, a nota fiscal e a respectiva garantia;
– Buscar informação junto aos profissionais da reparação.

Então, o melhor é se informar, fazer uma boa pesquisa de mercado e prospectar os mercados de autopeças antes de comprar, pois os preços variam muito de um lugar para outro, respeitando as orientações do fabricante, seja ele da peça e/ou componente, ou fabricante do próprio veículo.

Ponderação, reflexão e consciência coletiva. A escolha vai afetar desde a segurança do veículo até o meio ambiente.

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