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Montadoras de veículos pesquisam o “olhar feminino”

“Homens e mulheres têm percepção diferente dos carros: as mulheres priorizam a praticidade, a funcionalidade e a segurança do veículo; os homens valorizam mais a performance e a estética dos veículos”

Quantos cavalos têm o motor do seu carro? Em quantos segundos atinge a velocidade de 100 quilômetros por hora? Se você é mulher, é mais provável que essas características sejam tidas como secundárias na hora de comprar seu automóvel.

Mas com certeza itens como direção hidráulica, cores e detalhes, como porta-objetos, tecidos que não desfiam meias e travas de segurança, são vistos como atributos essenciais. As conclusões são de pesquisas feitas por montadoras como Volkswagen e Ford, que cada vez mais orientam seus projetos e serviços de pós-vendas para conquistar o público feminino.

“Homens e mulheres têm percepção diferente dos carros: as mulheres priorizam a praticidade, a funcionalidade e a segurança do veículo; os homens valorizam mais a performance e a estética dos veículos”, compara o gerente de Estratégia de Marketing da Volkswagen do Brasil, Luiz Muraca.

A montadora está atenta ao gosto e à sensibilidade do público feminino e freqüentemente convida mulheres de várias faixas sociais e etárias para participar de “clínicas” de novos produtos. Nessas ocasiões, as consumidores podem opinar sobre nomes, cores, estofamentos e até sobre as mensagens das propagandas dos futuros carros da marca.

Influência

Afinal, de cada 100 carros vendidos no País a pessoas físicas, 37 são comprados por mulheres, de acordo com números da própria Volks. Se for considerada a influência da mulher no momento da decisão da compra, esse índice é muito maior. Em 1980, as mulheres eram responsáveis por apenas 18% das compras. A empresa, entretanto, tem a preocupação de não caracterizar os modelos da marca como “femininos” ou “masculinos”, embora o mercado tenha elegido suas preferências.

O Gol, que há 15 anos é o automóvel mais vendido no mercado brasileiro, também é o líder em volume de vendas para mulheres no País. De cada 100 unidades do Gol vendidas, 38 são compradas por mulheres. Uma pesquisa da Volkswagen também indica que os modelos preferidos da montadora pelas consumidores são os importados Seat Ibiza e Audi A4, que têm, respectivamente, 53% e 35% de suas vendas feitas a mulheres. O Golf, produzido na fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, também é um dos preferidos, com 32% do volume comercializado para o sexo feminino.

Azul-turquesa e uva

Automóveis azul-turquesa e em tons de verde-azulado. É nessas cores que a designer da Volkswagen do Brasil, Cristina Belatto, imagina os carros que serão lançados nos próximos anos. Segundo ela, a próxima linha de carros da Volks terá um novo vermelho, parecido com o uva. Cristina acredita que as tendências de cores e texturas que se vêem nas vitrines influenciam as criações automobilísticas mais do que se imagina.

“Se os desfiles dos grandes estilistas europeus apontam uma tendência de roupas transparentes, por exemplo, fios transparentes passam a ser usados nos tecidos dos bancos dos automóveis”, observa.

Ela aponta que as novas tecnologias dos fios têm tornado os tecidos dos automóveis mais brilhantes, com tramas mais ricas e em relevo. Já as estampas tendem para um estilo minimalista e clean. “Os tecidos do Golf não têm muitas cores, mas desenhos estruturais inerentes à própria construção do tecido”, exemplifica.

O feminino Ka

Quase a metade dos automóveis Ford é comercializada para mulheres. A montadora, que se intitula a fabricante de veículos com o mais alto porcentual de consumidoras, também produz o “carro mais feminino”. O modelo Ford Ka tem 60% de suas vendas dirigidas a mulheres. Para a Ford, não são apenas os detalhes e as inovações de moda que chamam a atenção do público feminino.

Pesquisas da montadora revelam que as mulheres valorizam mais fatores como preço, facilidade para realizar manobras e espaço interno. Já os homens são atraídos pela e economia de combustível, potência e desempenho.

Os modelos Ka e o Fiesta foram projetados com base nesses diferenciais e equipados para seduzir o público feminino. Entre os detalhes que fazem a diferença estão os tecidos dos bancos, que não desfiam meias; o desenho das maçanetas, que evita a quebra de unhas compridas e uma melhor ergonomia, para possibilitar que a motorista guie até de salto alto.

Só mulheres

O aumento da participação das mulheres nas compras de veículos tem incentivado o surgimento de cursos de especialização e até de centros de vendas voltados para o público feminino. Na semana passada, a Citroën Etoile, primeira concessionária de veículos da empresa com equipe formada exclusivamente por mulheres, completou um ano de existência.

Localizada na avenida Interlagos, em São Paulo, a Etoile (estrela, em francês), a revenda ampliou seu quadro de funcionárias de 23 para 33 mulheres, 15 delas atuando na área de pós-vendas – mecânicas, estoquistas e tapeceiras, entre outras especialidades.

Para a superintendente de operações das concessionárias Citroën da região metropolitana de São Paulo, Izaira Corrêa, a mulher participa em mais de 70% na decisão de compra de um veículo para a família. “Na região de São Paulo, que responde por 49% das vendas nacionais da Citroën, os indicadores apontam para a força da decisão final da mulher em sete de cada dez carros vendidos”, ressalta.

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