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Economia de combustível

Gasmax, outras quinquilharias e afins
Depois dessa matéria você só vai ser enganado se quiser!

Um tema que está muito em voga é o dispositivo chamado GASMAX, apregoando milagres em desempenho e economia. Estes dispositivos, geralmente de baixo custo e de muita simplicidade de instalação, oferecem o paraíso em vida…

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Os incautos, os de boa fé e os leigos são suas maiores vítimas. Quase me esqueci dos engenheiros que poderão pensar em rasgar os seus diplomas…. Pois nunca imaginaram algo tão eficaz…

Brincadeiras fora, vamos por mãos a obra e tentar esclarecer um pouco deste novo mito que chega ao nosso mercado.

O que um motor precisa para ser realmente econômico?
Se fosse uma resposta fácil o resultado seria realmente simples e barato, mas não é bem assim! Primeiramente, depois de definidos os objetivos do projeto (economia X desempenho), devem ser observados as seguintes características do projeto:

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Tipo do veículo, se é um esportivo ou um veículo familiar;
Capacidade cúbica do motor (cilindrada);
Número de cilindros;
Dificuldade em acessar os itens de manutenção.
Pois serão estes os requisitos que determinarão o custo da manutenção e o seu consumo específico.

Voltando ao projeto inicial, alguns itens devem ser analisados e muitos não podem ou não devem ser alterados, pois implica em mudanças pesadas e de alto custo.

Outra coisa que merece um comentário bem específico é o ato da compra. Muitas vezes se compra o carro errado para um determinado uso e depois começam as tentativas de reduzir o consumo de todas as formas.

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# Desenho da câmara de combustão – deve gerar altos índices de turbulência na mistura ar + combustível;
# Acertos e escolha do grau térmico da vela de ignição;
# Integridade elétrica do sistema;
# Integridade mecânica do motor;
# Potência disponível do sistema de ignição;
# Tipo de combustível utilizado;
# Tipo de uso do veículo (urbana X estrada X misto);
# Hábitos do condutor;
# Realização da manutenção preventiva nos prazos recomendados.

O que pode ser feito em cada uma destas etapas (de uma forma simples e bem direta):

# O desenho, a geometria da câmara de combustão faz parte do projeto e pode ser otimizada retirando os cantos e arestas (arredondando-os);
# Também faz parte do projeto inicial e deve ser respeitada nas rotinas de manutenção;
# A integridade mecânica e elétrica é à base de tudo. Só pode funcionar bem e ter bom rendimento se ambos os sistemas estiverem com seu “estado” de saúde em ordem, isto é, motor com boa compressão e vedação interna e seu sistema elétrico revisado.
# Com o uso os componentes internos sofrem desgastes e principalmente os componentes do sistema de ignição que operam sob condições severas, devem ter sua manutenção realizada com rigor e preciosismo técnico. As velas são de suma importância para um consumo contido, mas sozinhas não fazem milagres, é preciso que todo o sistema esteja em ordem (conexões, aterramentos, bobinas e cabos adequados, bateria e alternador em ordem);
# O combustível tem sido o maior vilão dos últimos tempos! Até chegar ao interior do tanque do veículo ele sofre transformações que acabam por transformar o seu bolso em um inferno astral… A idoneidade e a procedência do combustível são fundamentais para um consumo adequado!
# O tipo de tráfego que o usuário submete o veículo é fator preponderante na avaliação do consumo do veículo. Veículos que rodam exclusivamente em estradas tendem a ser mais econômicos (sob todos os aspectos) do que aqueles que trafegam em uso urbano constante (principalmente se este percurso for realizado somente em trajetos curtos). Aqueles que trafegam em trânsito misto conseguem bons índices de consumo quando comparados aqueles que trafegam em trânsito urbano pesado.
# Os maus hábitos do condutor são o segundo maior problema nas reclamações sobre consumo. O anda/pára da cidade precedida de arrancadas bruscas e freadas fortes são hábitos que elevam os índices de poluição ambiental e aumentam muito o consumo de combustível. Outro hábito danoso (ao bolso e ao motor) é o tradicional descansar do pé esquerdo sobre o pedal da embreagem; andar em baixo giro em marcha longa (45 km/h em quinta marcha…) e etc…
# O maior de todos: A falta de manutenção! Do óleo lubrificante do motor até as velas, passando pelos freios, suspensão, iluminação e etc, tudo tem de estar funcionado de forma harmônica, este é o segredo.

O maior remédio para economizar combustível é a correta manutenção do veículo com o apoio de um profissional especializado e aplicando peças de qualidade, preferencialmente referendadas pela montadora, buscar um posto de abastecimento idôneo, pois combustível ruim = aumento de consumo (mesmo que você tenha tido a sensação de economizar na hora de abastecer…).

Sem mágicas, truques e quebra-galhos, reparação automotiva é coisa séria e muito me indigna ver o ponto que chegamos neste país, sem inspeção veicular definida e sem escolas de formação de profissionais capacitados à realizar a correta manutenção dos modernos que rodam em nossas vias, só podemos esperar que o caos seja a porta de saída, pois em um mercado sem lei e sem ordem, é que surgem os aproveitadores de plantão.

O atual mercado brasileiro de reparação só é menor do que o norte-americano, porém se comporta como se estivéssemos ainda nos anos 20 e vem acompanhado de uma grande decepção chamada de assistência técnica.

O profissional automotivo é a pessoa que deveria ser o formador de opinião (correta é claro!) e não um mero coadjuvante da estória. Se ao menos ele soubesse, na íntegra, como as coisas funcionam, fatalmente não haveria espaço para estas quinquilharias no nosso mercado.

Um produto deste só pode ter a respeitabilidade se vier com um selo do INMETRO e que atenda as normas da ABNT vigentes em nosso mercado.

Eles querem se submeter aos testes? Provam e comprovam seus dotes de economia? Sob quais teorias da Física ou da Química embasaram seus fundamentos?

Fica muito complicado falar de economia de combustível quando não temos fiscais para coibir as adulterações de combustível nos postos, quando não temos a tão sonhada Inspeção Técnica Veicular, quando não temos regras claras sobre manutenção e segurança e etc, etc….

As pessoas querem ter um baixo consumo sem realizar os requisitos mínimos de manutenção! Daí abrir espaços para os milagrosos economizadores de combustível, se depois destas explanações você ainda quiser ser enganado…

Paulo Roberto dos S. Poydo é Assessor Técnico da Direção do Depto. de Transportes da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro; Ex-Instrutor do SENAI – RJ; Consultor Técnico Automotivo da SYNERGY CONSULTORIA E TREINAMENTO AUTOMOTIVO, membro da SAE – Society Automotive Engineer e do STS – Service Technicians Society, participante do CB-05 da ABNT; ASE Certified.
Email.: redacao@mecanicaonline.com.br

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