A Arup, empresa global de engenharia de projetos com grande atuação no Brasil, lançou o relatório “Repensando a Fábrica”, um estudo que explora as tendências, os processos e as tecnologias que estão transformando o cenário das indústrias.
O relatório examina como a introdução de novas tecnologias, tais como impressão em 3D, materiais autolimpantes e autorreparáveis, e a colaboração humano/robô levarão à produção mais rápida, mais eficiente e ambientalmente sustentável.
Homem, máquinas e materiais – Enquanto muitos acreditam que os robôs irão substituir os humanos nas fábricas do futuro, o relatório, desenvolvido pelo grupo da Arup “Foresight + Research + Innovation” e pelas outras equipes da empresa nas áreas de ciência e indústria, sugere que a colaboração entre os dois será fundamental.
A integração de câmeras e sensores inteligentes já permite que os robôs se adaptem a seus ambientes externos. Cada vez mais intuitiva, a capacidade dos robôs de inferir uma tarefa integral após ser mostrada apenas uma parte dela, vai permitir que os trabalhadores sejam como supervisores do robô, operando máquinas e controlando processos de produção inteligentes, tais como gestão de programas e sistemas e análise de dados, em vez de participar do trabalho manual.
O tecnicismo crescente das fábricas vai significar que os funcionários com habilidades em ciência, tecnologia, engenharia e matemática serão especialmente procurados, agravando a escassez internacional de trabalhadores altamente qualificados, prevista para chegar a 40 milhões até 2020, de acordo com o McKinsey Global Institute.
Além das máquinas, novos materiais têm o potencial de melhorar o processo de produção e aumentar o desempenho do produto.
Uma variedade de materiais autolimpantes e autorreparáveis estão sendo desenvolvidos – tal como o plástico bioinspirado, que replica a resistência, durabilidade e versatilidade de cutículas naturais de insetos – que é capaz de reparar danos sem intervenção humana. Estas tecnologias irão estender a vida útil de bens manufaturados e reduzir a demanda por matérias-primas.
Big data, tecnologia e impressão 3D – A utilização da impressão 3D – ou, mais precisamente, fabricação aditiva – permitirá que a fabricação seja mais móvel e dispersa.
Locais de fábrica são, portanto, suscetíveis a se tornarem mais variados e próximos do consumidor, incluindo o surgimento de espaços não tradicionais, tais como pequenos escritórios no centro da cidade. Isto irá permitir que a produção se localize mais próxima ao ponto de utilização, reduzindo os custos de transporte e as emissões.
Inteligência baseada em big data, análises avançadas e a Internet das Coisas irão criar novas oportunidades para a vantagem competitiva.
A análise dos dados irá revelar percepções detalhadas de clientes, identificar novas oportunidades antecipadamente e obter novos produtos e projetos ao mercado mais rapidamente. Impressão em 3D e tecnologias digitais também vão tornar esta customização em massa mais rápida, mais fácil e mais acessível.
Espaços resistentes e adaptáveis – A flexibilidade será fundamental para enfrentar as novas exigências dos consumidores e mudar as tendências do mercado. Fábricas serão adaptáveis, com técnicas de construção modular para permitir reescalonamento eficiente e diversificação da produção em vários locais.
Isso também irá permitir que a energia, o consumo de água e o material consumido sejam gerenciados de forma mais eficaz em um mercado cada vez mais restrito de recursos, ao produzir um ambiente mais adequado para atender às múltiplas necessidades de sua força de trabalho altamente qualificada.
Usando ferramentas como o Building Information Modeling (BIM) no projeto das fábricas, o planejamento e a gestão irão desempenhar um papel fundamental em permitir que os fabricantes previnam e mitiguem problemas baseados no acesso aos recursos, escolhas de localização, riscos climáticos e necessidades de transporte.
O projeto de uma fábrica também será mais focado na experiência do consumidor, utilizando o local como um showroom.
O conceito de “fábrica transparente” vai ganhar importância crescente à medida que mais pessoas se envolvem na fabricação de produtos ou pelo fato de eles esperarem uma visão mais próxima da forma como os produtos são fabricados, especialmente em um nível personalizado.
A oportunidade para os proprietários e operadores de fábricas reside na adaptação dos seus espaços existentes para permitir que esses tipos de experiências ocorram.
De acordo com Ricardo Pittella, diretor da Arup no Brasil, “A convergência entre os mundos físico e digital traz novos desafios e oportunidades para as indústrias, que têm de continuar a adaptar e adotar novos processos mais rapidamente do que nunca.
Nesse sentido, esse estudo da Arup antecipa diversas tendências desse setor, da mesma forma que já realizamos previsões sobre o futuro das rodovias e das ferrovias. Somos uma empresa global e multidisciplinar, e é uma grande honra colaborar com esse processo”.