O empresário José Luiz Gandini, presidente da Kia Motors, tomou posse da presidência da Abeifa – Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores ontem, em São Paulo, para cumprir o seu quinto mandato, de março/2016 a março/2018.
Segue o discurso de posse da nova diretoria, que conta também com Luis Rezende (vice-presidente / Volvo Cars) e Luis Curi (diretor financeiro/Chery Brasil):
Minhas primeiras palavras são de agradecimento ao Marcel visconde, que em seu mandato conduziu a entidade com maestria…
Dirigente conciliador, Marcel procurou ampliar o relacionamento da abeifa com os diferentes canais do governo federal.
Astuto como é, continuou mantendo as portas abertas para a entidade por meio do diálogo e com argumentos focados em prol do mercado automotivo brasileiro…
Por esse e por tantos outros motivos, nossos agradecimentos ao Marcel visconde…
Em nossa gestão vamos seguir a mesma linha de atuação da diretoria anterior… A de fortalecimento do mercado interno e de auxílio implacável de atualização da indústria local, no sentido de tornar o país em um verdadeiro polo produtivo também de exportação…
Assumimos este mandato com muito orgulho, primeiro porque nossa associação, este ano, está completando vinte e cinco anos de fundação, e segundo, porque nossa associação – sem sombra de dúvidas – é o canal de entrada de qualquer marca que queira se estabelecer no brasil.
O nosso setor, dedicado à importação de veículos automotores, muitas vezes é criticado, com alegação de que estamos “exportando” empregos, com tanta gente precisando de trabalho no brasil.
Discordo totalmente pois, além de trazer para o mercado brasileiro toda tecnologia e design, desenvolvidos no exterior, mostramos ao consumidor brasileiro o real valor dos produtos.
Vejam senhores, temos também que reforçar a implantação dos veículos movidos a energia alternativa, como os híbridos e elétricos. A fabricação local, por ser inicialmente de baixo volume e de alto custo de desenvolvimento, é praticamente impossível.
Sugerimos que seja revista a carga tributária para este tipo de produto. Com isso, novos empregos e um novo complexo de distribuição serão criados.
Toda e qualquer marca, ao chegar ao país, inicia suas operações pelo caminho da importação para poder conhecer o mercado e o seu futuro consumidor. Grandes marcas hoje instaladas no país iniciaram suas atividades como associadas à nossa entidade.
São elas, em ordem alfabética, Audi, Citroën, Chrysler, Honda, Hyundai, Jeep, Mercedes-Benz, Mitsubishi, Nissan, Peugeot, Renault, Suzuki E Toyota.
As nossas associadas bmw e mini já iniciaram produção local e jaguar, Land Rover e Jac iniciarão a produção em breve.
Como posso concordar então que estamos exportando empregos?
Estamos sim criando condições de novas marcas e novos complexos de distribuição a se instalarem no país, inicialmente montando rede de concessionárias para, no futuro, como já vimos com as marcas mencionadas, iniciar produção.
Infelizmente, em quinze de setembro de dois mil e onze, com o câmbio a r$ 1,71, foi criado um adicional de trinta pontos percentuais no ipi, exceção feita aos veículos fabricados no brasil e importados do mercosul, contrariando regras da organização mundial do comércio.
Em outubro de 2012 foi instituído o programa inovar-auto, com o louvável objetivo de lançar uma política industrial ao setor automotivo, mas que manteve os 30 pontos adicionais do ipi.
Agora, com o dólar na faixa de r$ 3,60, com 110% de desvalorização do real, este imposto é proibitivo e, com certeza, as nossas importações que caíram de 199 mil unidades em 2011 para 59 mil veículos em 2015, continuaram a cair ainda mais.
No passado já afirmei que em 2016 lembraríamos com saudade de 2015.
Inúmeros postos de trabalho foram perdidos, tivemos fechamento de grande número de concessionárias e,
A permanecer nesse ritmo, as chances de perder mais concessionárias e mais postos de trabalho são grandes.
Não somos favoráveis à abertura integral do nosso mercado. Deixo isso muito claro. Somos favoráveis a uma indústria local forte, que historicamente responde por cerca de vinte e cinco porcento do PIB industrial, por consequência, é capaz de oferecer milhares de empregos aos trabalhadores brasileiros…
Mas também não somos favoráveis ao fechamento do mercado, ao protecionismo. Vivemos num mundo globalizado de duas vias, em que para exportar, precisamos importar. E vice-versa.
Neste cenário político-econômico, de ajustes fiscais, obviamente não cabem pleitos de redução de impostos.
Cabem, no entanto, alguns questionamentos. Deixo a vocês uma pergunta: como podemos continuar pagando esses 30 pontos adicionais do ipi.
Se o brasil passa por um momento de crise econômica e precisa hoje de maior arrecadação, por que aguardar o fim do inovar-auto, previsto para o dia trinta e um dezembro de dois mil e dezessete?
Nos deixem trabalhar para ajudar nosso país a sair desta situação de depressão econômica.
Em nossa gestão, o nosso principal objetivo será mostrar ao governo brasileiro a necessidade de apoiar as cláusulas do inovar-auto, mas em caso de adoção de incentivos ou de aplicação de penalidades que sejam feitas em igualdade de condições entre veículos importados e de fabricação nacional.
Assim reforçamos as cláusulas do inovar-auto e sugerimos que os critérios sejam baseados única e exclusivamente na eficiência energética, premiando ou penalizando marcas que atinjam ou não os índices estabelecidos, mas mantendo a isonomia prevista em lei.
O fator que nivela o produto importado ao nacional, em qualquer lugar do mundo, é somente o imposto de importação, e no brasil, já pagamos alíquota máxima permitida pela organização mundial do comércio.
Estamos pedindo somente o retorno aos parâmetros normais de recolhimento de impostos hoje atribuídos à indústria local.
Nosso pleito é por isonomia.
Muito obrigado.