Dirigir pelas ruas e estradas do Brasil significa risco constante aos motoristas e pedestres.
Ao menos é o que aponta o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), sinalizando que entre 2010 e 2014, foram contabilizadas, em média, cerca de 43 mil mortes por ano no país, chegando a mais de 215 mil óbitos em 5 anos. É como se uma pessoa perdesse a vida a cada 12 minutos no trânsito brasileiro.
E quando se observa o impacto da violência no trânsito nas finanças públicas, constata-se que, considerando o mesmo período de 2010 a 2014, foram gastos, em média, R$ 49,5 milhões anuais no atendimento às vítimas de acidentes em ruas e estradas, no custeio de reparos em vias públicas danificadas pelas ocorrências e tendo ainda como reflexo a perda de cidadãos que estavam em idade economicamente ativa, ainda segundo dados do ONSV, com base em informações do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
Na tentativa de chamar a atenção da sociedade e do poder público para o tema, o quinto mês do ano é o período escolhido para concentrar ações e campanhas de conscientização, ficando conhecido como Maio Amarelo.
O ONSV destaca que o Brasil tem uma frota de aproximadamente 91 milhões de veículos, ante quase 30 milhões que havia em 2000 – crescimento de 205% em 15 anos. No mesmo período, os registros de acidentes avançaram 50,9%.
Até 2020, estamos vivendo a chamada “Década de Ações para a Segurança no Trânsito”, conforme resolução da Organização das Nações Unidas (ONU).
A iniciativa é baseada em um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicando que somente em 2009, cerca de 1,3 milhão de mortes por acidentes de trânsito foram registradas em 178 países, além de outras 50 milhões de pessoas que ficaram com sequelas.
No cenário global, segundo o Movimento Maio Amarelo, o trânsito mata 3 mil pessoas diariamente, sendo a 9ª maior causa de morte no mundo.
“O ato de dirigir requer responsabilidade e prudência para não colocar em risco a própria vida e daqueles que compartilham o mesmo espaço. Por isso, é necessário despertar essa consciência na sociedade com ações como mudança na legislação, punição para quem comete infrações e investimento em educação e ações de engenharia capazes de melhorar a mobilidade e segurança das pessoas. Esses são movimentos que vêm se consolidando ao longo dos últimos anos no país”, ressaltou a especialista em segurança e educação no trânsito, Roberta Torres.
Entre as principais vítimas fatais dos acidentes de trânsito está o jovem, na faixa etária entre 19 e 29 anos, alcançando 33,35% no total de óbitos por Acidentes de Transporte Terrestres (ATT), dado que tem como referência o ano de 2012, conforme o Datasus – 2013, mencionado em estudo elaborado pela especialista.
“Esse cenário mostra o quanto é importante trabalhar a formação do futuro motorista para começar a mudança dessa realidade. O caminho é modernizar a formação do condutor, aproveitando-se, inclusive, dos recursos oferecidos pela tecnologia”, completou Roberta.
Pesquisa do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) revela que no ano de 2015, dos candidatos que iniciaram o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), 13,6% estavam na faixa etária entre 18 e 25 anos.
E entre as modificações na formação do condutor que pretendem trazer mais segurança e ganhar o engajamento desse público está a inserção do simulador de direção veicular.
No Brasil, as autoescolas devem garantir ao candidato que busca a habilitação cumprir um mínimo de 5 horas/aulas no simulador, das 25 aulas práticas que são exigidas.
“O simulador permite o treino da mente para reagir de forma correta e segura em situações extremas, como dirigir sob neblina e em dias chuvosos, além de treinar a utilização dos comandos básicos do veículo antes de ir às ruas. O simulador ainda possibilita que o cérebro entenda e absorva a situação vivida sem a pressão do medo e reaja como se estivesse na vida real, pois trabalha todos os sentidos”, ressaltou a especialista em simuladores de direção e diretora de produtos da ProSimulador, Sheila Borges.