Exemplos de iniciativas premiadas que ganharam força e visibilidade com o reconhecimento do Prêmio Volvo mantêm suas atividades até hoje são a Fundação Thiago de Moraes Gonzaga de Porto Alegre (RS), a ONG ETEV, de Santa Rita (PB) e o CFC SAEP, de Juiz de Fora (MG).
Em 1987, quando foi lançado, o Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito, tinha o objetivo de envolver pessoas, profissionais ou instituições já interessadas no assunto, além de incentivar o surgimento de movimentos que pudessem abraçar a causa e dar a ela um destaque compatível com a sua importância local ou nacional.
Ao longo de suas 18 edições realizadas, o Prêmio Volvo teve várias categorias como forma de facilitar o engajamento da sociedade. As últimas edições contemplavam as categorias: cidade, empresa, imprensa, motorista profissional, transportadoras de cargas e/ou passageiros e geral.
Todos os anos, os vencedores nacionais de cada uma das categorias ganhavam um troféu e uma viagem à Suécia, para conhecer um dos sistemas de trânsito mais seguros do mundo.
A Fundação Thiago Gonzaga, criada em 1996, é um desses ganhadores.
A Fundação, uma Organização Não Governamental-ONG, iniciou suas atividades em maio de 1996, um ano após a morte de Thiago Gonzaga, filho de 18 anos do casal Régis e Diza Gonzaga, em um acidente de trânsito em Porto Alegre (RS).
“Em pouco tempo, o Vida Urgente, carro-chefe da Fundação, ganhou uma proporção tão grande que superou todas as nossas expectativas. No primeiro ano da Fundação, já contávamos com centenas de voluntários cadastrados e já tínhamos despertado o interesse da mídia local e nacional”, comenta Diza Gonzaga, presidente da ONG.
Diza considera uma grande sorte ter conhecido o Programa Volvo de Segurança no Trânsito no início de sua jornada, pois o reconhecimento do Prêmio Volvo colaborou para ampliar a visibilidade do trabalho realizado pela instituição.
“Além dos eventos e informações sobre o assunto oferecidos pelo PVST, ganhamos uma Menção Honrosa (1996) e quatro vezes o Prêmio Volvo na categoria geral, sendo três delas em nível nacional (2000, 2004 e 2010), o que nos deu a chance preciosa de vivenciar a realidade da Suécia em termos de segurança no trânsito”.
Ao fundar a ONG, Diza direcionou seu trabalho para evitar outras mortes de jovens no trânsito.
Com o Vida Urgente, a ideia inicial era formar um grupo de voluntários jovens para percorrer de madrugada bares e casas noturnas de Porto Alegre a fim de tentar convencer outros jovens a não dirigirem se tivessem ingerido bebida alcoólica.
Com o tempo, as ações estrapolaram as fronterias municipais para outras cidades do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Considerando-se todos os estados brasileiros, são mais de 20 mil voluntários inscritos para atuar nas ações da Fundação. Além desses jovens, a Fundação conta com o apoio voluntário de psicólogos, produtores, atores e agências de publicidade.
“Não há como mensurar o número de pessoas impactadas com o nosso trabalho até hoje. Até porque já atuamos, inclusive, para a aprovação de leis, como a da Lei Seca”, completa Diza, que acrescenta
“Nossas ações foram se modernizando com o tempo, hoje já temos parcerias com aplicativos de transporte individual, por exemplo, para quem bebeu poder voltar para casa em segurança”.
Entre as dezenas de eventos que participa a cada ano, Diza já teve a oportunidade de representar o País em vários encontros a convite da Organização Mundial da Saúde e da ONU.
Educação para um trânsito melhor – Outra ONG com destaque no Brasil é a ETEV – Educar para o Trânsito, Educar para a Vida, que surgiu em 2008.
Seu idealizador, Luiz Carlos André, de Santa Rita (PB), ganhou o Prêmio Volvo na categoria motorista profissional em 2010, ao apresentar suas ideias para a mudança de comportamento no trânsito.
“Trabalhei como motorista de ônibus durante 20 anos. Tempo suficiente para testemunhar o caos do trânsito brasileiro e perceber que uma das principais formas de mudança é a educação das crianças”, enfatiza Luiz Carlos.
“Por isso, trabalhamos com apresentações didáticas e lúdicas para crianças e adolescentes do Ensino Fundamental e Médio. Além de palestras em universidades e empresas”, completa Luiz.
Segundo os registros da ONG ETEV, mais de 45 mil pessoas já assistiram a alguma dessas apresentações, realizadas em 120 escolas e 37 empresas da região.
Também são realizadas Blitz Educativas em parceria com a Polícia Rodoviária Federal. Por sua influência, 14 de maio foi decretado como o Dia Municipal da Consciência no Trânsito, em sua cidade.
Luiz Carlos também leva ao ar um programa local de 1 hora na Rádio Cruz das Almas FM.
A ETEV também participou do projeto Zona Escolar Modelo no Trânsito, desenvolvido em vários países membros da Safe Kids Worldwide.
No Brasil, a escola municipal Índio Piragibe, de Santa Rita, foi a contemplada para o trabalho e as ações foram desenvolvidas pela ETEV, com apoio da ONG Criança Segura Safe Kids Brasil, com financiamento da empresa americana FedEX.
Mudança de direção – Sebastião Pires de Camargo, de Juiz de Fora (MG), também conquistou o Prêmio Volvo na categoria motorista profissional.
Ao todo, foram cinco vezes, sendo duas em nível nacional (1991 e 1993). Na primeira vez, foi a para a Suécia junto com os ganhadores das outras categorias.
Já, na segunda vez, mudou seu destino ao pedir para receber o valor da viagem em dinheiro. A ideia era usar o dinheiro para abrir um Centro de Formação de Condutores (CFC).
Seu objetivo, que foi concretizado, era treinar outros motoristas em sua cidade, passando adiante a sua experiência de mais de 30 anos como motorista de ônibus.
Assim, foi criado o SAEP – Serviço de Assistência Educacional a Profissionais, para o treinamento de motoristas profissionais de ônibus e caminhões.
Em 2001, sua empresa se transformou no CFC SAEP e seus familiares foram trabalhar com ele. Hoje são 38 funcionários ao todo, sendo 18 instrutores.
Cerca de 10 mil motoristas já foram treinados em cursos de direção segura e econômica na SAEP, que tem grandes empresas como clientes, em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Além disso, Sebastião ministra palestras em eventos sobre o tema.
“Treinamos cerca de 70 motoristas por mês e, acabamos de fechar um contrato para treinar 3 mil motoristas de táxi nesse ano de 2017”, comenta Sebastião.
“Acredito que já tivemos uma grande evolução na segurança no trânsito de forma geral, mas há ainda muito por fazer. E continuar disseminando a cultura de segurança é ainda uma das minhas missões”, finaliza.