*por Fernando Nunes
A eletrificação de carros, motos, caminhões e ônibus deixou de ser uma agenda “para o futuro” para se tornar um tema para o momento.
O investimento no setor, embora ainda tímido, tem se mostrado em franca evolução, da mesma forma que a necessidade para as pessoas e as empresas planejarem melhor seus orçamentos.
De acordo com 1º Anuário Brasileiro da Mobilidade Elétrica, divulgado em março pela Plataforma Nacional de Mobilidade Elétrica (PNME), existe uma aceleração no crescimento da frota de veículos elétricos leves de passageiros e comerciais.
Entre 2018 e 2019, o número de licenciamentos passou de 3.481 para 11.205 – um salto de 221,89%.
De acordo com os dados recentes da ABVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico, o total de eletrificados em circulação no país já alcançou 52.661 unidades, dos quais 8.230 emplacados na cidade de São Paulo, o que corresponde a quase 20% da frota elétrica brasileira.
Os números englobam todas as categorias de veículos eletrificados, sejam eles 100% elétricos, híbridos plug in e Híbridos não plug in (que não podem ser recarregados pela energia da rede)
Pelo lado dos consumidores, a eletrificação dos veículos é uma necessidade “para ontem”.
Com a mudança no regime de reajustes dos combustíveis no país, desde 2017, os preços têm oscilado bastante, acompanhando o valor do barril de petróleo no mercado internacional e do câmbio.
E isso vem provocando impactos sensíveis tanto no consumo direto das famílias que usam o carro como meio de locomoção como no indireto, encarecendo os fretes de muitos produtos e as tarifas de transporte coletivo.
Logo, carros, motos, caminhões e ônibus movidos a eletricidade podem ser, além de ecologicamente mais “saudáveis”, economicamente mais viáveis e estáveis do que os movidos a combustão, desde que se faça um planejamento para isto.
É fato que os carros a combustão ainda levam vantagem em relação ao preço. O elétrico mais barato do Brasil custa até cinco vezes mais que o hatch mais barato.
Na Europa, o preço médio é o dobro de um veículo a combustão em categorias similares.
Além disso, a maioria dos elétricos disponíveis no Brasil tem entre 300 km e 400 km de autonomia.
Qualquer carro que faça acima de 10 km/l com gasolina, rodará, em média, 500 km. E isso também coloca o veículo a combustão à frente.
Por outro lado, a vantagem econômica do elétrico está no custo por quilômetro rodado, já que a energia elétrica é consideravelmente muito mais barata que o custo de combustível comum.
Além da economia “na bomba”, outra vantagem dos elétricos são os sistemas de recuperação de energia embarcados no veículo, seja pela regeneração oriunda da frenagem, seja pela energia cinética acumulada pelo movimento dos carros.
E diferentemente do que as pessoas pensam, o processo de recarga dos veículos elétricos é bastante simples, prático e pode ser feito até mesmo dentro de casa e condomínio.
Carregadores AC wallbox são indicados para uso residencial, shopping centers, escritórios,etc. e são capazes de recarregar um carro enquanto o usuário faz outras tarefas, ou como a grande maioria das vezes plugá-lo durante a noite.
No entanto, a mobilidade elétrica depende de alguns fatores para se tornar um sucesso absoluto.
Além de uma matriz energética eficiente, carregadores inteligentes de corrente contínua hoje já são capazes de energizar as baterias de um veículo em curto intervalo de tempo e de forma segura, indicado principalmente para rodovias, grandes centros urbanos e frotas.
Em outras situações, como no caso de frotas de ônibus e caminhões elétricos, os veículos podem rodar o dia todo e assim que estacionarem para o pernoite fazerem a recarga de duas baterias.
Embora possam ser recarregados em intervalos mais curtos, o sistema de gerenciamento de recarga só será feita assim que a rede estiver com uma demanda menor, evitando sobrecarga no sistema, diminuindo não só os riscos operacionais como também otimizando o uso da energia elétrica em um “horário mais barato”.
Estes fatores, por si só, já deixam claro que um país que quer ter autonomia do petróleo, por exemplo, precisa necessariamente pensar em eletrificação.
Algumas nações já chegaram a esta conclusão e marcaram data para o fim da produção de carros movidos apenas a gasolina ou diesel.
Na Noruega, o prazo para que todos os novos veículos leves de passageiros e comerciais sejam de zero emissão já é 2025; no Reino Unido, esta meta é para 2035; e a França, por seu turno, quer eliminar a venda de veículos movidos à combustão interna até 2040.
*Gerente de Marketing e Comunicação da ABB Eletrificação