Por Lucia Camargo Nunes* – Das 5 mais recentes colunas que escrevo aqui, 4 tratavam de carros elétricos. Pode parecer exagero, mas é só olhar ao redor e para o mundo para entender porque eles geram tanto assunto.
Esta semana não tem como evitá-lo: dois dos mais importantes anúncios feitos no Brasil sobre o setor automotivo convergiam para a eletrificação.
A General Motors há algum tempo não tem oferta de um elétrico no Brasil – a nova geração do Bolt EV que era esperada para estrear no final do ano passado, sofreu um recall por baterias defeituosas e continua sumido das lojas por aqui.
Na semana passada, a fabricante fez um comunicado no estilo “olha, não temos nada por enquanto, mas estamos por aqui”.
O anúncio é de que no ano que vem a Chevrolet vai importar o SUV do Bolt, e em 2024, pretende importar a Blazer EV e o Equinox EV. Também sugeriu que a Chevrolet do Brasil poderia produzir elétricos e até se tornar em um polo exportador.
Caoa Chery lança ofensiva – Mas vamos falar do presente. A Caoa Chery, com os pés mais no chão, anunciou uma ofensiva em eletrificação de seus veículos.
Toda sua gama, agora, parte fabricada em Anápolis (GO), parte importada da China, passa a contar com opções híbridas convivendo com as versões flex ou gasolina. E, de quebra, inicia as vendas de um subcompacto que passa a ser o 100% elétrico mais barato do Brasil, o iCar.
Tanto o novo Tiggo 5x quanto o Tiggo 7, ambos nacionais, trazem sistema híbrido leve, o mesmo do sedã chinês Arrizo 6. Todos trazem boa economia de combustível.
O mais “evoluído” da espécie é o também importado Tiggo 8 híbrido plug-in, que promete consumo de quase 43 km/l de gasolina.
O iCar é o carimbo que a Caoa Chery dá para chancelar sua presença no segmento de carros 100% elétricos, enquanto o mercado se acomoda com melhorias de infraestrutura e maior aceitação dos consumidores pelas novas tecnologias.
Maioria das marcas tem representantes – Ainda é cedo para aferir se as estratégias da Chevrolet e da Caoa Chery terão efeito, mas os lançamentos da marca sino brasileira indicam ao mesmo tempo ousadia e cautela.
Os carros híbridos da Chery parecem ser uma solução mais viável para a infraestrutura existente no Brasil hoje, enquanto o elétrico pode servir como um city car, pequeno e fácil de estacionar.
Falta muito pouco para que todas as marcas que vendem carros no Brasil tenham pelo menos um exemplar eletrificado em seu showroom.
Numa conta rasa, de 28 marcas entre nacionais e importados presentes no Brasil, apenas 7 estão devendo um carro elétrico ou híbrido em seu atual portfólio, ou seja, 75% das marcas já aderiram à eletrificação.
Novas gerações de baterias, mais leves e eficientes, surgem para mostrar que a eletrificação está em contínua evolução e que está mais do que na hora, uns mais devagar e outros mais avançados, de fazer parte desse momento.
*Lucia Camargo Nunes é economista e jornalista especializada no setor automotivo, editora do portal www.viadigital.com.br. E-mail: lucia@viadigital.com.br