Relatório da Allianz Research revela que o Brasil e o México são os principais destinos de investimentos chineses em automóveis na América do Sul, impulsionados por estratégias de exportação e programas de incentivo à mobilidade verde.
Na última semana, a Allianz Research, departamento de análise da Allianz Trade, divulgou um relatório apontando o Brasil e o México como os principais destinos dos investimentos chineses no setor automotivo na América do Sul. De acordo com os economistas, essa tendência é impulsionada pela alta exportação para países emergentes, que agora representam quase 60% das vendas externas da China, contrastando com a queda na capacidade industrial do mercado doméstico chinês.
O relatório sugere que o aumento dos investimentos estrangeiros pode transferir parte da capacidade de produção da China para o exterior, compartilhando conhecimento e tecnologia. Esse movimento poderia gerar capital adicional para os chineses e ajudar a desenvolver a capacidade de fabricação em outros países. Entre abril de 2023 e março de 2024, foram anunciados pelo menos 41 projetos chineses de fabricação e logística no México e 39 no Vietnã, um aumento significativo em relação ao ano anterior.
Apesar dessa expansão internacional, a taxa de utilização da capacidade industrial chinesa caiu de 77,2% no primeiro trimestre de 2021 para 73,6% no primeiro trimestre de 2024, o nível mais baixo desde 2016, desconsiderando o impacto da Covid-19. Segundo os economistas, um desequilíbrio cíclico persiste, com medidas de estímulo do lado da oferta e uma demanda doméstica ainda fraca. O mercado chinês tem permitido que seus exportadores reduzam ainda mais os preços para manter ou expandir a participação no mercado externo, embora essa estratégia possa enfrentar resistência geopolítica.
No Brasil, os investimentos chineses em veículos elétricos têm crescido significativamente. Desde o início de 2024, três grandes fabricantes chineses de veículos elétricos comprometeram-se a investir no país, aproveitando o pacote verde de US$ 19 bilhões do governo brasileiro. O programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), sancionado recentemente, visa incentivar a produção de veículos sustentáveis, com investimentos distribuídos até 2028 e a meta de reduzir as emissões de carbono em 50% até 2030.
No México, o investimento chinês tem sido estratégico para contornar tarifas e restrições dos EUA. Em 2023, 33 fornecedores chineses de automóveis se registraram no México, com 18 exportando para os Estados Unidos.
Com uma acirrada guerra de preços no mercado doméstico, que tem corroído a lucratividade dos fabricantes de veículos elétricos, a exploração de oportunidades no exterior tornou-se prioridade para muitos. A Europa e os Estados Unidos, dois dos maiores mercados de veículos elétricos depois da China, estão impondo barreiras comerciais contra os VEs chineses, levando muitos fabricantes a direcionarem sua atenção para países em desenvolvimento, especialmente no Sudeste Asiático e na América do Sul.