Apesar do aumento no número de pontos de recarga, a eletromobilidade no Brasil esbarra em desafios como a baixa disponibilidade de carregadores rápidos, desigualdade na distribuição regional e falta de um planejamento estratégico nacional.
O Brasil tem registrado um aumento expressivo no número de eletropostos, mas a expansão da infraestrutura de recarga enfrenta desafios críticos que podem impactar o crescimento da frota elétrica no país. A desigualdade na distribuição geográfica, a baixa oferta de carregadores rápidos e a ausência de um plano estratégico nacional são alguns dos entraves que dificultam o avanço da eletromobilidade.
Expansão dos eletropostos cresce de forma desigual
A maior concentração de pontos de recarga está no Sudeste, enquanto Norte e Centro-Oeste ainda possuem uma rede insuficiente para atender a uma expansão acelerada dos veículos elétricos. Embora o crescimento percentual dessas regiões seja elevado, a infraestrutura ainda está longe de oferecer cobertura eficiente para motoristas que desejam adotar essa tecnologia.
Além disso, a maior parte dos eletropostos disponibiliza recarga lenta (AC), que pode levar várias horas para carregar um veículo elétrico. Apenas 16% dos pontos oferecem carregadores rápidos (DC), fator que afeta a praticidade da mobilidade elétrica, especialmente para motoristas que precisam de recargas ágeis no dia a dia.
Infraestrutura pode se tornar insuficiente rapidamente
Com um índice de 14 veículos elétricos para cada eletroposto, o crescimento da frota pode gerar gargalos no sistema. Se analisarmos apenas os veículos 100% elétricos (BEVs), a proporção de 6 veículos por ponto de recarga ainda preocupa, pois não considera múltiplos usuários que podem precisar de carregamento simultaneamente.
A falta de padronização também é um problema. Ainda não há regulamentação clara sobre a compatibilidade entre carregadores e diferentes marcas de veículos elétricos, nem sobre a tarifação do serviço. Isso pode dificultar o acesso e elevar os custos para motoristas e empresas que desejam investir em frotas eletrificadas.
Falta de incentivos e planejamento estratégico comprometem o crescimento
Outro entrave é a baixa oferta de incentivos para infraestrutura privada e residencial. Atualmente, a maioria dos eletropostos são públicos ou semi-públicos, mas a popularização dos veículos elétricos depende da facilidade de carregamento em residências e empresas. Sem incentivos adequados, muitos consumidores podem encontrar barreiras para aderir à tecnologia.
O investimento na expansão da infraestrutura tem sido majoritariamente privado, sem um suporte robusto de políticas públicas. A ausência de um plano estratégico nacional para a eletromobilidade coloca o Brasil atrás de outros países que possuem diretrizes claras e estruturadas para incentivar a adoção da tecnologia.
Energia cara pode dificultar a eletrificação da frota
O custo da eletricidade no Brasil é outro fator que pode afetar a competitividade dos veículos elétricos. Sem um planejamento eficiente da matriz energética, a demanda crescente pode elevar ainda mais os preços da energia, tornando o carregamento mais caro e reduzindo a atratividade da eletrificação no setor automotivo.
Embora o país tenha avançado no número de pontos de recarga, a eletromobilidade brasileira ainda precisa superar desafios regulatórios, estruturais e econômicos para se tornar uma alternativa viável e acessível no futuro.