O valor do IPVA no Brasil pode variar drasticamente de acordo com o estado onde o veículo está registrado, com diferenças de alíquota que podem reduzir ou dobrar o imposto. Enquanto alguns motoristas pagam pouco mais de R$ 100, outros desembolsam mais de R$ 1 milhão, revelando um cenário desigual na tributação automotiva nacional.
A cobrança do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) no Brasil evidencia a complexidade do sistema tributário nacional. O imposto, que incide sobre o valor venal dos veículos com base na Tabela Fipe, pode ter alíquotas que variam de 2% a 4%, dependendo do estado onde o automóvel está registrado. Essa diferença, somada às políticas de isenção que mudam de uma região para outra, cria disparidades significativas no quanto os motoristas desembolsam anualmente.
Estados como Acre, Espírito Santo, Santa Catarina e Tocantins aplicam a menor alíquota do país, de 2%, permitindo que proprietários paguem um valor reduzido pelo tributo. Em contrapartida, lugares como São Paulo e Goiás cobram a taxa máxima permitida, de 4%, praticamente dobrando o custo do imposto para os motoristas que residem nessas regiões. Essa variação faz com que muitos condutores cogitem transferir o registro de seus veículos para estados com tributação mais amigável.
As diferenças não param nas alíquotas. Cada estado também adota critérios próprios para isenção do IPVA. Enquanto em São Paulo a isenção é concedida para veículos com mais de 20 anos de fabricação, em estados como Paraná e Mato Grosso do Sul, o benefício é aplicado para modelos com 15 anos. Já em estados como Roraima e Amazonas, automóveis a partir de 10 anos podem ser isentos do imposto, tornando-se uma opção atrativa para quem deseja economizar.
A discrepância nos valores pagos pelo IPVA pode ser vista na prática ao comparar veículos populares e modelos de luxo. Em 2025, o imposto mais barato registrado no país foi de apenas R$ 117,64, pago por um proprietário de um buggy Fercar/Naja One 2005 no Tocantins. Se o mesmo carro estivesse registrado em São Paulo, o valor dobraria para R$ 235,28. Em contraste, o IPVA mais caro do ano pertence a uma Ferrari LaFerrari registrada em Goiás, cujo proprietário precisou desembolsar R$ 1,2 milhão devido ao valor venal do veículo, avaliado em R$ 34,8 milhões.
Outro caso que chama atenção é o do Aston Martin Valour 2024, avaliado em cerca de R$ 15 milhões. Registrado em São Paulo, onde a alíquota é de 4%, o proprietário desse superesportivo precisou pagar R$ 616 mil de IPVA. Se o mesmo veículo fosse registrado no Espírito Santo, onde a alíquota é de 2%, o imposto cairia para R$ 300 mil, e com o desconto para pagamento à vista, o valor final poderia chegar a R$ 270 mil – uma redução de mais da metade do imposto pago em São Paulo.
Essas diferenças nas cobranças fazem com que muitos motoristas busquem estratégias para reduzir os valores pagos, incluindo registrar seus veículos em estados com alíquotas menores. No entanto, essa prática pode ser considerada irregular se o proprietário não comprovar vínculo com o estado onde o veículo está registrado, podendo levar a penalidades e fiscalização por parte das autoridades de trânsito.
Além do impacto financeiro direto, as variações no IPVA também influenciam o mercado automotivo, afastando compradores de modelos mais novos em estados com impostos elevados. A isenção para veículos antigos, por exemplo, faz com que muitos consumidores optem por modelos com mais de 20 anos, apenas para evitar o pagamento do tributo. Esse fator pode afetar diretamente a renovação da frota brasileira, que já é uma das mais envelhecidas do mundo.
Diante desse cenário, o IPVA segue sendo um dos tributos mais polêmicos do Brasil, gerando debates sobre a necessidade de uma padronização nacional das alíquotas e das regras de isenção. Enquanto essa discussão não avança, motoristas precisam ficar atentos às particularidades de cada estado para evitar surpresas na hora de pagar o imposto.