Embora o mercado de veículos eletrificados no Brasil esteja em crescimento, desafios como incentivos fiscais insuficientes, infraestrutura de recarga desigual e alto custo dos modelos podem limitar a consolidação da eletromobilidade, afetando os benefícios ambientais e tecnológicos esperados.
A crescente demanda por veículos eletrificados vem mostrando avanços expressivos, mas a base de comparação ainda é pequena. Mesmo com um aumento de 24% nas vendas de fevereiro em relação ao mesmo período do ano anterior, o crescimento percentual pode mascarar a realidade de um setor que ainda precisa se expandir de forma estrutural para ganhar maior relevância.
A dependência de incentivos fiscais é outro ponto crucial. O sucesso dos veículos BEV e HEV Flex está fortemente condicionado às políticas de isenção ou redução de IPVA oferecidas por alguns estados. Essa dependência gera incerteza, pois a recente elevação dos impostos federais sobre os eletrificados importados pode frear o ritmo de crescimento, tornando a sustentabilidade do avanço questionável.
A infraestrutura de recarga também representa um desafio significativo. Embora a rede de eletropostos tenha se expandido para 14.827 pontos, a maioria, cerca de 83,6%, ainda são recargas lentas (AC), insuficientes para garantir autonomia adequada em viagens longas. A concentração dos carregadores na região Sudeste dificulta a adoção em outras áreas, prejudicando a distribuição homogênea da eletromobilidade pelo país.
A queda nas vendas de híbridos e micro-híbridos é preocupante. Os híbridos plug-in (PHEV) registraram uma diminuição de 12% em relação a janeiro, enquanto os híbridos convencionais (HEV) caíram 26%. Os micro-híbridos (MHEV), considerados uma porta de entrada para a tecnologia, também tiveram uma retração de 18% no mesmo período, sinalizando instabilidade na demanda e possíveis incertezas quanto às futuras inovações.
A concentração geográfica das vendas dos veículos eletrificados evidencia um avanço desigual: quase metade dos modelos vendidos está na região Sudeste, enquanto regiões como Norte e Centro-Oeste apresentam participações muito menores. Essa disparidade pode limitar o impacto ambiental positivo e reduzir as oportunidades de expansão comercial em todo o país.
O alto custo dos veículos eletrificados continua sendo um obstáculo para a adoção em massa. Mesmo com incentivos, os preços elevados afastam grande parte dos consumidores, restringindo a tecnologia a nichos de mercado e dificultando a popularização dos modelos mais acessíveis e eficientes.
Em conclusão, apesar dos sinais positivos de crescimento, o cenário da eletromobilidade no Brasil enfrenta desafios que, se não forem superados, poderão desacelerar sua expansão nos próximos anos. A dependência de incentivos fiscais, a infraestrutura insuficiente, a queda de vendas em categorias-chave e a concentração regional são barreiras que precisam ser resolvidas para que o país possa aproveitar plenamente os benefícios ambientais e tecnológicos da mobilidade elétrica.