A modernização da mobilidade passa cada vez mais pela inovação, e o plástico se consolida como um dos grandes aliados na transformação do transporte em todas as suas formas — dos automóveis aos aviões, passando por ônibus, caminhões e bicicletas.
O setor automotivo global tem incorporado materiais plásticos em larga escala como parte de uma estratégia que alia desempenho, eficiência energética e sustentabilidade. Nos veículos, os polímeros representam hoje entre 8% e 10% do peso total dos automóveis. No Brasil, essa porcentagem se traduz em cerca de 100 a 150 quilos de plástico por carro, enquanto na Europa esse valor já ultrapassa os 200 quilos.
Essa ampla aplicação é resultado das qualidades únicas dos plásticos: leveza, alta resistência, versatilidade e custo acessível. O uso do material permite não apenas a criação de peças com design moderno e funcional, mas também uma redução significativa no peso dos veículos — fator diretamente ligado à economia de combustível e à emissão de gases de efeito estufa.
Entre os componentes mais comuns fabricados com plástico estão painéis, alavancas, tampas de porta-malas, revestimentos internos e externos, colunas, entre outros. Com isso, os carros se tornam mais confortáveis, seguros e sustentáveis. Além disso, o plástico proporciona maior liberdade para inovações de design e integração com tecnologias embarcadas.
Outro ponto de destaque é o uso crescente de plásticos reciclados. Segundo dados do Movimento Plástico Transforma, em 2023 o setor automotivo brasileiro consumiu cerca de 71 mil toneladas de resinas recicladas pós-consumo (PCR), o que mostra o avanço de práticas sustentáveis dentro da cadeia produtiva automotiva.
Desse total, 38,5 mil toneladas foram de polipropileno reciclado (PP PCR), aplicadas em peças de reposição e compostos plásticos. Já o PET reciclado, com 20 mil toneladas, é utilizado em tapetes, cintos de segurança e revestimentos internos. O poliestireno reciclado (PS), por sua vez, apareceu em menor escala, com 3 mil toneladas, sendo aplicado em peças reutilizadas.
“O setor automotivo tem uma oportunidade única de se beneficiar com a utilização de plásticos reciclados, reduzindo custos e melhorando sua sustentabilidade”, afirma Simone Carvalho, integrante do grupo técnico do Movimento Plástico Transforma. Ela destaca ainda que essa mudança ajuda a criar um novo padrão de produção mais consciente e alinhado aos princípios da economia circular.
No transporte coletivo — que responde por 92% das viagens terrestres diárias no Brasil — o plástico também tem papel essencial. Ônibus e caminhões se beneficiam diretamente da leveza e da resistência dos polímeros, com ganhos em consumo e durabilidade. O setor é considerado estratégico para a economia brasileira, representando 3,5% do PIB e transportando mais de 140 milhões de passageiros por ano.
Além de seu uso em peças originais, o plástico permite reaproveitamento inteligente na indústria de transporte. Componentes descartados e sobras de produção são reciclados e transformados em novas partes para sistemas de refrigeração, lanternas, motores e suspensão, reduzindo o volume de resíduos e os custos de produção.
Na aviação, o protagonismo do plástico também avança. Airbus e Boeing estão investindo fortemente na adoção de termoplásticos e compósitos em suas próximas gerações de aeronaves. O foco está na substituição dos atuais modelos A320 e 737 por aviões mais leves, eficientes e com processos de produção mais modernos.
Os novos materiais utilizam fibras de carbono, vidro ou aramida combinadas a resinas especiais, criando peças de alta resistência e baixa densidade. Uma das inovações é a soldagem por ultrassom, que elimina rebites e autoclaves, reduzindo o consumo de energia e o tempo de montagem.
Essa transição tecnológica é um reflexo direto do que o setor de mobilidade busca atualmente: mais leveza, mais eficiência, menos impacto ambiental e mais possibilidades de reaproveitamento. O plástico, cada vez mais técnico e inteligente, está no centro dessa revolução.
Termos técnicos explicados:
- Polímero: macromolécula formada por unidades repetidas, base dos materiais plásticos.
- PCR (Pós-Consumo Reciclado): material plástico reciclado a partir de produtos já utilizados e descartados.
- Termoplástico: tipo de plástico que pode ser moldado repetidas vezes com aquecimento, permitindo reciclagem.
- Compósito: material formado por dois ou mais componentes (como fibra e resina) que resultam em alta resistência com baixo peso.
- Soldagem por ultrassom: processo de união de peças plásticas que utiliza vibrações sonoras em alta frequência.
- Economia circular: modelo de produção que prioriza o reaproveitamento de materiais, reduzindo resíduos e consumo de recursos naturais.
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