Em um movimento inédito no setor portuário mundial, a Santos Brasil se tornou a primeira operadora do Brasil e do planeta a adotar caminhões movidos a gás natural comprimido (GNC) para o transporte de contêineres dentro de um terminal, marcando uma nova era sustentável no Tecon Santos, no Porto de Santos (SP).
A iniciativa representa um marco ambiental e logístico: com 35 caminhões Scania modelo P 340 adquiridos por R$ 40 milhões, a empresa inicia a transição para uma frota mais limpa e eficiente, reduzindo em até 20% as emissões de CO₂ comparado aos modelos a diesel que ainda operam no terminal.
O modelo P 340 GNC foi especialmente configurado após estudos operacionais da Santos Brasil. O motor de 9 litros e 340 cv, aliado ao torque robusto de 1.600 Nm, garante desempenho ideal para o transporte de contêineres em ambiente portuário. A transmissão automatizada Opticruise G25CM, com 14 marchas, proporciona trocas rápidas e aproveitamento ideal de torque, elevando a eficiência energética dos veículos.
O entre-eixos de 3.950 mm abriga com precisão os oito cilindros de gás, enquanto o eixo traseiro R885 garante capacidade máxima de tração de até 78 toneladas, atendendo às demandas pesadas do terminal. Para maior segurança nas operações, os caminhões contam com o freio auxiliar Scania Retarder, capaz de gerar até 4.700 Nm de frenagem.
Outro diferencial dos veículos é a integração com um sistema eletrônico que coleta e transmite dados em tempo real, mesmo sob altas temperaturas, oferecendo ao motorista instruções operacionais instantâneas. O abastecimento da frota será feito em um posto de GNC em construção no próprio terminal, viabilizando a operação contínua e autônoma dos caminhões.
Essa renovação da frota se insere no projeto de modernização e ampliação do Tecon Santos, que visa aumentar sua capacidade anual de 2,6 milhões para 3 milhões de TEUs até 2026, com investimentos que ultrapassam R$ 2,5 bilhões.
De acordo com Bruno Stupello, diretor de Operações de Terminais Portuários da Santos Brasil, o uso do gás natural como combustível de transição é estratégico e reforça o Plano de Transição Climática da empresa, que prevê a redução de 70% das emissões diretas e 30% das indiretas até 2040.
A ação complementa outras medidas sustentáveis adotadas pela operadora. Em 2024, oito RTGs (guindastes de pátio) elétricos entraram em operação, reduzindo em 97% as emissões dos equipamentos e evitando a liberação de mais de 700 toneladas de CO₂ por mês.
Segundo Alex Nucci, diretor de Vendas da Scania Brasil, a operação é um divisor de águas para a marca e um exemplo global de aplicação dos veículos a gás em ambientes portuários. “Não existe operação similar em nenhum outro país. É um passo histórico na redução das emissões no transporte pesado e no avanço das tecnologias sustentáveis.”
A parceria entre Scania e Santos Brasil reafirma o alinhamento com os princípios ESG, ao unir inovação, eficiência operacional e compromisso com o meio ambiente. Trata-se de um case que pode redefinir os parâmetros da logística portuária no Brasil e no mundo.