A tecnologia LiDAR, que utiliza feixes de laser para mapear o ambiente ao redor do veículo, está transformando a forma como carros identificam e reagem ao trânsito, aumentando a segurança e viabilizando a condução autônoma.
O LiDAR, sigla para Light Detection and Ranging, é um sistema de detecção e medição que utiliza pulsos de luz laser para criar um modelo tridimensional do ambiente. Ao emitir feixes de luz e medir o tempo de retorno após o contato com objetos, o sistema consegue identificar com precisão a forma, o tamanho e a posição dos elementos ao redor do veículo. Essa capacidade permite que o automóvel “enxergue” o mundo com altíssimo nível de detalhamento, o que é essencial para sistemas de assistência ao condutor e para veículos com condução autônoma.
A função do LiDAR nos carros modernos é ampliar a percepção do ambiente, atuando em conjunto com câmeras e radares. Essa combinação forma o conjunto de sensores responsável por sistemas ADAS (Advanced Driver Assistance Systems), como frenagem autônoma de emergência, assistente de permanência em faixa e piloto automático adaptativo. Diferentemente dos radares, que utilizam ondas de rádio e possuem menor resolução, o LiDAR fornece imagens em alta definição, permitindo ao sistema distinguir entre pedestres, ciclistas, veículos e objetos estáticos com maior precisão.
Entre os modelos que já utilizam o LiDAR estão o Volvo EX90, o Mercedes-Benz EQS e o Honda Legend. O Volvo EX90, por exemplo, traz um sensor da norte-americana Luminar no topo do para-brisa, com capacidade de identificar pedestres a mais de 250 metros, mesmo em baixa luminosidade. Já o Mercedes EQS, com o sistema Drive Pilot, homologado para condução autônoma de Nível 3 na Alemanha, utiliza o LiDAR integrado ao para-choque dianteiro. O Honda Legend também foi o primeiro veículo de produção a ser homologado com tecnologia LiDAR para direção autônoma no Japão.
A principal vantagem do LiDAR em relação ao radar está na resolução e precisão das informações captadas. Enquanto o radar consegue detectar a presença de objetos, o LiDAR revela seu contorno e dimensão, formando um mapa tridimensional muito mais detalhado. Essa capacidade é fundamental para a navegação em ambientes urbanos complexos, onde é preciso distinguir entre uma árvore, um poste e um pedestre parado na calçada. Além disso, o LiDAR é menos suscetível a interferências eletromagnéticas e pode operar com mais confiabilidade em condições de baixa luminosidade, algo que limita o desempenho de câmeras.
Outro destaque da tecnologia é sua capacidade de detectar objetos pequenos ou não metálicos, que muitas vezes passam despercebidos pelos radares. Isso aumenta significativamente a margem de segurança, principalmente em situações de tráfego intenso ou de cruzamentos com pouca visibilidade. No caso de veículos autônomos, essa precisão é fundamental para garantir a tomada de decisões com base em dados reais e atualizados do ambiente ao redor, permitindo movimentos mais suaves, seguros e confiáveis.
Apesar dos avanços, o LiDAR ainda enfrenta desafios para se tornar uma tecnologia amplamente difundida no mercado. O principal obstáculo é o custo. Os sensores LiDAR ainda são significativamente mais caros que câmeras ou radares tradicionais, o que limita sua aplicação a veículos de alto padrão.
Outro fator é o design: muitas soluções atuais exigem módulos salientes no teto ou no para-choque, o que compromete a aerodinâmica e o estilo dos veículos. Além disso, sua performance pode ser afetada por fatores ambientais como chuva intensa, neblina ou acúmulo de sujeira na lente.
Para superar essas barreiras, fabricantes como Valeo, Hesai, Innoviz e Luminar vêm desenvolvendo versões solid-state, sem partes móveis, com menor tamanho e custo. A expectativa é que, com a miniaturização e a produção em larga escala, o LiDAR se torne uma opção viável também para carros médios e compactos. A evolução tecnológica pode fazer com que, em poucos anos, a tecnologia esteja presente em boa parte dos novos veículos, contribuindo para uma mobilidade mais segura e eficiente.
O papel do LiDAR vai além da simples detecção: ele representa um avanço estratégico na segurança veicular, integrando-se a um ecossistema de inteligência que permite respostas rápidas e precisas frente aos perigos da via. À medida que os carros se tornam mais inteligentes e independentes, o LiDAR se consolida como um dos pilares para alcançar níveis mais elevados de automação e prevenção de acidentes.
Vantagens do Lidar em relação ao radar tradicional
Embora os radares (que usam ondas de rádio) também sejam fundamentais na leitura do ambiente, o Lidar oferece benefícios superiores em certas aplicações:
Característica | Lidar | Radar tradicional |
Precisão | Alta (em milímetros) | Média (em centímetros) |
Resolução espacial | Excelente (mapa 3D detalhado) | Limitada (forma genérica) |
Detecção de objetos | Diferencia formas e contornos | Detecta massa, mas sem forma |
Sensibilidade | Detecta objetos pequenos e finos | Objetos maiores e metálicos |
Interferência | Pode ser afetado por luz solar intensa ou clima | Funciona bem em quase todo clima |
A combinação de Lidar com radar e câmeras forma um conjunto mais robusto, onde cada sensor cobre as limitações do outro, garantindo maior segurança ativa.
Quais os principais desafios do Lidar?
Apesar das inúmeras vantagens, o Lidar ainda enfrenta desafios técnicos e econômicos:
- Custo elevado: mesmo com avanços, os sensores Lidar ainda são mais caros que câmeras e radares.
- Fragilidade física: podem ser mais sensíveis a poeira, chuva intensa ou vibração excessiva.
- Dificuldade de integração no design: sensores visíveis no teto ou para-choque podem comprometer a estética ou aerodinâmica.
- Interferência em algumas condições climáticas: neblina densa, tempestades de areia ou luz solar direta ainda podem comprometer o desempenho.
Mesmo com essas limitações, o Lidar tem evoluído rapidamente, com versões solid-state (sem partes móveis) e com menor custo sendo desenvolvidas por empresas como Valeo, Luminar, Hesai, Innoviz e outras.
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LiDAR – Tecnologia de detecção a laser que cria mapas tridimensionais do ambiente ao redor do veículo.
Radar – Sensor que utiliza ondas de rádio para identificar objetos e calcular distância e velocidade.
Condução autônoma Nível 3 – Sistema que permite ao carro dirigir sozinho em certas condições, com o motorista pronto para retomar o controle quando solicitado.
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