Com o lançamento do plano Re:Nissan, a montadora japonesa inicia uma reestruturação profunda para garantir eficiência, reduzir dependência de volumes e retomar a lucratividade até o ano fiscal de 2026.
Enfrentando desafios de desempenho e aumento de custos variáveis no ano fiscal de 2024, a Nissan Motor Co., Ltd. anunciou o ambicioso plano Re:Nissan, com uma série de ações contundentes para transformar sua estrutura global. A iniciativa reflete o novo direcionamento da empresa sob nova gestão e visa criar uma operação mais enxuta, resiliente e adaptável às rápidas mudanças do mercado.
De acordo com o CEO Ivan Espinosa, o plano parte de uma análise crítica das práticas e metas anteriores, propondo cortes estratégicos e reorientações profundas em toda a cadeia de valor. O objetivo principal é garantir 500 bilhões de ienes em economias em relação aos custos de 2024, divididos igualmente entre custos fixos e variáveis, até o final de 2026.
Entre os principais pilares do Re:Nissan está a redução de custos variáveis em 250 bilhões de ienes. Isso inclui a criação de uma nova área de transformação com 300 especialistas dedicados exclusivamente à otimização de custos, além de uma reorganização da cadeia de fornecimento, com menos fornecedores, porém com maior volume, eliminando ineficiências e padrões obsoletos.
A Nissan também irá suspender temporariamente projetos avançados de novos produtos após 2026, redirecionando 3.000 profissionais para iniciativas de corte de custos imediatas. Essa decisão é viabilizada por um novo processo de desenvolvimento mais ágil, que reduz prazos sem comprometer os lançamentos programados.
Do lado dos custos fixos, outros 250 bilhões de ienes devem ser economizados com a consolidação de fábricas — passando de 17 para 10 unidades até 2027 — e o cancelamento da planta de baterias de ferro-lítio prevista para Kyushu, no Japão. Haverá ainda racionalização de unidades de motores, turnos e despesas operacionais.
Uma das ações mais impactantes do plano será a redução de 20 mil postos de trabalho globalmente até 2027, incluindo funções diretas, indiretas e terceirizadas. A medida já começou com a eliminação de 9 mil funções, e se estenderá a áreas como produção, marketing e serviços administrativos.
No desenvolvimento de produtos, a Nissan planeja diminuir a complexidade de componentes em 70%, reduzir de 13 para 7 o número de plataformas veiculares até 2035 e encurtar significativamente os prazos de desenvolvimento, com metas de 37 meses para novos modelos e 30 meses para variações subsequentes.
Essa nova abordagem já começou a ser aplicada em modelos como o novo Nissan Skyline, um SUV global da categoria C, e um novo SUV compacto da marca INFINITI, reforçando o apelo da montadora por veículos mais icônicos, com maior valor agregado e apelo internacional.
A estratégia de mercado da Nissan foi completamente revista. Países como EUA, Japão, China, Europa, Oriente Médio e México serão tratados como mercados-chave, com planos específicos. Nos EUA, haverá maior foco em modelos híbridos e no relançamento da marca INFINITI. Na China, os esforços se concentram nos NEVs (veículos de novas energias) e exportações. A Europa receberá mais atenção nos SUVs dos segmentos B e C, enquanto o México continuará como polo exportador estratégico.
Parcerias também terão papel essencial. A Nissan está avançando com colaborações já existentes com a Renault e a Mitsubishi, incluindo o desenvolvimento de um novo elétrico baseado na próxima geração do LEAF para a Mitsubishi. Também há continuidade na aliança com a Honda para tecnologias de eletrificação e inteligência veicular.
A Re:Nissan representa um plano ousado, com metas desafiadoras e prazos apertados. Contudo, com foco em rentabilidade, eficiência e inovação, a marca pretende não apenas superar a crise atual, mas construir uma base sólida para o futuro.
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TdC – Sigla para “Total Delivered Cost” (Custo Total Entregue), que avalia o custo total da entrega de um produto, considerando todo o processo de produção e logística.
NEVs (New Energy Vehicles) – Veículos movidos por fontes alternativas de energia, como elétricos a bateria (BEV), híbridos plug-in (PHEV) e célula de combustível (FCEV), especialmente promovidos na China.
SG&A – Sigla em inglês para “Selling, General and Administrative expenses”, que se refere às despesas comerciais, administrativas e operacionais indiretas de uma empresa.