A troca de óleo do motor é uma das manutenções mais rotineiras do automóvel. No entanto, o uso de lubrificantes falsificados ou fora das especificações técnicas do fabricante pode causar prejuízos graves ao funcionamento do motor e ao bolso do proprietário.
De acordo com o Instituto Combustível Legal (ICL), cerca de 10% dos lubrificantes vendidos no Brasil são clandestinos ou não seguem as normas exigidas para o desempenho adequado do motor. Isso representa um prejuízo estimado de R$ 1,4 bilhão por ano, tanto para o mercado formal quanto para os consumidores afetados.
Mesmo veículos com baixa quilometragem podem sofrer com os efeitos da adulteração. Em situações extremas, o reparo de motores danificados por lubrificação deficiente pode ultrapassar os R$ 12.000, especialmente em casos de superaquecimento, entupimento de dutos, falhas na correia dentada ou quebra de componentes internos.
Entre os principais tipos de adulteração estão: óleo reciclado sem reprocessamento técnico, embalagens falsificadas, aditivos de baixa qualidade e até mesmo óleo usado revendido como novo. Esses produtos perdem a capacidade de formar o filme lubrificante necessário, provocando atrito excessivo, borra, corrosão e desgaste de pistões, válvulas e virabrequim.
“O óleo errado compromete o sistema de lubrificação como um todo. Mesmo um pequeno desvio nas especificações pode gerar falhas cumulativas com o tempo. A escolha do lubrificante não deve ser baseada em preço ou praticidade, mas nas especificações exatas indicadas no manual do veículo”, alerta Carlo Faccio, diretor executivo do ICL.
Segundo estudos técnicos, o uso contínuo de lubrificantes inadequados pode reduzir em até 50% a vida útil do motor, além de elevar o consumo de combustível, aumentar a emissão de poluentes e, em muitos casos, acarretar a perda da garantia de fábrica.
Para ajudar os motoristas a evitar esse tipo de problema, o ICL recomenda cinco medidas fundamentais na hora de escolher o óleo do motor:
1. Consulte o manual do veículo
A montadora define a especificação correta de óleo para cada motor — incluindo viscosidade e padrão de desempenho (API, ACEA etc.). O uso incorreto compromete a proteção das peças internas e pode anular a garantia.
2. Exija a nota fiscal
Além de obrigatória, a nota fiscal garante a origem legal do produto, permite rastrear sua procedência e facilita eventuais ações de garantia ou reclamação.
3. Confirme o CNPJ e o fabricante
Use o CNPJ impresso na embalagem para consultar a empresa no site da Receita Federal. Verifique se ela está ativa, se tem histórico de irregularidades e se atua legalmente no setor de lubrificantes.
4. Observe selo de qualidade e rótulo completo
Produtos legítimos devem exibir selo do fabricante, número do lote, validade, viscosidade e classificação de desempenho. Fuja de embalagens com rótulos desbotados, mal colados ou sem lacre inviolado.
5. Compre em oficinas ou revendas autorizadas
Evite promoções muito abaixo do mercado, especialmente em postos e e-commerces desconhecidos. Prefira locais credenciados por fabricantes, que seguem padrões de controle e qualidade.
Faccio reforça que, por trás de um preço atraente, pode estar um produto que comprometerá o desempenho do carro e a segurança de seus ocupantes. “Essa economia ilusória custa caro depois. A escolha correta protege o motor, garante desempenho, evita falhas e preserva o valor do seu veículo.”
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Lubrificante automotivo: Óleo formulado para reduzir o atrito e o desgaste entre as partes móveis do motor. Deve obedecer padrões internacionais como API, ACEA ou ILSAC.
Viscosidade: Medida da resistência do óleo ao escoamento. É representada por códigos como 5W-30 ou 10W-40, definidos pelas normas SAE.
Borra no motor: Depósito espesso e escuro formado por óleo queimado ou contaminado. Causa entupimento e superaquecimento.
Filme lubrificante: Camada fina que separa as superfícies metálicas internas, evitando o contato direto e reduzindo o atrito.