A AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva realizou em São Paulo o XVIII Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluidos, consolidando-o como principal fórum da área na América Latina. Sob o tema “Mobilidade em Transformação”, o evento enfatizou que, mesmo com o avanço da eletrificação, os lubrificantes mantêm um “papel estratégico” para garantir a eficiência energética e a durabilidade dos sistemas, conforme ressaltou o presidente da AEA, Marcus Vinicius Aguiar. O simpósio dividiu-se em quatro sessões, abordando desde a descarbonização da cadeia automotiva até as novas tecnologias de medição de consumo de óleo e o desenvolvimento de fluidos especializados para motores híbridos e elétricos.
O XVIII Simpósio Internacional de Lubrificantes, Aditivos e Fluidos, promovido pela AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, reuniu especialistas para discutir o futuro da mobilidade, que é marcado por transformações profundas.
O tema central do evento foi “Mobilidade em Transformação: Sustentabilidade, Eletrificação, Digitalização e Lubrificação”.
Marcus Vinicius Aguiar, presidente da AEA, destacou na abertura que os lubrificantes continuam a ter um papel estratégico, garantindo que a eficiência e a durabilidade permaneçam no centro da engenharia automotiva, mesmo com o avanço da eletrificação.
Fernanda Ribeiro, coordenadora do simpósio, reforçou o compromisso da AEA com a sustentabilidade, classificando os pilares de sustentabilidade, eletrificação, digitalização e lubrificação como complementares para impulsionar a eficiência.
Sessão 1: Sustentabilidade na Cadeia Automotiva
- Carbono Neutro e Ciclo de Vida: Marco Garcia (Scania) abordou o tema “Carbono neutro na prática”, mostrando que a neutralidade de carbono exige a análise de todo o ciclo de vida dos produtos (da matéria-prima à reciclagem) e que os lubrificantes são essenciais nesse processo por influenciarem a eficiência energética e a durabilidade.
- Rerrefino e Economia Circular: Carolina Laguna Pimenta (Lwart) destacou o rerrefino como uma solução de economia circular de baixo impacto, com pegada de carbono 77% menor que o óleo de primeiro refino. O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de óleo rerrefinado.
- ESG em Grandes Empresas: Keurrie Goes (Transpetro) enfatizou que o ESG é uma necessidade estratégica e não uma tendência, citando que a agenda deve ser integrada à gestão de riscos e que as metas de sustentabilidade devem estar vinculadas a indicadores de desempenho e remuneração variável.
Sessão 2: Inteligência Artificial e Digitalização
- Indústria 4.0 e Digitalização: Iago Castro (Vibra Energia) detalhou como a Inteligência Artificial e a integração de dados transformam a eficiência operacional e a segurança industrial, mencionando a implementação de comunicação machine-to-machine para otimizar processos e antecipar falhas.
- Medição On-line de Consumo de Óleo: Leonardo Giglio (I+T) apresentou uma nova tecnologia de medição de consumo de óleo lubrificante baseada em espectrometria de massa. O método realiza a medição em tempo real (segundo a segundo), inclusive em ciclos transientes, superando as limitações do método tradicional por pesagem.
Sessão 3: Eletrificação Veicular e Fluidos Funcionais
- Panorama da Eletrificação: Everton Lopes (Mahle) apresentou um panorama da eletrificação, destacando que a assimetria global fará com que o sul global (incluindo o Brasil) mantenha a diversidade tecnológica (elétricos, híbridos e renováveis), enquanto a eletrificação plena avança no hemisfério norte.
- Gestão Térmica e Segurança: Everton Lopes e Paulo Berto (Iconic) destacaram o novo papel dos fluidos em veículos eletrificados. A gestão térmica é crucial para a vida útil e autonomia das baterias, e os fluidos precisam ter propriedades de não conduzir eletricidade (novos padrões exigidos, como na China) para evitar risco de curto-circuito e incêndio em caso de vazamento próximo a cabos e baterias.
- Lubrificantes Especializados: Leandro Benvenutti (Infineum) explicou que o desenvolvimento de lubrificantes especializados, de baixíssima viscosidade e alta estabilidade térmica, é decisivo para otimizar a eficiência energética em até 1,5% nos sistemas de propulsão integrados (EDUs) de veículos elétricos.
Sessão 4: Fluidos e Lubrificantes: Desafios e Oportunidades
- Nova Categoria PC-12: Marcus Vercelino (Lubrizol) abordou as tendências para a próxima geração de lubrificantes para motores pesados (PC-12), que sucederá as categorias CK-4 e FA-4. A nova formulação, alinhada às futuras normas de emissões Euro 7 e EPA 2027, exigirá óleos de menor viscosidade e menor teor de cinzas sulfatadas, sem comprometer a durabilidade.
- Etanol e Corrosividade: Charles Assunção (Petrobras) apresentou o tema “Influência do Etanol na Corrosividade de Óleos Lubrificantes de Motor GDI Flex Fuel”, mostrando que o aumento do teor de etanol na gasolina pode elevar a corrosividade e afetar a viscosidade dos lubrificantes em motores com injeção direta (GDI).
O evento foi encerrado com um debate mediado por Margareth Carvalho (Infineum), com a participação de Everton Lopes (Mahle), Leonardo Giglio (I+T), Marco Garcia (Scania) e Marcus Vercelino (Lubrizol). O Mecânica Online foi Media Partner do simpósio.
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AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) – Entidade que reúne profissionais, empresas e acadêmicos para promover o conhecimento e o desenvolvimento tecnológico no setor automotivo brasileiro.
Rerrefino – Processo de reciclagem altamente eficiente de óleos lubrificantes usados, transformando-os em óleos básicos de alta qualidade com uma pegada de carbono significativamente menor do que os óleos de primeiro refino, sendo um pilar da economia circular.
Ciclos Transientes – Condições de operação do motor em que as rotações e as cargas variam rapidamente (como em acelerações e desacelerações no tráfego real), em oposição às condições estacionárias (velocidade constante), sendo cruciais para testes precisos de consumo de óleo.
PC-12 (Performance Category) – Próxima categoria de desempenho de lubrificantes para motores Diesel pesados (sucessora de CK-4 e FA-4), focada em óleos de baixíssima viscosidade e menor teor de componentes que causam emissões, alinhada aos rigorosos padrões de emissão futuros.
