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Treadwear americano pode custar caro ao brasileiro por ignorar o clima e asfalto nacional

Índice de durabilidade dos EUA é baseado em testes artificiais que desconsideram o calor, a abrasividade do asfalto e a infraestrutura precária do Brasil, levando a escolhas ineficientes para o consumidor.

O índice de durabilidade Treadwear, amplamente utilizado no Brasil como referência de longevidade de pneus, é uma métrica criada nos Estados Unidos que não reflete a realidade das condições de uso e aplicação no país, segundo a Dunlop Pneus. Os testes que definem o Treadwear ocorrem em condições artificiais (pista lisa e temperatura controlada) e ignoram fatores cruciais brasileiros, como o clima tropical, que acelera a degradação da borracha, e a abrasividade do asfalto nacional. A escolha baseada apenas nesse índice pode induzir o consumidor a pagar mais por uma durabilidade que não se concretiza nas estradas e ruas brasileiras, resultando em prejuízo e desempenho abaixo do esperado.

O índice Treadwear, que faz parte do sistema UTQG (Uniform Tire Quality Grading) americano, tornou-se uma referência para muitos consumidores brasileiros na hora de escolher pneus, indicando a durabilidade comparativa entre diferentes modelos do mesmo fabricante. No entanto, a Dunlop Pneus alerta que essa métrica, criada na década de 1970 nos EUA, pode induzir a escolhas inadequadas para a realidade brasileira.

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Por que o Treadwear não reflete a realidade brasileira?

O problema reside na metodologia de teste, que é realizada em um cenário artificial: pista perfeitamente lisa, temperatura controlada entre 15°C e 25°C e velocidade constante, ignorando os fatores reais de desgaste no Brasil:

  1. Clima Tropical: As altas temperaturas no asfalto (frequentemente acima de 40°C) aceleram a degradação da borracha. A variação térmica e a umidade alteram as propriedades dos compostos, fragilizando a estrutura do pneu.
  2. Infraestrutura Precária: As vias brasileiras, com buracos, lombadas e irregularidades, criam padrões de desgaste muito distintos dos observados em pistas controladas.
  3. Padrões de Condução: O trânsito de “para e anda”, as frenagens bruscas e a sobrecarga de veículos impõem estresses que não são contemplados nos testes americanos.

O contraste é drástico: o asfalto brasileiro pode ser até 3 vezes mais abrasivo que a pista controlada usada no teste UTQG.

O Impacto no Bolso do Consumidor

Consumidores podem ser levados a pagar mais por um pneu com Treadwear elevado, esperando maior durabilidade, mas acabarão desapontados. Produtos com índices menores, mas desenvolvidos especificamente para as condições tropicais, podem oferecer um custo-benefício superior.

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Hugo Issao Terazaki, Gerente de Serviços Técnicos da Dunlop Pneus, alerta que comprar um pneu apenas pelo maior Treadwear, sem considerar outros fatores como a proposta de uso do produto e critérios do INMETRO, pode gerar decepção na durabilidade e no desempenho geral.

Alternativa e Guia para Escolha

No Brasil, o INMETRO prioriza critérios como resistência ao rolamento, aderência em pista molhada e ruído externo, que são mais adequados para a segurança e economia em condições tropicais.

A Dunlop investe em desenvolvimento específico para o mercado nacional, com produção local que inclui a tecnologia de fabricação sem emendas nas partes de borracha.

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Para uma escolha inteligente, a Dunlop recomenda que o consumidor considere:

  • Histórico: Experiência de outros usuários em condições de uso similares.
  • Garantias Nacionais: Se o fabricante oferece coberturas específicas para o mercado brasileiro.
  • Perfil de Uso: Padrão real de condução (urbano intenso, rodoviário, misto).

A crítica ao índice Treadwear feita pela Dunlop é um lembrete crucial de que as métricas globais nem sempre se aplicam à realidade local. O Treadwear é, essencialmente, uma ferramenta de comparação relativa sob condições ideais. Contudo, as severas condições brasileiras—caracterizadas por altas temperaturas que amolecem o composto da borracha, e uma infraestrutura viária notoriamente degradada—invalidam a expectativa de durabilidade que o índice sugere.

Essa discrepância não é apenas um detalhe técnico; é um problema econômico. O consumidor, ao buscar o índice mais alto, pode estar gastando mais por uma promessa de longevidade que o asfalto brasileiro irá “roubar”. A solução está na valorização de critérios locais, como os do INMETRO (aderência em piso molhado, que é vital nas chuvas tropicais), e na escolha de fabricantes que investem em desenvolvimento de produtos adaptados ao clima e às estradas nacionais, como a Dunlop com sua tecnologia de fabricação local. O desempenho real do pneu no Brasil deve ser o guia, não um índice padronizado para outra realidade.

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Treadwear: Um índice numérico (ex: 400) gravado na lateral do pneu que indica a taxa de desgaste comparativa sob condições de teste controladas nos EUA. Um número maior teoricamente indica maior durabilidade.

UTQG (Uniform Tire Quality Grading): Sistema de classificação de qualidade de pneus dos EUA que inclui os índices Treadwear (durabilidade), Traction (aderência em piso molhado) e Temperature (resistência ao superaquecimento).

Abrasividade do Asfalto: A capacidade da superfície da estrada de desgastar a banda de rodagem do pneu devido ao atrito. Asfalto mais áspero ou quente é mais abrasivo.

INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia): Órgão brasileiro que certifica e regulamenta a qualidade e segurança de produtos, incluindo pneus, com base em critérios adaptados à realidade do país.

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