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Scania testa hidrogênio e outras tecnologias sustentáveis em operações reais com clientes

Apesar de a eletrificação a bateria permanecer como foco central, a Scania usa seu programa Pilot Partner para explorar o potencial de soluções como caminhões a célula de combustível de hidrogênio, buscando a descarbonização do transporte pesado.

A Scania reafirma a eletrificação pura como sua principal estratégia, mas expande a pesquisa para o hidrogênio e outras soluções através do programa Pilot Partner, avaliando a viabilidade técnica e comercial para o transporte de carga, levantando a questão se o hidrogênio poderá ser um complemento viável para rotas de longo curso.

A Scania, uma das principais fabricantes de veículos pesados do mundo, está empenhada na transição para um sistema de transporte sustentável e livre de combustíveis fósseis.1 Embora a eletrificação direta a bateria seja o alicerce de sua estratégia de descarbonização, a empresa demonstra uma abordagem abrangente ao explorar diversas soluções em condições de uso real.

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Essa iniciativa é conduzida pelo programa Pilot Partner, uma colaboração estabelecida com clientes selecionados para testar tecnologias e fontes de energia alternativas.2 O objetivo é coletar dados práticos sobre desempenho, viabilidade operacional e potencial comercial para o futuro do transporte.

Em um anúncio recente no evento Transport.CH, em Berna, na Suíça, a Scania destacou sua parceria com a Asko Norge AS, uma líder em logística sustentável, para testar caminhões com célula de combustível de hidrogênio.

A colaboração entre as duas empresas tem como foco a avaliação técnica e operacional dos veículos a hidrogênio, que ainda não estão disponíveis para encomenda no mercado.

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O uso de hidrogênio nos testes não altera a estratégia principal da Scania, que se concentra em veículos puramente elétricos a bateria. No entanto, a montadora busca entender a fundo o desempenho, as forças e as fraquezas de outros portadores de energia e powertrains.

O programa Pilot Partner, criado em 2021, é o espaço onde a inovação encontra a aplicação, permitindo que a Scania e seus parceiros validem soluções em ambientes reais de transporte.

Tony Sandberg, chefe do Scania Pilot Partner, explica que testar em ambientes reais de transporte pesado é crucial para acelerar o progresso e entender o que funciona melhor na prática.

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Nos testes com a Asko, a Scania combinou sua tecnologia de powertrain elétrico com sistemas de hidrogênio. Os resultados iniciais mostraram que os caminhões podem atingir autonomias de até 1.000 quilômetros por reabastecimento.

Uma das grandes vantagens da solução a hidrogênio é que a emissão gerada durante a operação é apenas vapor de água, alinhando-se perfeitamente aos objetivos de redução de emissões.

Jørn Arvid Endresen, CEO da ASKO Midt, ressalta que fazer parte do programa oferece uma oportunidade única de influenciar o desenvolvimento de soluções sustentáveis que se encaixam em suas operações logísticas.

O programa Pilot Partner avalia desde soluções elétricas a bateria, que mantêm o foco estratégico da marca, até motores a combustão movidos por range extender (extensor de autonomia) e alternativas emergentes, como as células de combustível de hidrogênio.

A experiência prática obtida nestes projetos é fundamental para validar o desempenho da tecnologia, a eficiência operacional e o custo total de propriedade (Total Cost of Ownership – TCO).

O foco da Scania na eletrificação a bateria a posiciona ao lado de concorrentes como Volvo Trucks e Daimler Truck (Mercedes-Benz e Freightliner), que também investem pesadamente em caminhões elétricos a bateria (BEV). Os BEVs são ideais para distribuição urbana e rotas regionais com distâncias mais curtas e previsíveis.

A iniciativa de testar o hidrogênio a célula de combustível (FCEV) com a Asko é uma jogada estratégica que reconhece as limitações atuais dos BEVs em rotas de longuíssimo curso, onde o peso das baterias e o tempo de recarga são desvantagens. O hidrogênio, ao permitir autonomias de até 1.000 km com reabastecimento rápido, surge como um potencial concorrente ou complemento para o diesel em viagens interestaduais ou internacionais.

O programa Pilot Partner é um ponto forte da Scania, pois permite o desenvolvimento de produtos em cocriação com o cliente. Isso garante que as soluções finais atendam às necessidades reais das transportadoras, validando a robustez e a eficiência em ambientes operacionais.

O ponto fraco do hidrogênio, contudo, reside na infraestrutura de produção, transporte e abastecimento, que é incipiente e exige um investimento inicial massivo, tornando o custo total de propriedade dos FCEVs potencialmente maior que o dos BEVs e diesel no curto prazo.

A Scania está lançando um programa inédito (o Pilot Partner) com clientes, tratando o hidrogênio como uma alternativa emergente, mas não como o pilar da sua estratégia, o que confere um posicionamento equilibrado e realista no mercado de combustíveis alternativos.

O caminhão a hidrogênio, quando comercializado, será direcionado a transportadoras com demandas de longas distâncias e acesso a uma infraestrutura de abastecimento dedicada, como é o caso da Asko. Já os caminhões a bateria da Scania continuam a ser o foco para quem busca zero emissão e opera em rotas de menor autonomia.

A Scania adota a filosofia “mecânica do jeito que você entende” ao ser transparente sobre sua prioridade – a eletrificação a bateria – mas, ao mesmo tempo, demonstra visão de futuro e responsabilidade ao não ignorar o hidrogênio.

A FCEV pode ser a peça que falta para a descarbonização completa do transporte rodoviário pesado, especialmente em mercados com vastas distâncias como o Brasil.

A iniciativa Pilot Partner não é apenas um teste de veículos, mas um testemunho de que a transição energética nos transportes será construída em parceria entre fabricantes e usuários, garantindo que a tecnologia seja robusta, viável e economicamente sustentável.

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Eletrificação Direta a Bateria – Solução de transporte que utiliza exclusivamente a energia elétrica armazenada em baterias para mover o veículo, sem depender de motores de combustão ou células de combustível.

Célula de Combustível de Hidrogênio (Fuel Cell) – Dispositivo que gera eletricidade a partir da reação química entre hidrogênio e oxigênio, sendo que o único subproduto é o vapor de água. A eletricidade gerada alimenta o motor elétrico do caminhão.

Powertrain – Termo técnico que descreve o conjunto de componentes que geram potência e a transmitem para as rodas de um veículo, incluindo motor, transmissão e eixos (e sistemas elétricos ou híbridos).

Range Extender (Extensor de Autonomia) – Pequeno motor de combustão interna, geralmente a combustíveis renováveis, que não traciona as rodas, mas opera apenas para gerar eletricidade e recarregar as baterias do veículo elétrico, aumentando sua autonomia.

Total Cost of Ownership (TCO) – Custo Total de Propriedade. Métrica que calcula todos os gastos envolvidos com um veículo ao longo de sua vida útil, incluindo compra, combustível/energia, manutenção, pneus e desvalorização.

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