A AEA apresentou o Fórum Estratégico de Engenharia para mobilizar montadoras, sistemistas e governo em defesa da engenharia automotiva brasileira. A iniciativa busca fortalecer centros de pesquisa locais, ampliar o adensamento produtivo e acelerar tecnologias de biocombustíveis e bioeletrificação.
O setor automotivo brasileiro ganhou um novo instrumento de articulação estratégica com o lançamento do Fórum Estratégico de Engenharia, promovido pela AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva. O evento, realizado em São Paulo, reuniu cerca de 60 executivos de montadoras e sistemistas, majoritariamente líderes de engenharia, e marcou o início de um movimento coordenado para recuperar a relevância da engenharia nacional.
A iniciativa integra o novo Planejamento Estratégico da AEA, desenvolvido em parceria com governos, academia e iniciativa privada. O objetivo central é fortalecer centros de pesquisa e desenvolvimento no Brasil, ampliando a capacidade local de projetar veículos, sistemas e componentes, além de estimular o adensamento da cadeia produtiva.
Durante a abertura, o presidente da AEA, Marcus Vinicius Aguiar, apresentou um panorama dos últimos 35 anos da indústria, desde a abertura às importações até a chegada recente de novos entrantes com produtos CBU, SKD e CKD. Segundo ele, esse movimento expôs fragilidades da engenharia nacional, apesar do domínio tecnológico brasileiro em áreas como descarbonização veicular e biocombustíveis.
Aguiar destacou que o Brasil possui vantagens competitivas únicas, como a abundância de fontes renováveis, e defendeu que o país deve assumir protagonismo global em tecnologias inovativas de propulsão limpa. Para ele, o enfraquecimento da engenharia local não condiz com a capacidade técnica dos profissionais brasileiros.
O vice-presidente da AEA, Everton Lopes, apresentou uma análise detalhada do cenário atual da engenharia automotiva no país. Ele apontou caminhos para recuperar a relevância dos centros de desenvolvimento, reforçando que a engenharia local é essencial para elevar o conteúdo nacional e reduzir dependências externas.
O evento também contou com o painel “Como impulsionar a Engenharia Automotiva Brasileira”, reunindo representantes do MDIC, BNDES, Anfavea, Sindipeças e Bosch América Latina. Os painelistas foram unânimes ao afirmar que investimentos em P&D automotivo são vitais para a retomada do crescimento industrial, especialmente em tecnologias de biocombustíveis e bioeletrificação, áreas nas quais o Brasil pode liderar globalmente.
A AEA anunciou que o Fórum Estratégico de Engenharia terá quatro edições anuais a partir de 2026, com a missão de produzir estudos técnicos e apoiar o Governo Federal na formulação de políticas industriais de longo prazo para o setor automotivo.
A criação do fórum ocorre em um momento de transição tecnológica acelerada, em que países competem para atrair centros de engenharia e consolidar cadeias produtivas mais robustas. No Brasil, a iniciativa busca evitar a perda de protagonismo e garantir que a indústria local acompanhe a evolução global em eficiência energética, eletrificação e sustentabilidade.
Para o mercado, o movimento reforça a importância de alinhar políticas públicas, investimentos privados e capacitação técnica. Em um cenário de concorrência crescente com produtos importados, fortalecer a engenharia nacional é um diferencial estratégico para manter competitividade, gerar empregos qualificados e ampliar a autonomia tecnológica do país.
O Fórum Estratégico de Engenharia surge, portanto, como uma plataforma de articulação e conhecimento, reunindo os principais atores da cadeia automotiva para discutir soluções estruturantes. A expectativa é que a iniciativa contribua para reposicionar o Brasil no mapa global da inovação automotiva, especialmente em tecnologias sustentáveis.
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CBU, SKD e CKD
Siglas que indicam o nível de montagem local. CBU é o veículo totalmente importado; SKD chega parcialmente desmontado; CKD vem completamente desmontado para montagem no país.
Bioeletrificação
Integração entre eletrificação veicular e biocombustíveis, permitindo reduzir emissões com soluções híbridas adaptadas à realidade energética brasileira.
Adensamento produtivo
Processo de ampliar a produção local de componentes, reduzindo importações e fortalecendo a cadeia automotiva nacional.
