A descarbonização do setor automotivo brasileiro não será alcançada por uma única solução tecnológica. O futuro da mobilidade de baixo carbono depende da integração entre montadoras e seguradoras, que juntas podem transformar desafios em oportunidades e posicionar o Brasil como referência global.
O debate realizado durante a COP30 em Belém mostrou que o país tem condições únicas para avançar na transição energética. A diversidade de soluções — como eletrificação, biometano, biodiesel B100 e híbridos flex — foi apontada como vantagem competitiva, já que cada tecnologia atende diferentes perfis de clientes e realidades regionais. Essa multiplicidade de rotas é vista como essencial para que a descarbonização seja equilibrada e acessível ao consumidor.
Outro ponto inovador foi a análise da chamada “camada invisível” de emissões geradas por sinistros automotivos. Colisões, reparos e substituição de peças representam impacto significativo, mas pouco estudado. O setor de seguros pode transformar esse passivo em oportunidade ao tratar salvados como recursos, incentivando a reutilização de peças, reciclagem e padronização de processos. Essa abordagem insere a economia circular como política de negócio e amplia a eficiência econômica e ambiental.
As seguradoras foram destacadas como agentes estratégicos da transição. Ao integrar práticas sustentáveis na gestão de indenizações e estimular padrões mais limpos em reparos, o setor pode induzir comportamentos responsáveis em toda a cadeia produtiva. Além disso, o seguro é visto como ferramenta para administrar riscos da descarbonização, garantindo que investimentos sejam viáveis e escaláveis.
Entre os desafios apontados estão a necessidade de infraestrutura de recarga para veículos elétricos em longas distâncias, a importância da produção local para reduzir custos e ampliar sustentabilidade, e a continuidade de políticas públicas como Rota 2030 e Mover, que já resultaram em 35% de redução de emissões em dez anos.
Editorialmente, a mensagem é clara: a descarbonização só será possível com colaboração entre indústria e seguros. Montadoras trazem inovação tecnológica, enquanto seguradoras oferecem gestão de riscos e economia circular. Essa sinergia cria pontes para que o Brasil avance em direção às metas climáticas, equilibrando competitividade, sustentabilidade e inclusão.
Adicione o Mecânica Online® como seu site favorito e nos encontre no Instagram @tarcisio_mecanica_online e @mecanicaonlinepe. Acompanhe também os vídeos no canal do YouTube @autoespecialista para ter uma informação mais completa, com conteúdo técnico que ajuda na melhor tomada de decisão sobre produtos, reparação e tecnologias.
Mecânica Online® – Mecânica do jeito que você entende.
O termo biometano refere-se ao gás renovável obtido de resíduos orgânicos, usado como alternativa ao diesel.
A economia circular busca reaproveitar recursos e reduzir desperdícios, transformando resíduos em insumos.
Já os salvados automotivos são veículos ou peças recuperadas de sinistros, que podem ser reutilizados ou reciclados.
