Com o verão brasileiro, o calor intenso aumenta os riscos de falhas mecânicas em viagens longas. Motor, freios e pneus são os sistemas mais vulneráveis, e a manutenção preventiva torna-se essencial para evitar acidentes.
As altas temperaturas típicas do verão representam um fator de risco adicional para quem pretende encarar viagens acima de 400 quilômetros, especialmente em períodos de trânsito intenso. Segundo o professor Cleber William Gomes, da FEI, o calor excessivo compromete o desempenho de sistemas essenciais do veículo, tornando a manutenção preventiva determinante para a segurança.
Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) indicam que cerca de 30% dos acidentes em rodovias federais no verão estão relacionados a falhas mecânicas, como pneus carecas, superaquecimento do motor e falhas nos freios. Já o Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) aponta que panes mecânicas figuram entre as cinco principais causas de acidentes em viagens longas.
Segundo Gomes, o motor foi projetado para operar em altas temperaturas, mas isso só é garantido quando três fatores são respeitados: óleo lubrificante em boas condições, filtro de ar limpo e líquido de arrefecimento adequado. Se qualquer um falhar, o atrito aumenta e o sistema pode entrar em colapso.
Os freios também exigem atenção. O fenômeno chamado fading — perda temporária de eficiência devido ao aquecimento excessivo — pode ser agravado por fluido contaminado ou peças paralelas de baixa qualidade.
Os pneus sofrem variações de pressão conforme a temperatura ambiente, aumentando o risco de falhas quando estão desgastados ou fora das especificações do fabricante.
O calor intensifica problemas já existentes: mangueiras ressecadas podem se romper, pneus carecas podem estourar e sistemas de arrefecimento sobrecarregados podem levar ao superaquecimento em engarrafamentos. Gomes alerta: “Jamais abra a tampa do sistema de arrefecimento com o motor quente, o líquido está sob pressão e pode causar acidentes graves”.
Outro ponto crítico é o fator humano. Em viagens longas, a fadiga reduz o tempo de reação. A recomendação é fazer pausas regulares a cada 1h30, para descanso e avaliação das condições físicas do motorista.
No Sudeste, especialmente na saída da capital paulista e do ABC rumo ao litoral, o alerta é ainda mais relevante. O trânsito intenso aliado ao calor cria condições críticas para o motor. A prudência é parar e procurar assistência antes de seguir viagem.
Por fim, Gomes reforça que a manutenção preventiva é sempre mais barata e segura do que a corretiva, tanto para veículos de passeio quanto para frotas. “Cuidar do veículo é cuidar da própria vida e da segurança de todos”, conclui.
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Fading – Fenômeno de perda temporária da eficiência dos freios devido ao aquecimento excessivo.
Arrefecimento – Sistema responsável por controlar a temperatura do motor, utilizando fluido para dissipar calor.
Lubrificante – Óleo que reduz o atrito entre componentes internos do motor, evitando desgaste e superaquecimento.
