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Por que as campanhas de recall têm índice de resposta tão baixo no país?

O termo recall já está incorporado ao vocabulário do motorista brasileiro. De 1988, ano da primeira convocação desse tipo no país, até 2018, quando mais de um milhão de proprietários foram chamados a realizar reparos críticos em seus veículos, o procedimento se tornou uma rotina no mercado automobilístico.

Apesar disso, segundo o Denatran, o índice de resposta ainda é muito baixo no Brasil. Apenas 43% dos cerca de 10 milhões de recalls registrados no órgão nacional de trânsito foram atendidos pelos proprietários. Isso significa que mais de 5 milhões de veículos podem estar circulando com defeitos de fabricação que implicam risco para motoristas e passageiros.

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Mas por que isso acontece?

Uma das razões tem a ver com o custo. Por mais que o procedimento seja gratuito e garantido por lei, muitos proprietários têm que se deslocar para outras cidades ou suspender uma atividade produtiva para que o veículo receba o reparo, algo que acaba inibindo a adesão.

“Além disso, quase 40% dos consumidores evitam recalls porque temem que sua concessionária recomende reparos adicionais, conforme estudo da University of Michigan Transportation Research Institute“, acrescenta o professor e pesquisador de Engenharia Automotiva da Universidade de Brasília (UnB), Alessandro Oliveira.

Contudo, de acordo com o pesquisador, para 52% dos entrevistados, agrupar os recalls à manutenção programada é uma maneira de aumentar a participação. “Nos EUA, alguns casos obtiveram maior sucesso através de uma campanha de desconto para troca de óleo no momento de fazer o recall”, informa.

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Comunicação assertiva

Ainda assim, uma das principais razões que justifica o baixo índice de resposta é que muitas vezes o proprietário nem fica sabendo do chamado. Apesar das montadoras fazerem a divulgação por meio da imprensa, internet e até por carta, grande parte dessas correspondências não chegam aos destinatários porque os endereços estão desatualizados ou referem-se a um antigo proprietário daquele veículo.

Para mudar essa realidade, os Ministérios da Justiça e da Infraestrutura assinaram, no dia 1° de julho, a Portaria Conjunta nº 3, que altera o processo de chamamento de recall e inclui a publicação do alerta no documento do veículo.

A partir de agora, as montadoras vão utilizar o sistema “Aviso de Recall”, desenvolvido pelo Serpro, em parceria com o Denatran, para entrar em contato diretamente com os proprietários através dos Correios, e-mail cadastrado no Portal de Serviços do Denatran e pelos aplicativos mobile: CDT – Carteira Digital de Trânsito e SNE – Sistema de Notificação Eletrônica.

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O serviço também vai disponibilizar às montadoras, ao Departamento Nacional de Trânsito e à Secretaria Nacional do Consumidor, relatórios mensais com a relação de notificações enviadas e a confirmação de recebimento por parte do atual proprietário do veículo. A funcionalidade permitirá um maior controle da efetividade do processo, gerando indicadores para melhoria constante das práticas de recall no país.

Na avaliação do professor Alessandro Oliveira, as mudanças feitas pelo governo permitem uma melhor difusão das convocações, aumentando a possibilidade de atingir um maior número de consumidores. “Tendo em vista os estudos da Associação Nacional de Segurança de Tráfego em Rodovias (National Highway Traffic Safety Association – NHTSA), nos EUA, um sistema eficiente de informação para o recall pode fazer com que o Brasil atinja o índice americano de 80% de veículos atendidos”, projeta.

Isso pode significar que muitas vidas serão salvas. “É bastante difícil separar uma ação de segurança veicular de outra, mas entre 2006 e 2015 houve, segundo a NHTSA, uma redução de 17,8% em acidentes fatais nos EUA e grande parte disso é devido à redução de falhas de produtos garantidas pelo procedimento de recall”, completa Oliveira.

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