Uma nova classe. Assim surgiu há 60 anos o BMW 1500 New Class, modelo que foi lançado no IAA de 1961. O salão internacional de Frankfurt parou para ver o novo sedã do BMW Group.
O tempo de espera para ver e entrar no carro por um minuto que fosse chegava a meia hora. Nem mesmo o lindo BMW 3200 CS Coupé de oito cilindros conseguiu chamar tanta atenção.
O BMW 1500 representou uma nova era para o fabricante: a dos sedãs médios esportivos. Até então a marca não tinha um carro que ficasse no meio termo entre os seus modelos de acesso e os de luxo.
O nome New Class não poderia ter sido mais bem escolhido. Não demorou muito para o modelo se tornar sonho da nova classe média alemã.
Ser funcional, confiável e esportivo ao mesmo tempo era uma combinação inédita no mercado. O BMW 1500 oferecia espaço interno amplo, porta-malas capaz de levar 600 litros e tudo nele era pensado para ser prático, do painel criado para não causar reflexos no para-brisa aos instrumentos redondos de fácil leitura.
Contudo, o mais interessante não era apenas a praticidade. O Puro Prazer de Dirigir acessível era o principal argumento de sedução do BMW 1500. O desempenho o destacava diante dos rivais desatualizados dos anos 60.
O motor 1,5l dava o nome ao carro e rendia 75 cv originalmente, mas a potência foi ampliada a 80 cv no modelo de produção após a taxa de compressão ter sido elevada.
O torque de 117 Nm estava disponível quase que por inteiro a partir de 1.400 rpm, o que transformava o quatro cilindros em um propulsor tão gostoso em baixas rotações quanto era em altas.
A cavalaria levava os 950 kg do New Class de zero a 100 km/h em 16,8 segundos e a velocidade máxima chegava a 150 km/h, resultados muito bons para um modelo familiar naquela época.
De tão reforçado, esse bloco de motor prestaria bons serviços não apenas nos carros de passeio da marca.
O quatro cilindros serviu de base para várias aplicações de pista de corrida, entre elas, o 1.5 turbo usado na Fórmula 1 da Brabham BMW dos anos 80. Foi com esse propulsor de mais de 800 cv que Nelson Piquet ganhou o campeonato de F1 de 1983.
Puro Prazer de Dirigir era com o BMW 1500. A tração era traseira e o câmbio era sincronizado de quatro marchas, com trocas precisas.
Independente nas quatro rodas, a suspensão era McPherson na dianteira e braços oscilantes sobre eixo rígido e molas helicoidais na traseira. A afinação era esportiva, com pequena inclinação da carroceria e comportamento dinâmico neutro.
De proporções elegantes e com três volumes bem definidos, o desenho até hoje tem a capacidade de atração que somente os carros realmente clássicos têm.
Pudera, ele foi criado pela equipe do estilista chefe da BMW, ninguém menos que o próprio Wilhelm Hofmeister, com a consultoria do designer Giovanni Michelotti.
O resultado foi uma mistura do estilo italiano com a precisão germânica em cada detalhe. As linhas eram limpas e modernas, com grade discreta ao estilo do BMW 507, enquanto a traseira se destacava pelas lanternas verticais integradas ao conjunto.
Há uma bela curiosidade sobre o desenho. Herbert Quandt, o principal acionista da BMW, foi um dos responsáveis por vários retoques no design.
Após ver o protótipo, o executivo reclamou que a grade de duplo rim cercada apenas por metal deixava a dianteira muito simples.
A pedido dele, os designers colocaram o clássico duplo rim no centro, mas com uma grade horizontal que engloba também os faróis, enquanto os piscas ficavam nas laterais. Um estilo que perdurou décadas no BMW Group.
A combinação de grade horizontal com duplo rim e faróis redondos não foi a única herança de estilo que o BMW 1500 deixou para os futuros carros da marca.
O sedã estreou um detalhe que está em todos BMW até hoje: a famosa coluna traseira Hofmeister na junção com a carroceria.
A base da coluna era mais grossa e vinha acompanhada de uma pequena torção que fugia da mesmice e, de quebra, aumentava a rigidez em uma parte sensível de qualquer estrutura.
O BMW 1500 trouxe todo o aprendizado da fabricante o que diz respeito à resistência torsional. De tão rígido, o modelo estava ansioso para receber motores mais fortes.
Foi o que aconteceu em 1963, quando surgiu o BMW 1800 TI. As duas últimas letras significam Turismo Internazionale, uma veia de competição que combinava com o novo motor 1,8l de 110 cv.
O câmbio de quatro marchas tinha relações curtas para ajudar o sedã a ir de zero a 100 km/h em 11 segundos.
O BMW New Class ainda receberia um motor 1.6 de 83 cv, uma forma de adequar o modelo a todos os públicos, seja alguém interessado em desempenho esportivo ou agilidade e praticidade no dia a dia.
Independentemente da versão, uma coisa liga todos os carros da linha New Class: o Puro Prazer de Dirigir.