Nos últimos anos, um dos setores que mais passaram por revoluções e atualizações, bem como esforços para melhoria de tecnologias e soluções sustentáveis, foi o da mobilidade urbana, principalmente quando se fala em automóveis.
Tanto é, que em 10 anos, segundo dados da AIE – Agência Internacional de Energia – a venda global e participação no mercado de vendas de carros elétricos subiu de 0,01% em 2010 para 8,57% em 2021.
Isso se expressa em dados e pesquisas, principalmente quando se fala em conhecimento e popularização dos VEs – veículos elétricos -, uma revolução que passa a ser não mais tendência e sim realidade.
Representando, então, o que podemos chamar de o fim da era glacial na mobilidade (do motor de combustão interna) e início da era digital onde os consumidores optam pelos deslocamentos mais eficientes, compartilhados, elétricos e sustentáveis.
Este momento já vinha sendo trabalhado há muitos anos, com pequenas revoluções que foram pavimentando o caminho para a nova mobilidade.
A sigla C.A.S.E já é comum entre as montadoras que estão olhando para os veículos do futuro: Connected — Autonomous — Shared & Electric (conectados, autônomos, compartilhados e elétricos).
Mas, seja qual for o nome, é para isso que o futuro dos carros e da nova mobilidade nas estradas e na cidade parece estar muito bem caminhando.
Desde o primeiro lançamento de um veículo híbrido, ou quando as montadoras e países foram forçados a diminuir a quantidade de CO2 na atmosfera, este estilo ESG mais sustentável de sociedade e, principalmente, de como se locomover foi surgindo.
E obviamente, o investimento, mesmo que em velocidade diferente, também foi fundamental.
Entre os principais mercados de eletrificação hoje, Europa e China lideram, mas a maioria dos mercados está seguindo estes passos.
No Brasil, por exemplo, de acordo com pesquisa encomendada pelo Itaú Unibanco, realizada em janeiro, 62% dos 100 mil clientes entrevistados mostraram interesse em comprar um veículo eletrificado.
Outro ponto que contribuiu com o fim da era do gelo está na rápida expansão da infraestrutura de carregamento, e aqui, temos de ressaltar que falta muito para alcançar as velocidades dos mercados já maduros.
Assim, é cada vez mais comum que empresas, incluindo OEMs de automóveis, companhias de energia, entre outros, estão desenvolvendo infraestruturas de recarga e energia solar que incluem casas, rodovias, espaços comerciais e públicos a possibilidade de carregamento de veículos elétricos e outros modais de mobilidade elétricos com foco na última milha, ou deslocamentos de até 8 quilômetros.
Além disso, o ingresso da tecnologia digital na esfera pessoal da mobilidade, ou seja, carros de passeio, vans e veículos de duas rodas, aceleram o fim da era atual.
Muitas tecnologias digitais estão sendo incorporadas em carros de passageiros, como: entrada sem chave, compartilhamento, estacionamento autônomo e monitoramento remoto de comportamento do consumidor.
Somadas, essas três tendências (o crescimento inevitável de VEs, a rápida expansão da infraestrutura de carregamento e a inserção da tecnologia digital na mobilidade urbana) impactam significativamente o setor e o cenário da mobilidade pessoal já enfrenta uma mudança radical.
Os primeiros sinais se dão com empresas petrolíferas enfrentando uma contração nos negócios de combustíveis e lubrificantes, bem como uma mudança nos seus modelos de negócios.
De acordo com a Volta, startup norte-americana de carregamento de veículos elétricos, as vendas de gasolina nos EUA irão cair 90% nos próximos anos. Este ponto, inclusive, deve ser levado em consideração, já que, por nunca ter sido tão afetado, o setor de combustíveis irá contra atacar de alguma forma.
Fato é que o futuro se mostra com um cenário de muita confiança para os carros elétricos, e ainda que existam sinais de alerta vindos principalmente da cadeia de suprimentos, com os preços dos materiais a granel aumentando para toda a indústria automobilística, os VEs estão prontos para entrar na sua nova era, ou seja, os tempos modernos.
E como não canso de repetir, é o momento para que se invista neste mercado, seja com apoio a expansão dos métodos de carregamento de veículos, seja com investimento em infraestrutura ou em tecnologia, a roda está girando, e está cada vez mais sendo impulsionada por energia elétrica e não por combustão.
*Guilherme Cavalcante é CEO e fundador do app UCorp. O executivo tornou-se especialista em desenvolver modelos de negócios e produtos digitais com foco em mobilidade.
Guilherme é formado em formado em Tecnologia e Mídias Digitais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), e possui pós-graduado em Design de Projetos Especiais pela BAU-Barcelona e Inteligência de mercado pela Universidade de São Paulo (USP).