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Fechamento de Shenzhen: um novo capítulo da crise automotiva

Por João Marcelo Barros*

O fechamento temporário de Shenzhen, na China, um dos maiores polos tecnológicos do mundo para mais um período de quarentena, em razão da pandemia de Covid-19, colocou a indústria automotiva mais uma vez em alerta.

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O setor que ainda não superou a crise de semicondutores deve ser novamente impactado por essa parada, comprometendo a produção de veículos que começava a se recuperar.

Peças como sensores de estacionamento, painéis multimídia e clusters digitais utilizados em nossa indústria são quase todos importados da região.

Ainda que a parada tenha sido temporária, a indústria precisa se preparar.

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Essa deve ser a primeira de muitas outras quarentenas de regiões chinesas devido a política de Covid zero do governo central, que obriga o fechamento imediato de micro regiões em caso de infecção detectada.

O caos no segmento de eletrônicos atingirá diversas outras cadeias e o segmento automotivo deve sentir os impactos até, pelo menos, o fim do primeiro semestre.

Mesmo que as fábricas voltem a produzir, haverá o desafio de escoar a produção em uma capacidade logística ainda muito comprometida.

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Criar independência do sudeste chinês quando se trata de produtos eletrônicos é uma realidade muito distante.

Elevar os patamares de estoque para tentar reduzir o impacto desses fechamentos no setor automotivo é uma das soluções, mas isso significa também aumento nos custos de produção.

Se a realidade imediata é de extremo desafio, no médio e longo prazo é possível pensar em novas soluções.

Além de diversificar a cadeia de suprimentos, é preciso otimizar os sistemas e componentes atuais buscando soluções mais flexíveis, integradas, que tragam mais praticidade de produção e competitividade de preços.

Foi seguindo essa fórmula que a Wings conseguiu, por exemplo, atender projetos de diferentes montadoras no auge da crise dos semicondutores, impedindo que as produções nacionais fossem totalmente interrompidas quando grandes fornecedores globais falharam em entregar componentes.

A grande revolução automotiva já está em curso. Veículos eletrificados, autônomos e conectados já fazem parte da indústria globalmente.

Mais do que nunca, é preciso que o setor se reinvente e entenda que a virada tecnológica vai muito além dos produtos finais. A inovação precisa fazer parte de todos os processos dessa cadeia.

*João Marcelo Barros é co-fundador da Wings, empresa brasileira de tecnologia que, desde 2010, desenvolve acessórios e soluções de conectividade para o setor automotivo

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