Honda e Nissan iniciam discussões sobre uma possível fusão, que pode incluir a Mitsubishi Motors, em resposta à crescente pressão global no setor automotivo e à busca por maior competitividade nos veículos elétricos.
As montadoras japonesas Honda e Nissan estão em negociações preliminares para uma fusão que poderá resultar na criação de uma nova holding compartilhada. Segundo o jornal japonês Nikkei, a fusão poderia consolidar a indústria automotiva japonesa em dois grandes blocos, competindo diretamente com a Toyota e aumentando a capacidade de enfrentar concorrentes globais como a Tesla e as fabricantes chinesas.
A possível união não vem do zero. No início do ano, as duas empresas já haviam firmado um acordo para desenvolver em conjunto baterias e softwares para veículos elétricos, tecnologias fundamentais na transição energética do setor. O CEO da Honda, Toshihiro Mibe, inclusive, sugeriu publicamente a possibilidade de uma parceria mais profunda envolvendo participações acionárias.
O memorando de entendimento, que deve ser assinado em breve, estabelece as bases para a fusão, incluindo detalhes sobre participações acionárias compartilhadas e a estrutura operacional da nova holding. Embora Honda e Nissan ainda não tenham confirmado oficialmente o relatório, ambas reforçaram, por meio de declarações, seus compromissos com a cooperação futura.
Essa movimentação ocorre em um momento crítico. A Nissan, após encerrar uma parceria complexa de 25 anos com a Renault, enfrenta dificuldades financeiras, como queda de receita e alta carga de dívidas, agravadas pela pressão de acionistas e especulações sobre seu grau de investimento. A empresa tem buscado novos investidores, e há relatos de que a Honda poderia adquirir parte das ações da Nissan como solução.
Já a Honda busca acelerar sua estratégia de eletrificação, expandindo a produção de veículos elétricos e híbridos. Essa fusão poderia permitir sinergias significativas, como o compartilhamento de plataformas tecnológicas e otimização de custos de produção, além de viabilizar uma ofensiva mais robusta no mercado global de VE (veículos elétricos).
Além disso, uma aliança com a Mitsubishi Motors também é considerada. As três montadoras, juntas, venderam aproximadamente 4 milhões de veículos nos primeiros seis meses deste ano, enquanto a Toyota, sozinha, alcançou 5,2 milhões no mesmo período, evidenciando o desafio competitivo.
Com o avanço das montadoras chinesas, o domínio da Tesla no segmento de elétricos e o crescente investimento global em tecnologias de eletrificação, a união entre Honda e Nissan surge como um movimento estratégico. Se concretizada, essa fusão pode transformar o cenário automotivo global.