Em apenas três anos de atuação no país, a chinesa BYD conquistou espaço entre as dez marcas de automóveis mais vendidas no varejo brasileiro, além de se destacar como líder em menções digitais relacionadas à sustentabilidade, segundo levantamento da consultoria Imagem Corporativa.
A BYD alcançou em 2024 a sétima posição no ranking da Fenabrave, com 6,7% de participação no mercado nacional, empatada com a Jeep e logo atrás da Honda. Os dados representam uma ascensão notável para uma marca que iniciou suas vendas no Brasil em 2022 e já anunciou a instalação de uma fábrica própria na Bahia, onde antes operava a Ford.
Um estudo da consultoria Imagem Corporativa, realizado entre abril de 2024 e março de 2025, analisou o desempenho das dez marcas mais vendidas do país nas plataformas digitais. Por meio do sistema IC-Image Booster, foram rastreadas mais de 1,5 milhão de menções a fabricantes em conteúdos jornalísticos e redes sociais.
No índice de Share of Voice, que mede a presença digital geral, a BYD aparece com 12% de participação, ficando em terceiro lugar, ao lado da General Motors e atrás de Fiat e Honda, ambas com 17%. Quando o tema é sustentabilidade, a BYD lidera com folga: 26% de participação, dez pontos à frente de Toyota e Volkswagen, ambas com 16%.
O destaque em sustentabilidade se reflete também na comunicação da marca. Enquanto o tema aparece, em média, em apenas 2,8% das menções digitais das dez principais marcas, na BYD esse índice sobe para 6,37%, mais que o dobro. Esse enfoque contribui significativamente para a imagem positiva da marca, reforçada por declarações de autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A chegada de um navio com mais de 5 mil veículos em junho de 2024 e o encontro presidencial com o CEO da empresa em dezembro foram momentos-chave que impulsionaram menções positivas sobre a BYD, associando a marca à inovação e mobilidade verde.
Além disso, o avanço da BYD tem influenciado estratégias de concorrentes. Picos de menções às japonesas Honda e Nissan foram registrados no mesmo período, impulsionados por tentativas de fusão e ações para enfrentar a crescente participação chinesa no mercado.
Outras montadoras também reagiram. A Stellantis anunciou a chegada da marca chinesa Leapmotor ao Brasil, buscando disputar o mesmo segmento de veículos elétricos, reforçando a tendência de reposicionamento estratégico no setor.
Enquanto isso, o programa Mover, que prevê incentivos fiscais a empresas que investirem em pesquisa, eficiência energética e reciclagem, representa uma nova etapa para a indústria automotiva. A forma como BYD e suas concorrentes responderão a essas diretrizes será decisiva para os próximos anos.
A Anfavea, por sua vez, pressiona o governo para antecipar o aumento da tarifa de importação sobre carros elétricos, que está em 18% e deve chegar a 35% apenas em 2026. A entidade acusa as marcas chinesas de dumping, gerando uma concorrência desleal.
Apesar das controvérsias, os números não mentem: o segmento de carros elétricos cresceu 89% em 2024, saltando de 94 mil para 177 mil unidades. No primeiro trimestre de 2025, o crescimento foi de 10% em relação ao mesmo período do ano anterior, e de 40% se incluídos os modelos híbridos.
Entre os dez modelos elétricos mais vendidos em 2024, cinco são da BYD, incluindo os dois líderes: Dolphin Mini e Dolphin. Juntos, eles vendem seis vezes mais que o terceiro colocado, o Ora 03 da GWM. No segmento híbrido, modelos como Fiat Pulse e Fastback ganharam destaque em 2025, impulsionando o desempenho da marca italiana.
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- Share of Voice: indicador que mede a presença de uma marca em canais digitais comparada às concorrentes.
- Tone of Voice: métrica que avalia o saldo da imagem positiva nas menções feitas à marca.
- IC-Image Booster: ferramenta da consultoria Imagem Corporativa que analisa menções a marcas em mídias jornalísticas e sociais.
- Dumping: prática de vender produtos a preços abaixo do custo ou do mercado, considerada desleal.