O mercado brasileiro de veículos segue em ritmo de recuperação. De acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), o setor acumulou 4.193.560 unidades emplacadas até outubro, o que representa alta de 7,63% em relação ao mesmo período de 2024. Apenas em outubro, foram 493.348 unidades, avanço de 4,84% sobre setembro e 8,96% frente ao mesmo mês do ano passado.
Motocicletas lideram o crescimento, com alta de 15,6% no acumulado, e devem encerrar o ano com 2.157.288 unidades, recorde histórico. O desempenho é impulsionado pelo baixo custo de posse e pela demanda de entregas urbanas, consolidando o segmento de duas rodas como o principal vetor de expansão do mercado.
Outro destaque é o Programa Carro Sustentável, que reduziu ou zerou o IPI para compactos nacionais mais eficientes. Desde sua implementação, o programa impulsionou em 26,1% as vendas dos modelos participantes, fortalecendo o fluxo nas concessionárias e estimulando o crédito no varejo.
Nos automóveis e comerciais leves, o acumulado até outubro superou 2 milhões de unidades, mas o ritmo poderia ser melhor não fossem as altas taxas de juros, que ainda inibem parte da demanda. “O crédito está operando de forma mais funcional, o que ajuda a converter intenção em venda, mas as condições financeiras continuam sendo um obstáculo”, avaliou Arcelio Junior, presidente da Fenabrave.
O segmento de caminhões apresentou melhora nos dois últimos meses, mas mantém retração no acumulado do ano. A instabilidade de setores como agro, construção e indústria tem limitado o avanço das vendas, embora o cenário recente indique tendência de recuperação parcial até o fim de 2025.
O mercado de implementos rodoviários segue a mesma linha: após o pico de 2021, ainda sente os efeitos da volatilidade econômica e da queda de investimentos.
Já o setor de ônibus desacelerou em relação às projeções iniciais, com redução nos pedidos do Programa Caminho da Escola e menor investimento do transporte urbano e turístico. Ainda assim, a Fenabrave projeta crescimento de até 6% até o encerramento do ano.
No agronegócio, as máquinas agrícolas mostram reação. As vendas de tratores cresceram 19,6% entre janeiro e setembro, enquanto as colheitadeiras tiveram aumento de 13,7% no mesmo período. A expectativa é positiva diante da boa safra, embora o custo do crédito e o endividamento dos produtores possam limitar o avanço no varejo.
Entre os eletrificados, os híbridos confirmam a preferência do consumidor brasileiro. Foram 158.248 unidades emplacadas entre janeiro e outubro, alta de 82,3% sobre 2024, superando com folga os veículos 100% elétricos, que cresceram de forma mais moderada, ainda impactados pela falta de infraestrutura de recarga e custos de aquisição mais altos.
O mercado de motocicletas elétricas, por sua vez, avança lentamente e ocupa nichos específicos, como condomínios e operações de segurança, ainda longe de competir com o volume das motos a combustão.
Com o desempenho positivo dos principais segmentos, a Fenabrave projeta que o setor automotivo deve fechar 2025 com crescimento de 7,2% em relação ao ano anterior, superando 4,2 milhões de unidades comercializadas.
Segundo Arcelio Junior, “o ambiente de políticas públicas favoráveis e a leve melhora no crédito têm sustentado o desempenho, mas o avanço mais expressivo dependerá de um ciclo de redução de juros e da confiança dos consumidores e empresários”.
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Programa Carro Sustentável – iniciativa federal que reduz ou elimina o IPI para veículos nacionais mais eficientes, estimulando a renovação da frota e a compra de modelos compactos.
Híbrido (HEV) – veículo que combina motor a combustão e elétrico, gerando maior eficiência energética e autonomia em relação aos elétricos puros.
Fenabrave – entidade que representa concessionárias e distribuidoras de veículos no Brasil, responsável pelo monitoramento mensal dos emplacamentos de todos os segmentos automotivos.
