A fábrica da General Motors em Joinville, em Santa Catarina, comemora dois anos de atividades como referência global em sustentabilidade e preservação do meio-ambiente. A unidade produz motores 1.0 e 1.4 litro e cabeçotes de alumínio para os modelos Chevrolet Onix e Prisma.
Desde sua inauguração, no dia 27 de fevereiro de 2013, a fábrica já produziu mais de 110 mil motores, destinados à fábrica da GM de Gravataí (RS). No ano passado, a produção atingiu 57.458 unidades.
Resultado de investimentos de R$ 350 milhões, a unidade da GM em Joinville ocupa uma área total de 500 mil m². Aproximadamente 200 mil m² da área foram destinados à preservação ambiental.
A unidade caracteriza-se, também, por ser a única fábrica do setor automotivo da América do Sul a conquistar a certificação internacional de construção sustentável Leadership in Energy and Environmental Design (Leed Gold) recebida em março de 2014.
Foi a segunda a receber a certificação entre as fábricas da GM no mundo – a primeira, em 2006, foi a unidade de Lansing Delta Township, localizada em Michigan (EUA). Entre as diversas inovações existentes e avaliadas estão a energia fotovoltaica, o uso racional da água e da energia elétrica, tratamento de esgotos por meio de jardins filtrantes e tratamento de água por osmose reversa
Durante o processo, foram consideradas as práticas e iniciativas sustentáveis da construção civil em diversas fases, da concepção do projeto à operação. Um dos requisitos era reduzir em 10% o consumo de energia em toda da fábrica.
A GM de Joinville conseguiu obter uma economia de 13,8% e deixa de emitir anualmente 119 toneladas de CO2. A fábrica também reutiliza 26 mil metros cúbicos por ano de água, volume equivalente ao consumo de cerca de 100 residências.
Em outubro do ano passado, a unidade catarinense atingiu o status zero resíduo para aterro. Com isso, a GM possui agora 122 unidades no mundo que reciclam, reusam e convertem em energia todos os seus resíduos das operações diárias.
Durante o processo rumo ao zero resíduo para aterro, a fábrica de Joinville desenvolveu maneiras criativas de reutilizar e reciclar os seus resíduos. Ela usa, por exemplo, os restos orgânicos do refeitório como fertilizante para suas árvores e flores, enquanto a madeira de embalagens é transformada em pedestais.
Engajar empregados para realizar a correta coleta seletiva foi fundamental para o sucesso da iniciativa. A equipe continua dedicada à melhoria contínua, focando na redução da quantidade de resíduos produzidos e buscando novas formas de reuso para materiais que hoje são reciclados.
Para Marcos Munhoz, vice-presidente da GM do Brasil, “a companhia tem um compromisso com a sustentabilidade. Para nós é motivo de orgulho ter investido em um conjunto de tecnologias que faz da fábrica de Joinville a mais sustentável da GM no mundo. Isso faz parte do DNA da GM”.
Processos beneficiam meio-ambiente – O processo de manufatura de montagem dos motores conta com linha paletizada automática, controle à prova de erros e 100% de controle eletrônico de torques. Já a usinagem dos cabeçotes conta com centros de usinagem CNC e flexibilidade para reconfiguração rápida de produtos.
O controle de qualidade conta com processo amparado pelo laboratório metrológico CMM e 100% de rastreabilidade de produção. O teste a frio dos motores não utiliza combustíveis e tem zero de emissões de gases e seus parâmetros são controlados por computadores.
Ainda na área da qualidade, para manter as rígidas tolerâncias nos processos de usinagem e montagem dos novos motores, todo o galpão industrial tem temperatura e umidade controlados.
Alinhado com o conceito de se buscar a máxima eficiência energética no uso de equipamentos, o sistema de ar-condicionado tipo VRV (volume de refrigerante variável) proporciona uma redução substancial no consumo de energia por meio do monitoramento interno dos níveis de CO2 para controlar o volume de ar externo de renovação em função da ocupação.
O sistema de compressores de ar com variador de velocidade e secador por adsorção – seca o ar por reação físico-química – é 8% mais econômico comparado à ASHRAE, norma norte-americana que regula o assunto.
O ambiente interior conta com luz natural e dimerização (controle automático do nível de luz artificial), monitoramento da qualidade de ar, além de controle de temperatura do ar. E ainda, o sistema de iluminação interna é de alta eficiência e toda a iluminação externa é feita por sistemas de LED.
Sistema inédito de geração de energia – O inédito sistema implantado na unidade da GM em Joinville, conta com a instalação de 1.280 módulos fotovoltaicos que ocupam uma área de 2.115 metros quadrados, e gera energia para toda a unidade industrial. A energia gerada por este sistema equivale ao consumo de 220 casas, e evita a geração de 10,5 toneladas de CO2 por ano.
Aquecimento solar é destaque – O sistema de aquecimento solar na unidade de Joinville tem capacidade para fornecer 15.000 litros de água quente por dia, o equivalente ao consumo de 750 pessoas. A economia prevista por ano pode chegar a 8.800 m3 de gás natural – ou ainda, ou 7.190 Kg de GLP ou 96.100 kWh -, evitando a geração de 17,6 toneladas de CO2 por ano. Esta iniciativa supre as necessidades dos vestiários e cozinha. No final de semana, com a produção parada, cerca de 15% a 20% do consumo de energia é suprido por energia solar.
Uso racional da água evita desperdícios – Todas as instalações dos sanitários da unidade da GM em Joinville são dotadas de torneiras e descargas de baixo fluxo e com sensor ou temporizador. Outra iniciativa de uso racional de água e também de energia é o sistema conhecido como “Wetland” (Jardins Filtrantes), considerado altamente sustentável no tratamento de esgotos, já que não utiliza produtos químicos.
Na verdade, ele usa e a vegetação é adaptada ao local e integrada à paisagem para o tratamento dos efluentes. Tem baixo consumo de energia, remove 90% dos poluentes, tem uma reduzida geração de resíduos sólidos.
Os jardins filtrantes ocupam uma área de 650 m2 do total dos 3.500 m2 ocupados pelo sistema de tratamento de efluentes e gera uma expressiva economia de energia elétrica, – superior a 60% se comparado a uma instalação convencional de 124 MWh/ano – deixando de gerar 3,6 toneladas de CO2 por ano, além de o custo de implementação ser bem menor que uma convencional do mesmo porte.
Osmose reversa garante maior qualidade – Também no uso racional da água, a tecnologia de tratamento de água por Osmose Reversa produz uma água de excelente qualidade, muitas vezes superior à da água de origem, que permite aplicação industrial irrestrita, com baixa salinidade e condutividade e isenta de micro-organismos.
Ele permite o reuso de até 26 mil m3 por ano de água, evitando o consumo de água potável suficiente para abastecer o equivalente ao consumo de 100 casas populares. A água tratada com elevado teor de pureza é utilizada para fins não potáveis, como processo industrial, sanitários, irrigação, jardinagem e lavagem de pisos.