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TENDÊNCIA: O líder não controla mais nada. Será o fim do modelo hierárquico nos ambientes corporativos?

Não controlamos nada. Esse é um excelente ponto de partida para uma ampla reflexão sobre o que é liderar em um cenário corporativo contemporâneo e multigeracional.

Todo mundo já está cansado de saber que as novas tecnologias da atualidade impactaram profundamente a sociedade.

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A maneira com que as pessoas se relacionam, pensam e agem hoje não é a mesma que era há apenas dez anos. Essa mudança também causou impacto profundo nas relações de trabalho. Então, como liderar nos dias de hoje?

Isso também mudou? Para responder a essa pergunta, vamos recuar um passo e entender o conflito que ocorre em muitas das organizações contemporâneas.

O modelo hierárquico rígido nas empresas funcionou muito bem na origem – a Revolução Industrial – e por muitas décadas depois. Hoje, obviamente esse modelo não se sustenta mais.

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Então, por que tanta resistência? E, ainda mais perturbador, por que essa resistência vem do “topo da pirâmide”? Aliás, na maioria das vezes, em detrimento do desempenho da empresa.

A resposta é simples: esses líderes à moda antiga têm medo de perder o controle. Para eles, temos uma má notícia: já faz algum tempo que o líder não controla mais nada.

O mundo contemporâneo simplesmente tem muitos canais, muitas possibilidades de interação. A vida profissional está cada vez mais interligada à vida pessoal. O ambiente físico, o escritório é cada vez menos necessário.

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Equipes são formadas por pessoas em diferentes unidades da empresa, em diferentes regiões e até mesmo países!

As pessoas nunca estiveram tão dispostas a compartilhar suas experiências; a comunicação de uma via é cada vez menos aceita.

Em um ambiente desses, as palavras “controle” e “poder” estão tão obsoletas quanto as tecnologias criadas na Revolução Industrial.

Mas então, como liderar em um novo cenário corporativo? Há duas décadas, a consultoria global Great Place to Work® realiza a pesquisa Melhores Empresas para Trabalhar em mais de 50 países.

Com base na experiência conquistada pela análise anual de mais de 7 mil empresas ao redor do mundo e 12 milhões de funcionários na América do Norte, América Latina, Europa, África, Oceania e Ásia posso enumerar três dicas básicas para fomentar uma liderança eficiente e inspiradora.

1. Crie uma cultura de compartilhamento

Para criar uma cultura de compartilhamento é necessário que esse valor seja disseminado cotidianamente no ambiente de trabalho.

Um exemplo é Elektro – eleita, em várias edições, uma das Melhores Empresas para Trabalhar – Brasil – que escolhe eletricistas aleatoriamente para fazer apresentações para executivos de outras empresas que visitam a companhia para entender melhor a cultura.

Por quê? Não faz diferença se é o CEO ou o eletricista que vai falar sobre a empresa; ambos têm a mesma percepção do que é a empresa e a cultura organizacional.

2. Networking não é só para arrumar emprego

Pouco importa qual é a posição ocupada pelo funcionário. A real influência dentro de uma organização só é obtida por meio de uma rede de “seguidores” – aliás, não muito diferente do que ocorre nas mídias sociais.

Os reais líderes utilizam a cultura de compartilhamento e transparência para engajar colaboradores de diversas áreas da empresa em projetos ou planos de ação.

Assim, quando é hora de passar da teoria à prática, se o trabalho foi bem feito, o projeto já nasce com diversos apoiadores, tornando as chances de sucesso da ação exponencialmente maiores.

3.Uma vez estabelecida, a rede é capaz de tomar decisões

Uma vez que a comunidade é criada em torno de um objetivo comum atingido com sucesso, ela passará a trabalhar em conjunto em outras ocasiões – o que melhora (e muito) a tomada de decisão.

Dessa forma, haverá uma diversidade muito maior de perspectivas, visões e pontos de vista. Quando a decisão é tomada e implementada com sucesso, ainda mais confiança é criada, fortalecendo ainda mais os vínculos entre as pessoas. Disso resulta um ciclo virtuoso, capaz de engajar cada vez mais os colaboradores.

(*) Ruy Shiozawa

CEO do Great Place to Work® Brasil, Ruy Shiozawa é Engenheiro de Produção e mestre pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), possui especializações nas escolas de negócios Wharton (Filadélfia, EUA), AOTS (Japão) e IESE (Espanha).

Desde 2015 integra o grupo de Influenciadores do LinkedIN no Brasil.

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