A AEA – Associação de Engenharia Automotiva promoveu, no Millenium Centro de Convenções, em São Paulo (SP), o Simpósio de Eficiência Energética e Emissões, em sua 5ª edição, com a temática “Desafios da harmonização: matriz energética, tecnologia de motores e legislação brasileira”.
O evento viabilizou um fórum de discussões por meio de palestras e debates sobre os caminhos necessários para a implantação das tecnologias globais e da matriz energética brasileira, com participação cada vez maior de biocombustíveis.
A entidade contribui para que a indústria faça sua parte ao investir em inovação, tecnologia e infraestrutura de laboratórios.
Para Edson Orikassa, vice-presidente da entidade, “os automóveis brasileiros já deram um salto de qualidade e vamos progredir ainda mais com a cadeia de fornecedores”.
E uma das grandes preocupações, de acordo com Joseph Henry Jr., diretor técnico da Anfavea, é elevar o nível de qualidade e tecnologia dos produtos fabricados no Brasil, já que temos a capacidade de produção significativa de veículos, com cadeia de fornecedores bastante apta.
“Somos grandes players em termos de produção e não podemos ficar restrito ao mercado local”.
O diretor técnico da Anfavea em palestra de abertura ‘Mercado e Expectativas’, ainda reforçou sobre os principais objetivos da política industrial para o setor automotivo Rota 2030, como o estimulo à geração de inovação por meio de pesquisa e desenvolvimento, melhorias da sustentabilidade veicular com redução das emissões de CO2 e do consumo de combustível, valorização dos biocombustíveis dentro da matriz energética brasileira, continua evolução da segurança veicular, além da contribuição do aumento da competitividade.
De acordo com as projeções da Anfavea, em 2019 teremos um aumento de vendas de 11,4% quando comparado com 2018.
O Painel 1 do simpósio da AEA teve início com a apresentação “A importância atual e futura dos biocombustíveis na matriz energética brasileira”, ministrada por José Mauro Ferreira, diretor de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Para Ferreira, a matriz energética brasileira vem recebendo mudanças significativas com novas fontes de energia, sendo que a previsão é crescer mais de 30% até 2040.
Ainda de acordo com os dados da EPE, cerca de 20% do consumo de transportes é por meio de combustíveis renováveis.
Nas metas de emissões de CO2 da matriz de combustíveis, há a previsão de queda 95,9% em 2029, segundo Ricardo Gomide, coordenador Geral do Ministério de Minas e Energia.
Em palestra ‘Atualização Renovabio’, Gomide afirmou que política de descarbonização da matriz brasileira de combustíveis que visa o aumento da energia e redução de emissões de CO2 deve ser atendida por biocombustíveis.
O projeto de um complex industrial, a ser localizado perto de Assunção, no Paraguai, totalmente dedicado a produção de Diesel Renovado, com início de produção previsto para 2022, foi apresentado por Julio César Minelli, diretor executivo da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio) em palestra ‘Projeto HVO’.
“O biocombustível avançado, a partir do óleo vegetal, gorduras e resíduos, pode ser usado em motores Diesel, sem a necessidade de modificações ou adaptações”, disse Minelli.
As atividades do Painel 1 foram encerradas após amplo debate com o público presente e mediado pelo jornalista e colunista automotivo Fernando Calmon.
Não é procedente o receio de que o biodiesel seja incompatível com níveis de emissões mais restritivos.
Para Vicente Pimenta, consultor técnico da Abiove, as principais fabricantes de veículos e motores já garantem seus produtos para uso com percentuais ainda maiores do que os que serão aplicados em horizonte próximo no Brasil.
“Os elementos normalmente apontados como contaminantes dos sistemas estão bem especificados na norma brasileira , com valores iguais aos praticados no mercado europeu. O biodiesel produzido no Brasil contém esses elementos em níveis baixíssimos”, informou Pimenta durante apresentação ‘Desafios na fase P8 com o aumento do teor de Biodiesel’.
Em defesa da Inspeção Técnica Veicular e Renovação de Frotas, Gabor Deák, diretor de Tecnologia do Sindipeças, apontou alguns benefícios destas ações, tais como: redução das mortes e dos feridos em acidentes com caminhões velhos e inseguros (10% envolvem caminhões acima de 10 anos); redução dos gastos (saúde e previdência social) referentes a acidentes com caminhões, de cerca de R$ 5 bilhões /ano; redução da emissão de poluentes atmosféricos e de gases de efeito estufa de aproximadamente 2.000.000 t de CO2 / no período, além da economia de R$ 3,5 bilhões / ano no consumo de óleo diesel.
A apresentação ‘Características da gasolina brasileira e sua influência na eficiência energética’, ministrada por Frederico Kremer, gerente de Soluções Comerciais da Petrobras inaugurou as atividades do Painel II do Simpósio de Eficiência Energética e Emissões promovido pela AEA.
Na oportunidade, Kremer apresentou o Programa de Testes de companhia para avaliação de desempenho, consumo e detonação e fez sugestões de alteração de algumas especificações da gasolina.
Em ‘Vantagens dos motores com ignição por centelha com alta taxa de compressão’, o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Mahle, Ricardo Abreu, comentou sobre alto poder de octana do etanol, considerado o melhor aditivo para elevar o número de octanas da gasolina.
“Permite taxas de compressão cada vez maiores, sendo que um dos grandes desafios é aumentar a quantidade de ar”.
O Painel II foi encerrado com palestra ‘Revisão de especificação da gasolina, Resolução 40 de 2013’, ministrada por Ednéia Caliman, especialista em Regulamentação da ANP.
As apresentações ‘Necessidades de adaptação dos laboratórios para atendimento ao L7, L8 e P8’ e ‘Necessidades de adaptação dos veículos leves e pesados para atender P8 e L8’, foram exibidas por Jorge Yonezawa, Technical Sales da AVL, e Edilson Pacheco, gerente de Economia de Combustível e Emissão de Gases de Efeito Estufa da FCA América Latina, respectivamente.
Em ‘Programa brasileiro de ensaios de proficiência de emissões : metodologia e resultados para veículos leves, pesados, motocicletas e motores diesel e ciclo Otto, o diretor de Metrologia Científica e Tecnologia do Inmetro, Marcelo Lima Alves, reforçou sobre o uso de métodos estatísticos apropriados como contribuição para o aprimoramento dos ensaios de proficiência e dos processos de análise dos laboratórios de emissão.
O Painel III teve debate entre os palestrantes e foi ministrado por Wagner Oliveira, jornalista e sócio diretor da Future Transport.