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Setor de blindagem ganha em números, mas perde em qualidade

Estimulado pelo crescimento da violência, setor de blindagem de veículos apresenta alta no número de automóveis que recebem a proteção contra balas no Brasil. Segundo dados da ABRABLIN (Associação Brasileira de Blindagem).

Estima-se que em 2015 serão blindados cerca de 11.914 unidades – quase 1.000 veículo por mês e 1,56% a mais do que em 2014, apesar da retração observada na maioria dos setores da economia. Este crescimento, entretanto, vem acompanhado de uma drástica queda na qualidade do produto oferecido.

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Recentes denúncias apresentadas pelo Ministério Público de São Paulo chamam a atenção para a questão da insegurança balística. Empresa fabricante de vidros blindados está sendo investigada por fornecer produtos que não seguram disparos conforme a norma estabelecida pelo Exército Brasileiro.

Em investigação paralela, o próprio Exército está sendo questionado quanto ao recebimento de propina para liberação da documentação de veículos blindados por empresas irregulares, conforme denunciado ontem em matéria do Fantástico:
http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/06/fraude-em-autorizacao-do-exercito-para-blindados-coloca-vidas-em-risco.html?utm_source=facebook&utm_medium=share-bar-desktop&utm_campaign=share-bar&fb_ref=Default

Pouco se fala, entretanto, sobre a segurança automobilística. “Por mais que a tecnologia tenha evoluído nos últimos 20 anos, a blindagem ainda é uma transformação importante que é incorporada ao veículo e não pode ser feita sem critério, da forma como observamos na maioria das empresas do setor” – informa Eduardo Ferreira, Engenheiro Automobilístico formado pela FEI e um dos pioneiros no desenvolvimento do produto no Brasil.

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Segundo ele, 80% dos veículos blindados que são recebidos em sua oficina para manutenção, apresentam erros grotescos, que vão desde a técnica de montagem até a escolha do material. “Desde meados da década de 2000 o foco do mercado tem se voltado a preço.

Infelizmente, não existe milagre: se o preço da blindagem for muito abaixo da média do mercado, a relação peso x proteção estará comprometida.” – diz, referindo-se ao revestimento da parte opaca feito em aço, que agrega até 7 vezes mais peso do que a alternativa em fibra de aramida. Importada, a aramida é vendida por até USD 300,00 o metro quadrado, contra R$ 12,00 do kg do aço inox.

“Os veículos possuem uma carga máxima admissível calculada durante o projeto de toda a estrutura de carroceria, suspensão, freios e trem de força. Em alguns casos, só a blindagem feita com aço em excesso chega próximo ou até ultrapassa a carga máxima admissível. Acrescentando-se um ou dois passageiros faz com que o veículo trafegue sempre com o limite de carga máxima superado.”

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Segundo o engenheiro, este desrespeito aos limites do veículo ocasiona fadiga precoce da estrutura, desgaste prematuro de peças de suspensão, desgaste excessivo de freios e pneus além de possível fadiga de freios em freadas longas ou descidas de serra.

“Além de prejudicar todo o aspecto dinâmico do veiculo com o aumento da altura do centro de gravidade, há um aumento significante na rolagem lateral e longitudinal dando uma sensação de desequilíbrio do veículo, prejudicando também o seu comportamento em curvas e freadas.” – conclui.

O engenheiro ainda alerta: “Antes de escolher a empresa de blindagem com base apenas no preço, procure pesquisar quem é o Engenheiro responsável pela modificação, verifique seu registro junto ao CREA e assegure-se de que medidas serão tomadas para que seu veículo não perca as características originais de dirigibilidade e segurança.

Na maioria das empresas, o trabalho é feito por profissionais sem formação, que aprenderam na prática o ofício, sem a real noção dos riscos envolvidos de um ponto de vista mais técnico.”

Caso o usuário de veículo blindado se sinta inseguro com o produto que adquiriu para proteger sua família, o engenheiro orienta a que procurem uma oficina especializada e solicitem uma avaliação da blindagem.

“Em alguns casos é possível melhorar drasticamente a qualidade do produto. Em outros casos, orientamos o cliente a adquirir um novo veículo e a rever seus critérios na escolha da próxima blindadora. Existem situações em que não há salvação, o veículo foi destruído.” – conclui.

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