Preocupação ambiental e crise energética conferem destaque a fontes não convencionais
Em uma época em que se discute amplamente a questão ambiental, a geração de energia torna-se uma grande vilã quando o assunto é emissão de gases, estocagem de resíduos nucleares e destruição da natureza.
Some-se a isso o possível esgotamento de algumas das fontes utilizadas, a recente crise energética em lugares como a Califórnia, e ainda mais recente, aqui no Brasil e o baixo excedente da matriz elétrica brasileira, e o resultado é um cenário pouco animador. Uma solução para esses problemas, no entanto, já é conhecida e aplicada em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil: as fontes não convencionais.
Esse nome é dado a fontes renováveis de energia com diversas finalidades, da produção de combustível à geração de eletricidade. Entre elas, destaca-se a energia produzida a partir de biomassa, dos ventos (eólica) e do Sol – que além de gerar eletricidade, viabiliza o aquecimento de água. O uso do hidrogênio para abastecimento de veículos e as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) também merecem menção.
Essas fontes são menos poluentes que as convencionais e têm estado em voga devido à preocupação ecológica. “Vivemos a segunda onda das renováveis”, diz o físico Guilherme Moreira, representante da Agência Nacional do Petróleo (ANP) para energias renováveis no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). A primeira onda, explica ele, ocorreu na década de 70, por ocasião dos choques do petróleo, quando o alto preço do barril tornou competitivo o preço das renováveis.
Embora sua participação na matriz de energia elétrica mundial ainda seja desprezível, acordos como o Protocolo de Kyoto indicam que a participação dessas fontes crescerá nas próximas décadas. “Os países do G8 (sete países mais ricos do mundo mais a Rússia) estão promovendo um grupo de trabalho para implementar energias alternativas e modificar radicalmente o cenário energético em 10 anos”, diz o engenheiro químico Adilson de Oliveira, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No entanto, nem sempre se cumprem as metas estabelecidas. “Há muita conversa e pouca ação”, avalia o doutor em energia solar Ricardo Rüther, do Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (Labsolar/UFSC).
Nos países em desenvolvimento, as fontes renováveis cumprem ainda a função de levar eletricidade a áreas rurais não cobertas pela rede pública de abastecimento – como regiões remotas do Nordeste brasileiro. “Um terço da população mundial não tem acesso à energia elétrica”, diz Oliveira. Na África, essas fontes também ajudam a bombear água. Alguns subsídios, que antes só atendiam a PCHs, estão sendo direcionados também para outras fontes alternativas. “Em 50 anos, as renováveis serão a principal fonte de energia”, acredita Rüther.