segunda-feira, 15 setembro , 2025
28 C
Recife
Bosch Brasil

Motor recalibrado dá fôlego a carros

O carro já existe, mas pede uma dose de fôlego extra para se manter no mercado – eis a questão para a montadora!

Alternativa 1: substituir, literalmente, o motor daquele modelo por outro que já equipa um segundo modelo da marca;

- Publicidade - Ofertas FIAT

Alternativa 2: fazer a recalibração do motor para deixá-lo mais moderno e a gosto do consumidor.

Recentemente o mercado brasileiro assistiu a dois bons exemplos deste episódio. O primeiro proporcionado pela General Motors e o segundo, pela Fiat.

Sem dúvida, a recalibração não significa projetar um novo motor, mas chega bem perto disso em razão do intenso trabalho de engenharia, mais demorado e de custo relativamente elevado.

- Publicidade -

O caso da GMB ocorreu com o lançamento das linhas 2001 da picape S10 e do utilitário esportivo Blazer, que receberam o motor 2.4 MPFI.

O propulsor desenvolve 128 cv líquidos de potência a apenas 4,8 mil rpm, o que proporcionou uma nova dimensão de desempenho há muito reivindicada pelos consumidores dos modelos.

Com a base do motor CN22E de 2,2 litros e 113 cv, iniciou-se o trabalho no C24SE de 2,4 litros e 128 cv. Seu desenvolvimento começou no final de 1997.

- Publicidade - Ofertas FIAT

O objetivo era aprimorar as retomadas de velocidade e as acelerações para satisfazer os compradores da S10 e Blazer.

O aumento de cilindrada para exatos 2.405 cm3 foi conseguido mediante o diâmetro maior dos cilindros – de 86 para 87,5 mm – e do aumento do curso dos pistões, que passou de 94,6 para 100 mm.

O bloco do motor é o mesmo da Família II de motores Chevrolet, definido pela distância de 93 mm entre centros de cilindros.

Para aumentar o curso dos pistões, porém, foi necessário produzir um virabrequim novo, fabricado em ferro fundido nodular, o que resultou em um conjunto leve e resistente.

Para o motor C24SE foram desenhados também novos pistões, ultraleves, com altura de compressão de apenas 27,3 mm (antes 30 mm).

Mais importante ainda foram os anéis de segmento ultrafinos, de modo a assegurar maior vedação, menos atrito e, sobretudo, durabilidade superior. Por exemplo, o anel de compressão superior, antes de 1,5 mm de espessura, agora mede apenas 1,2 mm.

A taxa de compressão – que tem relação direta com o rendimento térmico – foi elevada de 9,4:1 no motor 2,2 litros para 9,6:1 no propulsor 2,4 litros para melhor aproveitar a crescente evolução da gasolina brasileira em relação ao número de octanas.

A otimização da taxa de compressão ocorreu por diversos fatores, entre eles o sensor de detonação, o qual destina-se a comandar mudanças no gerenciamento de ignição, atrasando-a, caso ocorra o fenômeno conhecido popularmente por “batida de pino”.

Bloco comunitário entra em cena-Mesmo depois de um intenso e complexo trabalho de mais de três anos e com tantas modificações, não se pode dizer que o motor que equipa hoje a S10 e a Blazer é de fato um “novo” propulsor.

Na verdade, mexeu-se muito na parte inferior e pouco na superior. É necessário deixar bem claro, porém, que a recalibração de um motor está longe de uma “maquiagem”, pois se este fosse o caso com certeza os objetivos não seriam alcançados – e os consumidores destes modelos reivindicariam um propulsor mais “esperto” em acelerações e retomadas de velocidade.

Já o caso da Fiat ocorreu com o lançamento, no mês passado, do Uno Mille equipado com motor Fire. É um dos propulsores mais avançados da linha da montadora mineira, que já equipava o Palio.

Com certeza, por isso mesmo a Fiat optou pela alternativa 1: pesados os prós e os contras, não havia razão para promover uma recalibração no motor Fiasa utilizado pela versão anterior do Uno Mille, se já estava pronta e à mão uma motorização que preenchia todos os requisitos para dar novo fôlego ao modelo que completará 18 anos no mercado brasileiro.

Entretanto, a alternativa de utilizar a mesma motorização em diferentes veículos de uma ou mais marcas remete ao conceito do “motor comunitário” – tema de matéria publicada pelo Diário em março deste ano.

Como foi dito, motor comunitário significa vantagem direta para os fabricantes e também para o bolso do consumidor, porque a idéia é chegar a um produto com custo final mais acessível para maior número de consumidores. Raciocínio que pelo menos na teoria está correto, já que o motor é um dos componentes mais caros de um veículo.

Paralelamente à recalibração de motores ou motores comunitários, o fato é que a indústria automobilística – como qualquer outra indústria, seja qual for o segmento – busca permanentemente a venda de seus produtos.

A demonstração mais recente disso acaba de ser dada pela Peugeot/Citroën e Toyota, divulgada pela imprensa internacional na semana passada.

Agora os dois grupos voltam seus olhos para o carro barato e anunciam para 2005 o lançamento, em conjunto, de um modelo pequeno com preço em torno de 6 mil euros (cerca de R$ 13 mil). Correndo por fora da raia, a Renault também promete um veículo com preço ainda menor – 5 mil euros.

O que existe em comum entre os novos modelos é o conceito de automóvel que abre mão do luxo em troca da conquista de um público consumidor que não quer ou não pode pagar por veículos sofisticados, considerando a utilidade que terão.

No caso da Peugeot/Citroën e Toyota, entra em cena o motor comunitário; no caso da Renault até pode ocorrer uma recalibração, baseada no motor de um modelo da romena Dacia, adquirida pela montadora francesa em 1999.

Aumento de torque e potência-O torque máximo líquido de 21,9 kgfm do motor Chevrolet de 2,4 litros ocorre a 2,6 mil rpm e mostra a sua vocação para gerar força de tração elevada com facilidade.

Para exemplificar, a 1,6 mil rpm o motorista já dispõe de 84% do torque máximo, o que evita a necessidade de usar freqüentemente as marchas mais baixas em utilização normal.

O ganho em torque foi de 14%, contra aumento de cilindrada de 9,4%. A potência subiu aproximadamente na mesma proporção, o que permite constatar o aumento de eficiência do motor.

Diversas soluções de engenharia foram incorporadas. A junta do cabeçote, por exemplo, normalmente produzida em fibras compactadas, passou a ser metálica, projetada especialmente para taxas de compressão elevadas, com perfeita vedação de câmaras de combustão e de arrefecimento.

Aliás, não é por outra razão que este tipo de junta é largamente empregado em motores diesel, reconhecidos por sua elevada taxa de compressão.

Na parte inferior do bloco foi adicionada uma ponte estrutural com o objetivo de aumentar a estabilidade dimensional de componentes, como as capas dos mancais de apoio e do berço do virabrequim, o que resultou em menos vibrações e aspereza.

O carter de óleo passou a ser de alumínio e estrutural, sendo fixado não apenas no motor, mas também na carcaça de transmissão.

Neste caso visou-se, com sucesso, reduzir o ruído e, ao mesmo tempo, acelerar a dissipação de calor do lubrificante.

Por último, a junta do carter passou a ser líquida, um composto químico especial cuja vulcanização dá-se em temperatura ambiente (RTV, room temperature vulcanization). Assim, o preenchimento completo de todas as superfícies do bloco e do carter assegura vedação perfeita por toda a vida útil do veículo.

O desenvolvimento do motor Chevrolet de 2,4 litros compreendeu ainda mais de 6 mil horas com carga e rotação máximas no banco de provas do Laboratório de Motores da fábrica de São Caetano, e o percurso de mais de 400 mil quilômetros por veículo no Campo de Provas da Cruz Alta, em Indaiatuba (SP), antes de ser dada a aprovação final.

Bosch Brasil

Matérias relacionadas

Bosch Brasil
NOVO PEUGEOT
2008 GT HYBRID

Mais recentes

Bosch Brasil
Salão do Automóvel de São Paulo 2025

Destaques Mecânica Online

Avaliação MecOn

Bosch Brasil