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Maioria das rodovias brasileiras são inseguras e apresentam mau estado de conservação

O Brasil é um país predominantemente rodoviário. Isso porque, depois da segunda guerra mundial, houve investimento na construção de estradas como uma forma de interligar o vasto território e escoar a produção agrícola. A escolha por vias asfaltadas foi mantida ao longo dos anos e configura o que temos hoje: rodovias como principal maneira de transporte.

A maioria das estradas brasileiras é insegura e está em mau estado de conservação. De acordo com levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) quase metade dos 98,5 mil km de rodovias avaliadas apresenta algum tipo de defeito no pavimento. Segundo a análise, 49,9% dos trechos foram classificados como regulares, ruins ou péssimos, 42,4% dos trechos são ótimos e 7,7% foram qualificados como bons.

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Irregularidades, buracos, trechos destruídos e ausência de acostamento são os principais fatores que podem levar a acidentes. Além disso, a qualidade do pavimento também interfere no desgaste, consumo de combustível e desempenho do veículo. O diretor da empresa especializada em gestão de trânsito, Perkons, Luiz Gustavo Campos destaca que enquanto o Brasil for um país rodoviário, é preciso tornar os trajetos seguros, investindo na melhoria da infraestrutura, fiscalização e educação dos usuários da via. “As rodovias ainda apresentam um alto índice de acidentes. Em 2013, segundo a Polícia Rodoviária Federal, foram registradas 186.474 ocorrências com 8.415 vítimas fatais”, alerta.

Boa parte das rodovias ainda não é pavimentada – apenas 12%, de acordo com dados do boletim estatístico da CNT de abril de 2014. A movimentação anual de cargas e passageiros é feita majoritariamente por estradas, cerca de 61%. Ainda de acordo com a CNT o custo operacional da frota nacional poderia ser reduzido em cerca de 25%, caso todas as rodovias pavimentadas do Brasil estivessem em ótimo estado de conservação. Além das condições inadequadas do asfalto, ainda há motoristas que desrespeitam as normas para circulação em segurança. “Eles excedem o limite de velocidade, fazem ultrapassagens em locais proibidos, usam substâncias proibidas, entre outros”, observa Campos.

O engenheiro Nilson Tadeu Ramos Nunes, chefe do departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Escola de Engenharia da UFMG, complementa que a maioria das rodovias brasileiras tem desenhos muito antigos, deficiência na sinalização, muitas interseções em nível, muitas passagens urbanas e baixa fiscalização na circulação de veículos, principalmente no que se refere aos veículos de carga que trafegam com excesso entre eixos e longas jornadas. “A venda de bebidas alcoólicas à beira da estrada também é outro fator de risco. É preciso repensar a responsabilidade das rodovias federais e os processos de concessão”, afirma.

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A falta de manutenção é um dos problemas mais graves enfrentados hoje pelo sistema rodoviário nacional, de acordo com o engenheiro e coordenador Regional da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), Cesar Cavalcanti. “A ela (falta de manutenção), juntam-se a insuficiência de uma fiscalização rigorosa e a escassez de recursos, que reduz o alcance e a profundidade das medidas necessárias ao aprimoramento das condições de tráfego como, por exemplo, balanças dinâmicas, radares móveis e fixos, painéis de mensagens variáveis, lombadas eletrônicas, câmeras aptas ao OCR e a própria ampliação do efetivo da Polícia Rodoviária Nacional”, avalia.

Outras formas de transporte a serem exploradas – Para tornar o transporte de cargas do país mais atrativas, Cavalcanti sugere que é preciso explorar o potencial da navegação interior, da cabotagem e das ferrovias de longa distância para diminuir o custo dos transportes de cargas volumosas, reduzir o desperdício de combustível fóssil e preservar o meio ambiente da poluição atmosférica que se origina, em grande parte, no setor rodoviário. “Para tanto, essas modalidades precisam ser mais ágeis, seguras e confiáveis, recebendo as melhorias e ampliações de infraestrutura de que carecem, as prioridades operacionais devidas e a eliminação de filas e atrasos nos processos de carga e descarga. O que se presencia, todos os anos, no porto de Santos, com relação ao embarque de soja”, completa.

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