Por Fernando Calmon – “As duas invenções do século, o automóvel e o computador, estão gradualmente convergindo. Precisamos projetar a mobilidade do futuro ainda mais inteligente e conectada”, afirmou Martin Winterkorn, presidente mundial da Volkswagen, ao comentar por que chegou a hora de os fabricantes de carros de massa entrarem de cabeça nessa onda.
Nos últimos anos, as marcas premium alemãs Audi, BMW e Mercedes-Benz investiram nessas tecnologias pois, inicialmente, elas são caras e os seus clientes de maior poder aquisitivo têm como pagar.
Evidente demonstração do irreversível casamento entre carros e informática é o investimento que os produtores de veículos estão despejando em salões internacionais de produtos eletrônicos. Caso da Feira de Eletrônica de Consumo (CES, em inglês), em Las Vegas, EUA, a maior do mundo, literalmente invadida, na edição de janeiro deste ano, por nada menos que 10 fabricantes de automóveis.
Tudo começou em 2007 quando a Ford alugou um pequeno estande de 36 m² para mostrar um sistema de comando por voz desenvolvido em parceria com a Microsoft e batizado de Sync. Este ano mais de 15.000 m² da exposição eram ocupados por marcas que, em princípio, pouco teriam a ver com um salão de eletrônica.
No entanto, o automóvel vem se tornando um notável dispositivo móvel – não portátil, evidentemente – que entre outras vantagens não depende de uma bateria de baixa autonomia como telefones inteligentes ou tabletes.
Qualquer usuário de dados móveis se sente aliviado ao entrar em um carro e saber que pode ser socorrido por energia de fornecimento seguro. No Facebook, maior rede social, o acesso móvel já supera o fixo via PC/Web na média mundial. E ao mesmo tempo os 36 milhões de veículos conectados de hoje vão quadriplicar para 152 milhões até 2020, segundo pesquisa da americana IHS.
Entre as diversas atrações da CES 2015 destacaram-se tecnologias que chegarão nos próximos anos em modelos mais caros. O Audi A7 Concept autônomo rodou 900 quilômetros até estacionar no estande da marca em Las Vegas. BMW mostrou o elétrico i3 que procura vaga e estaciona sem intervenção do motorista. A Mercedes-Benz exibiu o protótipo F 015, sedã autônomo de topo de gama com extenso uso de compósito de fibra de carbono.
Já a Volkswagen, estreante na CES, revelou estratégias de curto, médio e longo prazos. Antes do final do ano, seus modelos vão estrear interfaces de telefones inteligentes com o sistema de infotretenimento a bordo de três fornecedores: Mirror Link, Android Auto (Google) e Car Play (Apple).
Apresentou o carro-conceito Golf R Touch, primeiro médio-compacto a interpretar gestos e convertê-los em comandos. Um exemplo: acenando com a mão em direção ao para-brisa o teto solar pode ser fechado e no sentido oposto, aberto. Em breve todos os instrumentos serão personalizáveis (grafismo, som e iluminação), como em automóveis mais caros. E oferecerá navegação com alternativas de rotas em tempo real e procura automática de vagas em estacionamentos.
A VW também destacou a versão elétrica do Golf com sistema de recarga das baterias por indução, sem plugues e cabos, mas ainda demora alguns anos.