As grandes questões sobre a indústria mundial do aço mobilizaram os principais especialistas internacionais da indústria siderometalúrgica durante o primeiro painel de debates realizado nesta última segunda-feira, no 26º Congresso Brasileiro do Aço, que o Instituto Aço Brasil.
Com coordenação do Conselheiro do Aço Brasil e CEO da Gerdau, Andre Gerdau Johannpeter, o encontro reuniu o diretor geral da Worldsteel Association, Edwin Basson, o consultor Nick Sowar, líder global do setor de metais da Deloitte, Stephen Duck, consultor sênior de matérias primas da CRU, e o Diretor Executivo de ferrosos da Vale, Peter Poppinga.
Edwin Basson lembrou que o FMI vem reduzindo a previsão de crescimento para o mundo, apresentando uma situação que tem gerado pessimismo no setor siderúrgico.
Basson lembrou que, desde 2008, existe um excesso de produção de aço no mundo e que o crescimento do consumo na China é negativo. Segundo ele, já começam a desaparecer as diferenças entre os mercados emergentes e os desenvolvidos.
O especialista encerrou sua apresentação de forma otimista sobre a situação específica dos BRICS: “é importante lembrar que à medida que os países aumentam e investem em suas áreas urbanas cresce o consumo per capita do aço. E é isso que vai acontecer em lugares como o Brasil e a China, onde mais de 1 bilhão de pessoas passarão a viver em cidades”, ressaltou.
Sobre o tema, sempre com destaque para a produção e a atuação da China, o consultor da Deloitte Nick Sowar destacou que o excesso de produção de aço tem afetado a um número cada vez maior de países.
Segundo o especialista, a indústria do aço se encontra em desequilíbrio e grande parte da responsabilidade por essa situação é do país asiático que, nos últimos anos, aumentou suas exportações em 60%.
“Os chineses negam que deem subsídios às empresas do mercado de aço, mas eles continuam concedendo subsídios às companhias de energia. Um outro ponto importante diz respeito à mão de obra, que tem custos mais baixos do que em outros países. Essas são práticas que, definitivamente, contribuem para criar barreiras ao comércio”, revelou.
Já Stephen Duck chamou a atenção para a redução drástica da demanda por aço no mercado interno chinês e para o aumento das exportações pelo país asiático.
O especialista chamou destacou a redução dos impostos e dos salários em importantes províncias chinesas, dois fatores que contribuem para a criação de condições desiguais de competitividade em relação a outros produtores do mundo.
Apesar disso, Duck acredita em um reequilíbrio da indústria global e no crescimento da importância da Índia nos próximos anos.
O Diretor Executivo de Ferrosos da Vale, Peter Poppinga lembrou que o crescimento da produção do aço no mundo está mais lento e que atualmente são produzidos 1,6 bilhão de toneladas, com a China respondendo pela metade desta produção.
Segundo Poppinga, o mundo passa por uma crise com características diferentes da registrada em 2008. “Naquela época, a crise era de liquidez e a que vivemos atualmente é de demanda, o que, certamente, vai gerar uma demora, um pouco maior, para um ajuste”, explicou.
A China também estará na pauta dos debates do Congresso, que terá, ainda hoje uma conferência especial com a economista Haiyan Wang, sócia do Instituto China-Índia.
A Sustentabilidade também receberá destaque no evento, que reunirá a Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, o economista Sergio Besserman e o deputado Carlos Melles, em debate coordenado por Walter de Castro Medeiros, presidente da Thyssenkrupp CSA.