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A polêmica dos estepes compactos

A indústria de pneus é secular e busca permanentemente o aperfeiçoamento de seus produtos. Isso inclui a introdução de novos materiais e tecnologias no processo produtivo, por exemplo.

Maior quilometragem, menor resistência ao rolamento, baixa geração de ruídos, frenagens mais eficientes, desempenho superior em piso molhado. São muitos os avanços alcançados e todos eles muito bem recebidos tanto pela indústria automobilística como pelos consumidores.

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Mas há um tema relativamente recente e bastante polêmico que agora está mais perto do mercado brasileiro tanto pela chegada de modelos importados como pela produção local de veículos que adotam esta alternativa: o compact spare ou estepes compactos. Poucos temas ligados aos pneus causaram tanta controvérsia e pontos de vista tão distintos.

Voltando um pouco na história, vamos descobrir que a palavra estepe vem do termo inglês step tyre ou “pneu do estribo”. Isso porque os antigos automóveis costumavam trazer o pneu sobressalente (tyre) sobre o estribo lateral (step). O tempo passou, o design dos carros foi aperfeiçoado e teve início a busca por menor peso e por um aproveitamento mais racional do espaço dos automóveis.

Entre as dezenas de soluções propostas pela indústria de pneus, uma das mais interessantes (e polêmicas) são os estepes temporários ou compactos, também chamados de compact spare ou mini spare. São pneus com dimensões diferenciadas, geralmente com larguras de seção bem reduzidas e perfis altos, com diâmetros internos maiores, construídos especificamente para serem usados temporariamente em caso de danos nos pneus rodantes. Identificar um pneu temporário não é difícil: sua nomenclatura carrega a letra “T” antes da dimensão.

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“O assunto é controverso por várias razões. A importância de se ter um pneu reserva é indiscutível, uma vez que os pneus estão sujeitos a danos e consequente inadequação ao uso por falta de pressão. Por outro lado, levar um conjunto roda-pneu a mais nos força e carregar um considerável peso morto dentro do veículo, em tempos de um mercado que exige máxima eficiência energética dos carros. Somamos a esse argumento a questão do espaço demandado para levar este conjunto, quando temos veículos cada vez mais compactos”, explica Rafael Astolfi, gerente de assistência técnica da Continental Pneus Mercosul.

Os pneus temporários têm ganhado força nos últimos anos em nosso país graças às demandas do programa Inovar-Auto do Governo Federal e da crescente exigência dos motoristas brasileiros por veículos econômicos. Com o maior emprego dessa tecnologia veio o aumento das discussões sobre o seu uso.

Há argumentos pró e contra tanto por parte dos consumidores, das montadoras e dos fabricantes de pneus. Favoravelmente, os estepes compactos reduzem o peso do conjunto sobressalente em 60% ou mais, são menos visados por ladrões, podem ser usados mais de uma vez – ao contrário das tecnologias run-flat – substituem os pneus rodantes mesmo em casos de avarias em suas laterais e dificilmente o consumidor precisará adquirir outro pneu temporário durante a vida útil do veículo.

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Do ponto de vista do consumidor, há uma sensação inicial de perda, uma vez que, por ter dimensões menores, o compact spare não pode ser usado para integrar o rodízio tradicional de pneus. Quem roda muito, quando troca os pneus já gastos tem que comprar quatro pneus novos e não três. Já os principais benefícios para quem compra um carro com esta versão de estepe reside no melhor aproveitamento de espaço interno do veículo, permitindo otimizar a área dedicada às pessoas e também às bagagens além da redução do consumo de combustível e da emissão de CO2durante toda a vida útil do veículo.

Os que são contrários aos estepes compactos alegam ainda que eles provocam tendência direcional nos veículos – o que é proposital, em razão do perímetro de rodagem diferente – e também restrições em relação à velocidade.

“Independente dos argumentos, o fato é que nenhuma solução é definitiva: os pneus temporários, as tecnologias run-flat ou mesmo os nossos tão conhecidos pneus sobressalentes iguais aos rodantes (full spare, em inglês) possuem vantagens e limitações”, comenta Rafael Astolfi.

Hoje, nove em cada dez carros vendidos na Grã Bretanha já não utilizam mais o estepe convencional. Segundo Rafael Astolfi, independente das opiniões divergentes, a gradativa substituição do estepe tradicional por alternativas como os compact spares ou pneus com a tecnologia run-flat é uma tendência irreversível.

“Caminhamos a passos largos em direção a veículos de propulsão híbrida, onde os motores e baterias ocupam muito espaço, e também para os veículos autônomos. Pneus sobressalentes full spare definitivamente não se encaixam nesse perfil”, conclui o especialista da Continental Pneus.

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