O ONSV (OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária) apresentará, durante evento da Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro, em Brasília, nesta quinta, dia 22 de outubro, uma nova proposta para formação teórica de condutores no Brasil – novo currículo, bem como um novo referencial teórico para que os instrutores de CFC (Centro de Formação de Condutores) possam acessar e trabalhar na formação de jovens condutores. O evento conta com apoio da AND (Associação Nacional dos Detrans).
O novo “modelo curricular” é resultado de um estudo realizado pela entidade de segurança viária, durante todo o ano de 2015, que propõe uma reformulação dos conteúdos do cursos/aulas teóricas, na forma em que eles são repassados e cobrados do aluno no processo de aprendizagem para a condução de um veículo.
A ideia é apresentar o material, de forma inédita, a representantes dos 27 DETRANS – Departamentos de Trânsito do país.
Esse estudo do OBSERVATÓRIO integra a segunda etapa do novo processo de formação dos condutores no país. Na primeira fase, em 2014, a entidade revisitou a formação de motoristas e motociclistas de maneira geral buscando construir uma proposta de qual condutor desejamos nas ruas de nosso país; e agora se fixou de forma específica a aprofundar todos os conteúdos que compõem o processo de formação para alcançar esse motorista “ideal”.
De acordo com a entidade, só é possível repensar e melhorar o processo de formação dos motoristas, analisando o conteúdo, a escola – CFCs, os instrutores e o Sistema Nacional de Trânsito, que interferem diretamente no processo.
A proposta dos novos conteúdos segue um referencial já adotado em países da União Europeia, no qual os temas são trabalhados de forma pedagógica, num processo que alinha cada etapa do aprendizado (os conhecimentos e habilidades do aluno, os conhecimentos e riscos envolvidos no ato de dirigir e a auto avaliação – chama o aluno a refletir sobre como ele escolhe agir em cada situação do trânsito).
O OBSERVATÓRIO desenvolveu também um banco de conteúdos para os motoristas que buscam a formação na Carteira Nacional de Habilitação tipo “B”.
Esse banco ou currículo conta com 23 matrizes pedagógicas, que nada mais são que 22 temas gerais a serem trabalhados com os alunos dos centros de formação na etapa do curso teórico (podemos exemplificar entre eles: normas e regras de circulação e manobras, conceitos de Direção Defensiva e implicações do estado físico e psicológico do condutor na direção); e 22 temas específicos (controle de velocidade, distância de segurança e ultrapassagens, entre outros).
A grande mudança no processo está na forma de tratamento ou abordagem dado aos conteúdos. Foi adotado um modelo que considera a definição de objetivos educacionais em quatro níveis de conhecimento para a aprendizagem da condução: os níveis mais baixos (1 e 2) compreendem aspectos cognitivos, operacional e tático (controle do veículo, velocidade, direção e posição), o Nível (3) está ligado a fatores motivacionais e emocionais relacionados com a condução; e, no último nível (4), está relacionado aos motivos pessoais e tendências, crenças, auto avaliação e habilidades sociais.
Segundo a coordenadora do estudo, a educadora Roberta Mantovani, responsável pela Área de Educação do OBSERVATÓRIO, existe um consenso que precisamos de um novo condutor nas ruas e para isso, precisamos propor revisões, alterações na legislação, nas relações pedagógicas durante a formação, na metodologia, nas ferramentas e propor novos parâmetros curriculares; porém esse tema precisa entrar na pauta social e política como tema prioritário, uma vez que ao privilegiar a formação e segurança do condutor, estamos priorizando a vida.
“Num país com índices de acidentes tão elevados, somos o quarto país que mais mata no trânsito, pouco se debate sobre a formação que é decisiva para mudar esse cenário de violência no trânsito”, argumenta. E o fato dos acidentes acontecerem majoritariamente com o público jovem, com o condutor recente, é que precisamos, de forma urgente, implantar essas mudanças.
A apresentação do “novo currículo” acontecerá na Câmara dos Deputados, no Anexo IV, 10º andar, Restaurante Senac – Salão Principal, a partir das 8h e deve se estender até às 10h, durante um café da manhã.
O evento é coordenado pelo deputado Hugo Leal (PROS-RJ), presidente da FPTS e autor da Lei Seca, e contará também com as presenças do presidente do OBSERVATÓRIO, José Aurelio Ramalho e do diretor-técnico da entidade, Paulo Guimarães, além da pedagoga Roberta Mantovani.