Na última terça-feira, dia 29, na Costa dos Corais, região localizada no litoral nordeste do Brasil entre os estados de Pernambuco e Alagoas, o peixe-boi fêmea Branca foi devolvido ao seu habitat natural em uma ação realizada pela Base Avançada do Centro de Mamíferos Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CMA/ICMBio) com apoio da Fundação Toyota do Brasil. A soltura efetuada no Rio Tatuamunha, em Porto de Pedras, Alagoas, foi a terceira de 2015, chegando a marca de 41 indivíduos reintroduzidos à natureza, desde 1994.
A espécie, que está classificada na Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção na categoria “Em Perigo” (EN), contabiliza cerca de 1000 peixes-boi entres Alagoas e o Amapá. Segundo especialistas, a perda de habitat e o encalhe de filhotes são as principais ameaças de extinção.
“Essa atividade é muito estratégica, pois visa reintroduzir a espécie, reconectando as duas populações isoladas e proporcionando também um fluxo gênico. Isso reduz as chances de extinção”, explica Iran Normande, responsável pela Base do CMA.
Branca foi resgatada, em 2011, ainda filhote na Praia de Areias Alvas, no Rio Grande do Norte, sendo alocado na Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (AQUASIS). Após estabilização clínica foi translocada para o Centro de reabilitação do CMA de Pernambuco.
E, em 2014, foi transportada para o estuário do Rio Tatuamunha, em Alagoas, onde permaneceu para processo de readaptação ao ambiente natural. No cativeiro de aclimatação, o peixe-boi pode se adaptar às variações de maré e salinidade e, ainda, a conviver com outros organismos, aumentando suas chances de sobrevivência após a soltura.
O programa de Manejo para Conservação do Peixe-boi foi criado em 1994 a partir da reintrodução dos peixes-boi Astro e Lua em Paripueira, Alagoas. Até o momento, ocorreram 20 translocações de outras áreas, 41 animais reintroduzidos na natureza entre os estados de Alagoas e Paraíba.
O município de Porto das Pedras, em Alagoas, é a principal área de soltura no país por meio da Base Avançada do CMA, que executa a adaptação, soltura e monitoramento destes indivíduos. O objetivo é recolonizar áreas ocupadas no passado, reconectar populações isoladas entre os estados de Alagoas e Pernambuco e aumentar a variabilidade genética destas populações, protegendo-as da extinção.