O presidente da ZF América do Sul, Wilson Bricio – que é também Presidente da Associação Brasil Alemanha de Engenheiros, VDI-Brasil – defende a necessidade constante de investimentos em qualificação técnica da indústria, com o objetivo de acelerar o necessário processo de retomada da competitividade brasileira.
Com foco no setor automotivo, o executivo participou recentemente do Painel dos Presidentes durante o 24º Congresso e Mostra Internacionais SAE Brasil de Tecnologia da Mobilidade.
No painel foram discutidos assuntos como conectividade, Indústria 4.0, processos de melhoria contínua e a importância da qualificação na engenharia. O encontro teve como tema central “A Produtividade e Tecnologia: A nova Revolução na Indústria da Mobilidade”. Ao lado de Wilson Bricio, participaram do encontro o diretor de planejamento da VW, Celso Placeres, presidente da Toyota, Koji Kondo, o presidente e CEO da Scania, P.O.Svelund e o presidente da Navistar, José Eduardo Luzzi.
Wilson Bricio chamou a atenção sobre a criticidade da competitividade na indústria brasileira, enfatizando a necessidade de maior qualificação técnica e fomento a inovação no Brasil, e falou sobre o novo momento da empresa: “No ano em que comemoramos 100 anos, concluímos a aquisição da TRW e nos tornamos a terceira maior indústria de autopeças do mundo. A ZF deu um grande passo para garantir sua atualização tecnológica e fazer frente à nova necessidade nesta área com elementos que irão compor a competitividade da indústria automotiva no futuro, entre eles, a eficiência energética, condução autônoma, segurança e conforto”.
Com a aquisição da TRW, a ZF praticamente dobrou de tamanho em termos de faturamento. “São duas empresas complementares. No Brasil, enquanto a TRW é 90% voltada para veículos leves, a ZF é 80% voltada para a área de veículos comerciais e fora-de-estrada. Isso faz com que tenhamos um complemento tecnológico extremamente significativo” concluiu Bricio.
O executivo aproveitou a oportunidade para enfatizar a importância sobre o fortalecimento da educação técnica, principalmente dos cursos de engenharia, que considera fator-chave para a retomada da competitividade industrial e pilar para o desenvolvimento, inovação e tecnologia. De acordo com dados apresentados pelo executivo com base no Fórum Econômico Mundial, o Brasil vem caindo no ranking da competitividade.
De 53º lugar em 2011\2012 caiu para 75º lugar em 2015. Além disso, a indústria vem perdendo participação na economia brasileira. Dados do IBGE apontam para 28,1% de participação no PIB em 2010, contra 22% em 2015. Na indústria automotiva os dados de participação no PIB são de 19,2% em 2010, contra 12,8% em 2015.
“São dados que nos levam a criar programas para elevar a qualificação dos funcionários e de nossa cadeia de fornecedores em parceria com o IEL/CNI que, se não apresentarem qualidade global, não terão capacidade de competir. Por isso, precisamos criar um ambiente favorável para o desenvolvimento”, afirmou.
O executivo citou uma agenda de ações que faz parte da MEI – Mobilização Empresarial pela Inovação – da qual a ZF faz parte, como as saídas para enfrentar as dificuldades atuais na área da competitividade no Brasil. Entre elas a necessidade de melhorias no Marco Legal e a necessidade de melhorias no sistema de financiamento à inovação, projetos estruturantes de pesquisa e desenvolvimento, internacionalização das empresas, atração, desenvolvimento e retenção de centros de desenvolvimento no Brasil, fortalecimento das engenharias, além de estímulo às startups e pequenas e médias empresas.
O presidente da ZF apresentou dados da PINTEC – órgão de Pesquisa, Inovação e Tecnologia ligado ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Os dados relativos a 2011 mostram que para 72% das empresas, a falta de pessoal qualificado é um dos principais obstáculos para a inovação industrial. Em outro quadro, demonstrou que o Brasil registrou 1,49 engenheiros por mil habitantes formados entre 2001 e 2010, enquanto a Europa formou 7,55 por mil profissionais da área no mesmo período.
De acordo com o MEC e o IBGE, o Brasil possui aproximadamente 680 mil engenheiros empregados no Brasil, com apenas 54% deles atuando na indústria.
“Esses dados somados mostram que, antes de tudo, precisamos de educação e qualificação em vários níveis, desde os técnicos, até pós-graduados e doutorados. Temos que investir nisso para que todo o resto possa funcionar. Se não investirmos, não teremos condições de competir no mercado global. Precisamos olhar com atenção, pois a indústria 4.0 avança, assim como a “Internet das Coisas”. São movimentos reais que sinalizam a necessidade de pessoas para entender seus sistemas e isso não será questão de querer e sim de precisar”, afirmou.
Não podemos pensar somente no crescimento e na competitividade, mas também na qualificação profissional. De acordo com Bricio, o capital humano é uma das prioridades da ZF, que lançou em 2004 a UniZF – Universidade ZF, que prepara e qualifica profissionais em cursos e treinamento. Em 2014 foram aproximadamente 4.500 participantes.