As mortes no trânsito no Brasil cresceram cerca de 2% em 2014 em relação a 2013, saltando de 42.266 para 43.075 nas vias e rodovias do país.
Esse número inédito divulgado pelo OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, a partir de análise no Banco de Dados do DataSUS, disponibilizado em janeiro de 2016, representa uma ruptura na sequência de redução da violência no trânsito, que não era esperada após a queda dos acidentes no período anterior (2012/2013), quando o Brasil tinha reduzido em 5% as mortes no trânsito. Vale ressaltar que os dados ainda são preliminares.
Mortes por região: O aumento foi registrado em todas as regiões do país, com destaque para a região Sudeste, que apresentou um número de mortes 4,0% maior na comparação 2013-2014, seguido pela região Norte (+1,7%), Centro-Oeste (+1,0%), Nordeste (+0,8%) e a Sul (+0,2%) ficou com praticamente o mesmo número.
Em uma análise estadual, os aumentos mais significativos foram verificados no Tocantins (+13,3%), Maranhão (+12,4%) e Ceará (+10,9%). Por outro lado, os estados de Sergipe, Espírito Santo e Pernambuco apresentaram as reduções de maior destaque no número de mortes, respectivamente iguais a -20,0%, -9,8% e -7,0%.
Na região Norte, destaca-se o resultado de Rondônia e Roraima, com reduções da ordem de 3%; entretanto, o estado do Tocantins lidera o ranking de aumento, conforme já mencionado.
Na região Nordeste, chama-se a atenção para as reduções expressivas ocorridas nos estados de Sergipe – a maior em todo o país – e em Pernambuco e no Rio Grande do Norte, ambas em torno dos 7%.
Na região Sudeste, o Espírito Santo foi o único Estado a apresentar queda no número de mortes na comparação com o ano anterior.
Na região Sul, Paraná e Rio Grande do Sul tiveram resultados favoráveis, porém o aumento ocorrido no estado de Santa Catarina resultou em um cenário desfavorável para a região.
No Centro-Oeste, o estado do Mato Grosso foi o único a apresentar valores mais favoráveis em 2014 – com uma queda de em torno 5%, ao passo que todos os demais estados da região tiveram um aumento do número de mortes no trânsito.
Mortes por modal Em relação aos modos de transporte, os resultados mais positivos em termos de segurança viária parecem estar centrados nos pedestres e ciclistas, para os quais o número de mortes resultou 4,5 e 2,6% menor, respectivamente.
O aumento mais acentuado foi atribuído aos ocupantes de ônibus, para os quais o número de mortes cresceu 32,4% de 2013 para 2014, seguidos dos ocupantes de motocicleta (+2,3%) e automóveis (+1,3%), sendo que o número de mortes de ocupantes de caminhão permaneceu inalterado.
Para o presidente do OBSERVATÓRIO, José Aurélio Ramalho, esses números revelam um cenário de mais atenção a partir de agora. “Começamos o início da segunda metade da Década Mundial de Ações para a Segurança no Trânsito, e o Brasil mostra uma inversão nos avanços que já eram pequenos”, diz Ramalho. Ele lembra ainda que, nos últimos anos os dados preliminares sempre ficam abaixo dos dados definitivos.
Isso nos leva a crer que apesar de iniciativas importantes em prol da segurança viária empreendidas no país nos últimos anos (exemplos: Lei Seca, obrigatoriedade de airbag e ABS nos veículos novos, avanços da política de mobilidade urbana, entre outros) ainda não têm sido suficientes para desencadear uma mudança a curto prazo.
Talvez alguns desses efeitos possam ser sentidos no médio ou longo prazo – porém a alternativa não é esperar. O país necessita urgentemente de medidas mais eficazes para combater o elevado número de mortos e feridos no trânsito.
Sem apontar solução inovadora, o Brasil simplesmente precisa seguir de forma mais efetiva os pilares preconizados pela própria Organização Mundial da Saúde: vias e mobilidade mais seguras, veículos mais seguros, usuários mais seguros, melhor atendimento às vítimas e gestão da segurança viária.
Mortes por segmentos – Variação
MODO | PEDESTRE | CICLISTA | MOTOCICLETA | AUTOMÓVEL | CAMINHÃO | ÔNIBUS | OUTROS |
Variação do número de mortes de 2013 para 2014 | -4,5% | -2,6% | 2,3% | 1,3% | 0,0% | 32,4% | 7,8% |
Mortes por estados e regiões brasileiras – variação
Região | UF | Variação do número de mortes de 2013 para 2014 |
NORTE | Acre | 5,4% |
Amapá | 0,0% | |
Amazonas | 0,9% | |
Pará | 0,4% | |
Rondônia | -3,7% | |
Roraima | -3,3% | |
Tocantins | 13,3% | |
NORDESTE | Alagoas | 5,7% |
Bahia | -4,2% | |
Ceará | 10,9% | |
Maranhão | 12,4% | |
Paraíba | -4,5% | |
Pernambuco | -7,0% | |
Piauí | 6,4% | |
Rio Grande do Norte | -6,7% | |
Sergipe | -20,0% | |
SUDESTE | Espírito Santo | -9,8% |
Minas Gerais | 2,3% | |
Rio de Janeiro | 5,3% | |
São Paulo | 6,9% | |
SUL | Paraná | -3,2% |
Rio Grande do Sul | -1,4% | |
Santa Catarina | 8,6% | |
CENTRO-OESTE | Distrito Federal | 2,4% |
Goiás | 3,7% | |
Mato Grosso | -5,1% | |
Mato Grosso do Sul | 2,3% |