Em todo o globo o mercado automotivo tem passado por uma revolução tecnológica, porém de forma diferenciada na aplicação de novos materiais, sobretudo para os produtos brasileiros.
Exemplo são os novos aços, que têm tornado os veículos mais leves, eficientes e seguros, sem necessariamente encarecer o produto final.
Tal oportunidade é arduamente estudada pelas engenharias, que têm associado os novos aços aos novos produtos. Para tanto, estes materiais necessitam ser especificados em alinhamento às fases iniciais dos projetos veiculares.
Materiais como os alumínios também têm sido modelo para veículos mais leves e começam a despertar atenção de todos para uma proximidade de seu emprego maciço nos veículos.
Outros materiais, como os sinterizados, poliméricos e compósitos, já têm mostrado grande fôlego de se situar neste difícil mercado.
Peças até então definidas como materiais ferrosos e não ferrosos passam a ser focadas neste universo de oportunidades como opção viável e possível. Isto sem contar que as diferentes formas de fixação, como a soldagem, estão fortemente interagindo com estes materiais.
Como podemos identificar estas oportunidades sem antes conhecê-las? Parece uma tarefa fácil, mas não é porque requer das engenharias acompanhar de perto as tecnologias globais, estar atento aos projetos que estão iniciando, saber exatamente o momento de indicação e, então, apostar nestes novos materiais para a construção de um veículo tecnologicamente mais avançado.
Focando o nosso País, diversificado ao extremo em sua natureza automotiva e altamente competitivo diante das dezenas de montadoras instaladas aqui, há enorme potencial de oportunidades que podem fazer a diferença neste mercado.
O segmento automotivo é motivado a mudanças, como as advindas de programas brasileiros como o Inovar-Auto, pela necessidade de superar a concorrência local e se tornar marca e produto de sucesso.
Os novos materiais se situam dentro de cenário de apostas e podem ser avaliados como “um caso de fazer algo diferente” e inovar o produto.
Como exemplo entre as mais diferentes formas já conhecidas há o recente caso da Pick Up em alumínio, que de uma oposta americana se tornou um case de superação e sucesso.
Outro item de projeção tecnológica são os aços estampados a quente (PHS), que têm revolucionado o nosso mercado e, certamente, representam a fórmula certa para atingir os elevados índices de segurança veicular.
Existem ainda exemplos excepcionais. Quando pensaríamos em usar uma engrenagem sinterizada de transmissão no lugar de uma forjada? Isto já é uma realidade. Existem casos que ainda poderiam ser sonhos, mas já são realidades, como a aplicação de compósitos e polímeros em peças de capô, paralamas e até rodas.
Interessante notar que aspectos brasileiros se diferenciam dos globais devido aos nossos volumes, aplicações e disponibilidade local destes materiais. Como a fórmula adotada globalmente não se aplica por aqui, realinhamentos estratégicos precisam ser definidos.
Diante de todo este cenário, ainda desponta a ciência da nanotecnologia, advinda de tecnologias avançadas em processamentos, que atuam em todos estes segmentos de novos materiais, processos, manufaturas e propriedades. Fato é que tais tecnologias farão os materiais serem vistos de uma forma diferente em um futuro próximo.
A discussão é enorme e merece atenção dos especialistas para estes temas, que serão debatidos durante o 9º Simpósio SAE BRASIL de Novos Materiais e Nanotecnologia, no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), em São Paulo, no dia 7 de junho.
* Marco Colosio é o chairperson do 9º Simpósio SAE BRASIL de Novos Materiais e Nanotecnologia.